Mais navios e menos soldados para modernizar as Forças Armadas britânicas

Depois da muito criticada decisão de aumentar o arsenal nuclear britânico, o governo de Boris Johnson apresentou nesta segunda-feira (22) uma estratégia para modernizar suas Forças Armadas que inclui o aumento da capacidade naval e tecnológica, mas também a redução do número de soldados.

O ministro da Defesa, Ben Wallace, apresentará o plano ao Parlamento à tarde, quase uma semana após o Reino Unido anunciar sua decisão de aumentar o teto de seu arsenal nuclear, pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria.

Passará de 180 ogivas nucleares para 260, ou seja, um aumento de 45% que acabará com o desarmamento progressivo empreendido pelo país após a queda da União Soviética em 1991.

A virada, justificada por Londres pela necessidade de “manter um nível mínimo crível de dissuasão” diante de novas ameaças, foi descrita como “hipocrisia” pelo Irã e como dano à “estabilidade mundial e segurança estratégica” pela Rússia.

Esta decisão foi anunciada no final da primeira revisão estratégica em segurança, defesa e política externa realizada desde a entrada em vigor do Brexit, com o fim do período de transição em 1 de janeiro.

As Forças Armadas precisam se adaptar às ameaças que “mudaram ao ponto de ser irreconhecíveis” nos últimos 30 anos, escreveu Wallace na edição de domingo do The Telegraph.

“Não podemos dar como certa a superioridade das forças ocidentais. Nossos inimigos têm infinitamente mais opções”, afirmou. “Somos constantemente confrontados em uma ‘zona cinzenta'” onde “ações agressivas são realizadas abaixo do limite do conflito aberto”, enfatizou.

“Proteger rotas marítimas”

A transformação para fortalecer “a defesa dos interesses britânicos em várias áreas e ao redor do mundo” envolve um aumento da capacidade naval, disse o Ministério da Defesa em um comunicado.

“No mar teremos mais navios, submarinos, marinheiros” e os Royal Marines passarão por uma transformação numa nova unidade denominada “Future Commando Force (FCF)”, explicou.

Esta FCF ficará encarregada de “proteger as rotas marítimas e manter a liberdade de navegação” e receberá mais de 200 milhões de libras (275 milhões de dólares) de investimento direto na próxima década, informou.

Um novo navio de vigilância da Royal Navy entrará em serviço em 2024 com uma tripulação de cerca de 15 pessoas, para proteger os cabos submarinos britânicos e outras infraestruturas.

No entanto, de acordo com a mídia britânica, o plano também prevê uma nova redução do tamanho do exército com 10.000 soldados a menos, para limitar-se a cerca de 70.000, juntamente com um aumento do investimento em novas tecnologias, como robôs e drones, e em guerra cibernética.

No terreno, segundo o ministério, uma brigada de operações especiais será implantada “capaz de operar discretamente em ambientes de alto risco”.

Essa brigada será composta por quatro batalhões. Nos próximos quatro anos, 120 milhões de libras (US$ 166 milhões) serão investidos.

Uma Brigada de Assistência às Forças de Segurança também será criada para assessorar e treinar os países aliados.

O ministro também anunciou mais investimentos para “inteligência, vigilância e reconhecimento, para guerra eletrônica, capacidades de ataque, assim como para melhores sensores e medidas defensivas”.

 

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