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Rússia e Ocidente fazem cabo de guerra pela Ucrânia

Lyse Doucet

Quando o rei Ludwig I da Bavária abriu esse hotel magnífico em Munique, em 1841, ele disse que queria "um lugar confortável para seus hóspedes ficarem".

Ele nunca poderia ter imaginado que as instalações suntuosas de seu Bayerischer Hof poderia uma dia ser o palco elegante de uma guerra de palavras sobre a Ucrânia.

Em sessões públicas e encontros privados, a batalha diplomática e política pela Ucrânia é uma dos assuntos principais da Conferência de Segurança de Munique – que completa seus 50 anos de existência.

Aquele que é dos primeiros encontros na agenda anual de líderes mundiais e diplomatas trouxe protagonistas de todos os lados para Munique. Enquanto isso um cabo de guerra pela aliança com Kiev é travado com uma brutalidade tão chocante nas ruas da capital ucraniana que chega a ser comparado a batalhas medievais.

O secretário de Estado dos Estados Unidos chamou o processo de "luta pela democracia".

"Enquanto há elementos desagradáveis nas ruas de qualquer situação caótica, a vasta maioria dos ucranianos querem viver suas vidas livres em um país seguro e próspero", afirmou ele em uma sessão.

Oferta na mesa

Menos de uma hora antes, o chanceler russo Sergei Lavrov usou o mesmo palanque para uma pergunta à audiência: "O que a incitação de protestos violentos nas ruas tem a ver com a promoção da democracia?"

E se houvesse alguma dúvida do comprometimento do Ocidente com a Ucrânia, a manhã começou com o presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy anunciando: "O futuro da Ucrânia está com a União Europeia".

"A oferta ainda está na mesa", afirmou.

No ano passado um acordo de aproximação com a União Europeia foi descartado pelo presidente Victor Yanukovych logo após o país receber apoio financeiro e ser pressionado por Moscou – que se interessa em manter seu antigo aliado da Guerra Fria sob sua saia.

Líderes opositores ucranianos vieram a Munique para dizer a seus apoiadores ocidentais que palavras, apesar de bem vindas, não são suficientes.

Arseniy Yatsenyuk me disse que eles querem um "Plano Marshall, não Lei Marcial" – que ele teme que possa ser imposta pelo governo.

Ele falou de uma economia "em colapso" e um sistema político com uma constituição que deu a presidente poderes que se assemelham "a poderes de um ditador, não de um presidente eleito".

Ele alertou ainda que há "um risco muito alto da tensão se elevar".

Ameaça de golpe

Nesta semana o ministro da Defesa da Ucrânia, em uma declaração rara, pediu ao presidente que controle a situação e alertou sobre a possibilidade de uma divisão do país.

Yatsenyuk classificou a declaração como uma ameaça de golpe e alertou que "os responsáveis por isso podem facilmente conseguiu uma passagem só de ida para Haia". Ou seja, isso poderia ser o equivalente a um crime de guerra.

Uma condenação e uma advertência também vieram do secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental) Anders Fogh Rasmussen.

Ele me disse que "lamenta profundamente o uso excessivo de força por forças de segurança ucraniana". Rasmussen também ressaltou que termos para uma Comissão Otan-Ucrânia necessitam que "os militares permaneçam neutros".

Neutralidade está faltando em Munique enquanto lados rivais se enfrentam com a retórica.

O chanceler ucraniano Leonid Kozhara também está aqui com uma narrativa diferente do caminho dramático de seu país em direção à violência.

Arseniy Yatsenyuk disse que ele não é um "mestre em discursos". Mas, no espírito da conferência de segurança, o ministro de relações exteriores deve expor seu ponto.

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