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Relatório Otalvora – Foro de São Paulo declara guerra aos Estados Unidos


Líderes da esquerda continental, em 04DEZ2016, em Santiago de Cuba. Na segunda fila, Monica Valente, secretária do Foro de São Paulo a coordenadora do  XXVI Encontro do Foro de São Paulo

EDGAR C. OTÁLVORA
17 de Junho de 2023
Diario Las Américas
Miami, USA
@ecotalvora

A presença do Grupo de Puebla nos altos escalões do governo brasileiro será agora acompanhada da inclusão no Supremo Tribunal Federal (STF) de um advogado ligado ao Grupo. Lula da Silva indicou o advogado Cristiano Zanin Martins para preencher uma vaga na mais alta corte brasileira. Zanin e sua esposa Valeska Teixeira Zanin Martins, que se apresenta como “Fundadora do Instituto Lawfare“, foram o núcleo central do grupo de advogados que atuou na defesa nos processos por corrupção seguidos por Lula. O casal Zanin é coautor de um livro em português sobre Lawfare definido como “o uso perverso de leis e procedimentos legais para perseguir inimigos ou adversários e obter resultados ilegítimos“. Essa tese é amplamente tratada como defesa em casos de corrupção de conhecidos líderes de esquerda como o equatoriano Rafael Correa, a argentina Cristina de Kirchner ou o próprio Lula da Silva. O Grupo de Puebla mantém uma equipe de advogados denominada “Conselho Latino-Americano de Justiça e Democracia“, especializada na elaboração de campanhas de propaganda em defesa de lideranças de esquerda envolvidas em casos de corrupção e submetidas a processos judiciais em seus respectivos países.

Embora o casal Zanin não faça parte das equipes diretas do Grupo de Puebla, o grupo publicou diversos trabalhos elaborados pelos Zanin para o caso Lula. Ambos, por sua vez, assinaram documentos emitidos pelo Grupo de Puebla, como o divulgado em 18NOV2019 em relação a funcionários do governo boliviano que se refugiaram na embaixada mexicana em La Paz após a renúncia de Evo Morales.

Em Brasília é dado como fato que o Senado apoiará a indicação feita por Lula, com o qual o Grupo de Puebla já garante uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Os advogados Waleska Martins e Cristiano Zanin Martins, que atuaram na defesa de Lula, apresentam o livro LAWFARE a Lula, junto com o ativista inglês Geoffrey Robertson.

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Alguns dos membros do Grupo de Puebla em altos cargos no Brasil:

Lula da Silva – Presidente do Brasil.

Dilma Roussef – Presidente do “Novo Banco de Desenvolvimento” do BRICS em nome do Brasil.

Celso Amorim – “Assessor Especial” da Presidência, atua como o verdadeiro planejador da política externa brasileira e como operador direto da diplomacia paralela de Lula.

Fernando Haddad – Da lista dos fundadores originais do Grupo de Puebla. Ministro da Fazenda e coordenador da política econômica do governo Lula.

Aloizio Mercadante – Da lista dos fundadores originais do Grupo Puebla. Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Gleisi Hoffman – Presidente do Partido dos Trabalhadores, no poder.

Nota DefesaNet – Para detalhes Grupo de Puebla: Nova estrutura substitui o Foro de São Paulo para a retomada do Poder

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O Grupo de Puebla é a instância VIP da esquerda continental, que prefere se intitular “progressista”. Já o grupo de coordenação interpartidária dessa esquerda, o Foro de São Paulo, terá sua próxima reunião presencial e plenária nos dias 29JUN a 2 JUL20 23  no Brasil.

No documento central que será apresentado no encontro de Brasília, o Foro de São Paulo faz um balanço triunfante da situação política latino-americana: “A iniciativa política está nas mãos das forças populares e dos governos progressistas do continente; O neoliberalismo incoerente e antidemocrático não tem nada a dizer ou propor, e só se consome em seus ataques midiáticos reativos às ideias das forças da esquerda latino-americana. O império conta com o apoio e controle das mídias tradicionais e digitais, que não conseguiram desmantelar os movimentos populares. Os retrocessos parciais que haviam alcançado temporariamente agora se transformaram em vitórias, ou em uma disputa aberta entre a ultradireita neofascista e as amplas frentes democráticas, progressistas e populares que avançam na construção e fortalecimento de coalizões unitárias que têm saído triunfantes”.

Segundo a avaliação do Fórum de São Paulo, a América Latina vive “um momento crucial de resistência e luta continental. À firmeza e avanços de Cuba, Venezuela e Nicarágua, somam-se vitórias eleitorais que, tendo como premissa a unidade programática, frearam o desenvolvimento do neofascismo na região.”

 O Foro de São Paulo reivindica como suas “as vitórias presidenciais no México, Santa Lúcia, Bolívia, Brasil, Colômbia, Honduras, Peru e Chile”. O documento a ser aprovado pela 26ª Reunião da FSP conclui afirmando que “o imperialismo e a extrema-direita fascista estão à espreita como feras feridas. Portanto, a unidade anti-imperialista e anti-neoliberal é um imperativo incontornável como caminho principal para a vitória”.

O documento que os representantes das esquerdas continentais pretendem aprovar em Brasília é um apelo ao confronto com os EUA, apoio à presença crescente da China no continente, que consideram “um fator de estabilidade e equilíbrio para a região“, e apoio aberto à Rússia em seu confronto com a Europa e os EUA. Propõem utilizar a CELAC para uma “integração política” com “maiores níveis de organização a partir do impulso que as forças políticas e os movimentos sociais podem dar”.

A coordenação do Fórum de São Paulo está hoje nas mãos da brasileira Mónica Valente, que já foi responsável por assuntos internacionais do partido de Lula da Silva. As duas reuniões plenárias anteriores do Fórum aconteceram em Havana e Caracas em 2018 e 2019.

Nota DefesaNet

A Agenda do XXVI encontro do Foro de São Paulo

Documento base do XXVI Encontro do Foro de São Paulo

Monica Valente em manifestação pela liberdade de Lula

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Caracas, Manágua e Havana foram as capitais visitadas em um tour de cinco dias pela América Latina realizado pelo presidente do Irã, Seyed Ebrahim Raisi, desde 12JUN2023. No total, foram assinados 35 acordos entre o Irã e os governos visitados, mas o epicentro da visita foi a mensagem política sobre a presença do Irã na vizinhança americana. Em Caracas, Raisi afirmou que a relação com o regime chavista é “estratégica” dados os “interesses e visões comuns, bem como inimigos comuns” numa alusão não tão velada aos Estados Unidos. Em Havana, Raúl Castro fez uma rara aparição para receber o visitante fora das cerimônias oficiais.

Seyed Ebrahim Raisi, presidente do Irã e Nicolas Maduro em Caracas

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Desde sua primeira viagem a Caracas para entregar credenciais diplomáticas a Nicolás Maduro, o embaixador de Gustavo Petro viaja entre a Venezuela e a Colômbia em voos fretados privados e não em voos oficiais ou comerciais.

Após ser empossado pelo Petro em 24AGO2022, Benedetti chegou a Caracas quatro dias depois. A missão diplomática colombiana na Venezuela estava fechada desde 23FEV2019, quando seus integrantes foram expulsos por Maduro.

Por isso, dois funcionários da chancelaria colombiana, o embaixador Luis Fernando Cuartas Ayala e o ministro plenipotenciário German Castañeda Benavides, viajaram a Caracas para cumprir as formalidades de posse de Benedetti na missão colombiana e apoiá-lo em suas atividades oficiais perante o regime. Mas enquanto Cuartas e Castañeda viajaram para Caracas em voos comerciais via Panamá, o embaixador do Petro o fez a bordo de uma aeronave King Air 350 com matrícula colombiana HK4603, em voo charter privado, acompanhado de sua esposa Adelina Guerrero, seu irmão Camilo e um de seus assistentes durante a campanha eleitoral foi a jornalista Lorena Arboleda. Benedetti deixaria a Venezuela dois dias depois, com destino à costa colombiana, em outro voo fretado. Naquela época, parecia que a urgência com que Petro queria restabelecer as relações com Maduro fez com que a Colômbia enviasse seu embaixador em um voo fretado incomum na ausência de rotas comerciais diretas. Já desde então, este Relatório informava sobre os notórios interesses de Benedetti em acelerar negócios com o regime chavista nos quais estariam envolvidos empresários e políticos da costa caribenha colombiana, entre eles Nicolás Petro Burgos, filho do atual presidente da Colômbia.

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A aeronave em que Benedetti fez sua estreia na Venezuela pertence à frota da empresa colombiana Helistar, empresa que prestou serviços à campanha do Petro da qual Benedetti foi o articulador político. Quebrando as regras usuais para o pessoal diplomático de qualquer país, durante os dez meses em que foi embaixador em Maduro, Benedetti fez constantes viagens para fora da Venezuela para atividades fora de sua responsabilidade, todas em voos fretados. Segundo a emissora WRadio de Bogotá, nos primeiros cinco meses de 2023, o ex-senador uribista que se tornou embaixador do governo de esquerda, fez quinze viagens fretadas entre Barranquilla, na Colômbia, e o aeroporto de Maiquetía, na Venezuela. Nelas estava acompanhado, entre outros passageiros, por sua aparente companheira sentimental, a parlamentar Saray Robayo, ex-sogro Carlos Dada, seus filhos menores, empresários do litoral e pela empregada doméstica Marelbys Meza. A senhora Meza era funcionária da casa de Benedetti em Bogotá, participou de spots publicitários na campanha petrista e depois tornou-se babá na casa de Laura Sarabia, chefe de gabinete do Petro. Benedetti disse ao jornalista colombiano Daniel Coronell que essas viagens foram financiadas por “alguns amigos de Barranquilla”.

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Um suposto roubo de dinheiro na casa da poderosa Sarabia e o sequestro e interrogatório da babá, revelados em 27MAIO2023, pela revista Semana, desencadearam um escândalo ainda inacabado nas alturas do governo Petro. Entre outras questões, foi exposta uma luta pelo poder entre o poderoso secretário de Petro e seu ex-chefe Benedetti. Em 23FEV2003, Petro informou que ambos deixariam o governo após terem exigido que apresentassem suas renúncias. Sarabia deixou seu cargo na Casa de Nariño sede dapresidência da Colômbia, no mesmo dia. A resolução ministerial pela qual o Chancelaria aceitou a renúncia de Benedetti estabelecia o dia 23JUN2023 como data para o término de sua missão em Caracas, mas o embaixador deixou a Venezuela em 22MAI2023 e desde então tem viajado para os Estados Unidos e Europa. O governo americano suspendeu o visto de Benedetti após a última entrada no país

A Embaixada da Colômbia em Caracas está sob o controle da Chancelaria por meio de um Encarregado de Negócios, cargo atribuído a German Castañeda, que já chefiou essa missão no passado, aguardando a nomeação de um novo Embaixador do Petro contra o regime chavista.

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O Grupo de Puebla continua sua rápida conquista de cargos relevantes nos governos do Continente. Em 12JUN2023, Marcelo Ebrard apresentou sua renúncia ao cargo de secretário de Relações Exteriores do governo de Manuel López Obrador.

Ebrard aspira à Presidência do México e renuncia para se dedicar integralmente à candidatura à candidatura do partido Morena. No dia seguinte, em seu programa matinal, López Obrador anunciou que a substituição de Ebrard a partir de 23JUN2023 será Alicia Bárcena, que atualmente é embaixadora de seu país no Chile. Bárcena faz parte da organização continental de esquerda Grupo de Puebla, fundada em 2019, e que tem entre seus fundadores Maximiliano Reyes, que atua como chefe do Ministério das Relações Exteriores do México para a América Latina.

Alicia Bárcena, foi entre 2008 e 2022, a Secretária Executiva da CEPAL, organização da ONU voltada para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe. Apesar de sua condição de oficial da organização internacional, Bárcena participou ativamente dos eventos do Grupo de Puebla e fez proselitismo em favor de seus amigos da esquerda continental. Recorde-se que em 2016 emitiu um comunicado da página da CEPAL atacando o sistema judiciário brasileiro pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff. Nesse mesmo ano, ele foi para Havana para receber um doutorado honorário. A nomeação de Bárcena à frente da diplomacia mexicana foi rapidamente bem recebida pelas ditaduras da Venezuela e de Cuba.

Aliás, Bárcena, tal como aconteceu em 2016, é uma das candidatas a secretária-geral da ONU quando deve ser escolhido um substituto para o português António Guterres em 2026. A partir de agora há uma forte pressão internacional para que o cargo seja ocupado por uma mulher e provavelmente latino-americana. Outra que está listada nas pools é a equatoriana María Fernanda Espinosa, que foi ministra das Relações Exteriores e ministra da Defesa nos governos do esquerdista Rafael Correa.

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