AVIBRAS – Carta entregue pelo Sindicato Metalúrgicos ao Presidente da República

O presidente do Sindicato do Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Gonçalves, entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma carta solicitando que o Governo Federal interceda em favor dos trabalhadores da Avibras, que estão há um ano sem salários, e da Embraer, que desde 2017 estão sem convenção coletiva.

Lula esteve em São José dos Campos, nesta sexta-feira (26ABR2024), para participar da cerimônia de entrega de uma aeronave da Embraer para a companhia aérea Azul. O evento aconteceu na matriz da fabricante de aviões. Weller Gonçalves foi convidado a ficar no palco da cerimônia.

No documento, o Sindicato expôs a grave situação vivida pelos trabalhadores da Avibras. Eles estão em greve desde setembro de 2022, em razão dos constantes atrasos salariais. As dívidas trabalhistas chegam a R$ 14,5 milhões.

“Apelamos ao Governo Federal para que interceda em favor dos trabalhadores, de forma a garantir a regularização dos salários e a manutenção dos empregos. Um caminho para essa regularização seria a antecipação do pagamento do contrato de R$ 60 milhões assinado entre a Avibras e as Forças Armadas Brasileiras”, diz um trecho da carta, assinada por Weller.

Há mais de dois anos o Sindicato luta pela estatização da Avibras, como forma de manter a fábrica em operação, preservar os empregos e colocá-la a serviço do Brasil.

Na carta endereçada ao presidente Lula, Weller também relata o fato de a Embraer se recusar a assinar a convenção coletiva dos metalúrgicos, deixando os trabalhadores da fábrica sem a garantia de direitos conquistados ao longo de décadas.

“Como ex-dirigente sindical e atual presidente da República, V. Exa. tem a dimensão da gravidade dessa postura da Embraer, empresa que comemora lucros em alta (crescimento de 55% no quarto trimestre de 2023) e recebe recursos do BNDES (R$ 10 bilhões, em 2023)”, conclui Weller.

Para colocar a situação dos trabalhadores das duas fábricas em discussão, na carta o Sindicato pede a Lula o agendamento de audiência.

Abaixo, segue a íntegra da carta:

São José dos Campos, 26 de abril de 2024.

Exmo. Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Brasília – DF

Gostaríamos de chamar a atenção de V. Exa. para questões envolvendo duas importantes
indústrias da nossa região: Embraer e Avibras. São empresas que, apesar do relevante papel que
desempenham para o Brasil, estão em dívida com seus trabalhadores. É sobre isso que queremos
tratar.

A Avibras, principal indústria brasileira do setor de Defesa, está à venda. O processo está em fase de negociação com a australiana DefendTex. Caso a venda se confirme para o capital estrangeiro, o Brasil perderá uma empresa com alta capacidade industrial e tecnológica e integrante do Programa Espacial Brasileiro.

Apesar de sua inquestionável importância, a Avibras – certificada pelo Ministério da Defesa como estratégica para o Brasil – está em recuperação judicial e deve um ano de salário para seus 1.200 funcionários. Eles estão em greve desde setembro de 2022, em razão dos constantes atrasos
salariais. As dívidas trabalhistas chegam a R$ 14,5 milhões.

Apelamos ao Governo Federal para que interceda em favor dos trabalhadores, de forma a garantir a regularização dos salários e a manutenção dos empregos. Um caminho para essa regularização seria a antecipação do pagamento do contrato de R$ 60 milhões assinado entre a Avibras e as Forças Armadas Brasileiras.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região defende a estatização da Avibras, que, assim, seria reerguida, preservada e colocada a serviço do país.

Queremos também expor a realidade dos trabalhadores da Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo. Desde 2017, a empresa não assina convenção ou acordo coletivo de trabalho.

Como ex – dirigente sindical e atual presidente da República, V. Exa. tem a dimensão da gravidade dessa postura da Embraer, empresa que comemora lucros em alta (crescimento de 55% no quarto trimestre de 2023) e recebe recursos do BNDES (R$ 10 bilhões, em 2023). Essa situação será inclusive pauta de reunião, no dia 6 de maio, entre as diretorias do BNDES e deste Sindicato.

Diante do exposto, solicitamos o agendamento de uma audiência com V. Exa. para que esses assuntos sejam tratados com maior profundidade.

Certos de podermos contar com vossa atenção, aguardamos a resposta.

Weller Gonçalves
Presidente
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região


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