No dia 20, Donald Trump assumiu novamente a presidência dos Estados Unidos, marcando o início de um segundo mandato que já provoca intensas reações, tanto dentro quanto fora do país. Veículos de comunicação alinhados ao movimento Woke, conhecidos por sua postura progressista, rapidamente intensificaram suas críticas, descrevendo o novo governo como uma ameaça sem precedentes à democracia e aos direitos civis.
A cobertura jornalística, especialmente nos Estados Unidos, adota um tom de alarme, sugerindo um futuro de retrocessos políticos e sociais. No Brasil, a reação da imprensa segue na mesma linha, replicando análises pessimistas e por vezes sensacionalistas de seus pares americanos, o que reflete uma convergência ideológica entre setores da mídia progressista de ambos os países.
A Narrativa Apocalíptica
A reeleição de Trump reacendeu temores na mídia sobre possíveis ataques a instituições democráticas. Termos como “ameaça autoritária”, “retrocesso civilizatório” e “polarização extrema” são frequentemente usados, tanto em editoriais quanto em reportagens. Veículos como The New York Times e The Guardian, bem como portais brasileiros como Folha de S.Paulo e O Globo, têm pintado um quadro sombrio, enfatizando possíveis impactos negativos em questões como direitos das minorias, mudanças climáticas e relações internacionais.
Enquanto críticas fundamentadas fazem parte do papel do jornalismo, o tom alarmista muitas vezes ignora o papel dos mecanismos democráticos que limitam o poder presidencial nos Estados Unidos. Além disso, falta uma análise mais profunda sobre por que Trump continua a mobilizar uma base de apoio tão ampla, que vê nele um representante legítimo de suas insatisfações econômicas e culturais.
A Reação da Mídia Brasileira
No Brasil, a cobertura da volta de Trump ecoa a visão dos grandes veículos americanos, reforçando a narrativa de que seu governo trará desastres globais. Artigos opinativos e análises políticas publicadas por veículos como a Folha de S.Paulo e o Estadão destacam potenciais impactos negativos para o Brasil, principalmente em temas como meio ambiente e relações comerciais.
No entanto, grande parte dessa cobertura parece negligenciar uma análise mais contextualizada. O alinhamento automático com a postura crítica de parte da imprensa americana dá pouca margem para discutir as nuances das políticas de Trump ou os possíveis benefícios que sua gestão pode trazer para países com economias emergentes, como o Brasil.
Distorções e a Falta de Equilíbrio
A abordagem alarmista, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, muitas vezes distorce a realidade ao exagerar riscos e minimizar contrapesos institucionais. A insistência em previsões catastróficas desconsidera, por exemplo, o papel do Congresso, do Judiciário e da sociedade civil na contenção de medidas extremas.
Além disso, o foco constante no discurso do medo pode alienar ainda mais os eleitores conservadores, que veem na imprensa um inimigo político em vez de uma fonte confiável de informação. Esse fenômeno aprofunda a polarização e enfraquece o papel essencial da mídia como mediadora do debate público.
O Papel do Jornalismo no Contexto Atual
O retorno de Trump à presidência representa, de fato, um desafio para muitos valores defendidos pelo movimento Woke e setores progressistas da sociedade. No entanto, é fundamental que o jornalismo resista à tentação do alarmismo e busque informar com rigor e imparcialidade. A construção de um debate público saudável exige análises equilibradas, que apresentem tanto os riscos quanto as oportunidades de um novo mandato de Trump.
No Brasil, a imprensa tem um papel crucial na interpretação desse cenário internacional, mas deve evitar ser mero reflexo da narrativa americana. Uma análise independente, que considere as implicações específicas para o contexto brasileiro, seria mais útil para o público e mais condizente com o papel da mídia em uma democracia.
A ascensão de Trump ao poder reacendeu a polarização política e trouxe à tona profundas divisões ideológicas. No entanto, o sensacionalismo que tem marcado a cobertura da imprensa, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, ameaça reduzir a qualidade do debate público. Mais do que nunca, o momento exige um jornalismo que vá além do medo e da militância, oferecendo informações equilibradas e análises criteriosas sobre o impacto de sua presidência no mundo.