Comentário Gelio Fregapani – Os conflitos e as revoluções

Os conflitos e as revoluções

 

Gelio Fregapani


Segundo a moderna ciência da Polemologia os conflitos se originam de divergências irreconciliáveis entre grupos com potencial de alguma forma equivalentes, pois quando há uma força esmagadora de um dos contendores não chega a haver um verdadeiro conflito.

Os conflitos podem escalar desde a hostilidade verbal, para as formas mais violentas, chegando mesmo a guerra total como também pode diminuir de intensidade, mas costumam apenas terminar apenas com a vitória de uma das facções, com o esgotamento de ambos os lados, pela solução das divergências ou ainda por imposição de uma força superior.

Quando uma das facções é o poder oficialmente dominante e a outra a oposição, o conflito passa a ser chamado de revolta, ou conforme o vulto, de revolução, mas além do grupo oficial e do grupo rebelde existe uma opinião pública ainda não engajada, que pode oscilar para um lado ou para outro e muitas vezes é decisiva para vitória de um dos partidos.

Prosseguindo em nosso aprofundamento, evidencia-se uma certa analogia entre a classe socioeconômica que a provoca e a violência das revoluções. Assim, quando o motor de uma revolução for a classe mais elevada a revolução tende a ser palaciana, com pouco ou nenhum derramamento de sangue, popularmente chamada de golpe de Estado.

As classes médias somente lideram revoluções quando o grupo oficial ameaça demasiadamente seus bens e seus valores e como esses fatores envolvem fortes emoções é comum a ocorrência de maior grau de violência, podendo escalar para o embate bélico, cujo resultado tende a ser influenciado mais pela adesão do grupo oscilante.

Já as classes mais baixas dificilmente iniciam uma revolução e quando o fazem costumam ser lideradas por elementos de classes mais elevadas.  É de conhecimento público que quando as classes mais baixas dão as cartas as revoluções costumam ser muito sangrentas.

É fácil deduzir que a nossa conjuntura reúne todas as condições necessárias para a eclosão de um conflito em grandes proporções: as divergências irredutíveis e a forças muito reativas aparentemente equivalentes, agravado porque ambos os adversários se sentem em condições de vencer.

O leitor já terá percebido que no nosso caso existe certa confusão nos conceitos clássicos; pois o grupo oficial (quem realmente manda) não é o Presidente, mas o STF. Assinale-se que os apoiadores do Presidente (a opinião pública) coloca-se quase inteiramente contra ao grupo oficial (STF) e pede pouco mais que um “concordo” presidencial para neutralizar a suprema corte a força.

Essa sentiu a ameaça pois até contratou seguranças  com o efetivo de um batalhão e comprou armamento de última geração e munição que ultrapassa o limite do razoável. É óbvio que o STF não está seguro que as Forças Armadas o defenderão, por mais legal que isso pareça.

Poderíamos perguntar por que ainda não houve a tal revolta das massas se o cenário está pronto :   A resposta óbvia seria porque o líder das massas dispostas a se revoltarem, não as autorizou. Certamente ele ( o Presidente) espera, além de ser reeleito, obter maioria no Congresso e mesmo mudar a   composição do STF para conseguir implantar seus programas, enquanto seus adversários sabotam as iniciativas presidenciais, procuram uma brecha na legislação que possa tornar o Presidente inelegível e talvez, temos o direito de supor, procuram montar uma fraude capaz de derrotá-lo eleitoralmente.

Baseados na conjuntura descrita podemos levantar alguns cenários possíveis; um deles seria que, derrotada a reeleição, sob alegação de fraude, o Presidente incentive a “neutralização” do STF a ser feita pelas massas revoltadas.

Para  este caso o STF já  preparou seu “batalhão” de seguranças bem armados que têm condições de defender os espaços da suprema corte de investidas populares e eles ainda pensam que Forças Armadas teriam obrigação de os proteger, o que seria duvidoso de acontecer, pois  por mais legalistas que os militares sejam, dificilmente se encontraria entre eles gente disposta a cumprir essa missão. Outro cenário possível seria o Exército resolver, por ordem a casa, em qualquer das fases desse imbróglio.

Neste caso cessa tudo o que a antiga musa canta… e as decisões serão dadas pela “ULTIMA RATIO REGIS”.

Já vimos este filme. Que ao menos as decisões sejam acertadas. Todos instintivamente sabemos que qualquer forma de governo pode ser boa (menos o comunismo) dependendo da qualidade dos Governantes.

Gelio Fregapani

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