Putin descreve à imprensa as relações internacionais da Rússia

Hoje o presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu uma coletiva de imprensa para jornalistas nacionais e estrangeiros. Pela primeira vez, o evento não se realiza no Kremlin, mas no Centro de Comércio Internacional (CCI), em Moscou.

Texto atualizado às 20:55, hora de Moscou

Putin fala das relações internacionais da Rússia

Uma parte importante da coletiva de imprensa de Vladimir Putin foi dedicada às relações internacionais. O fio condutor foi a Lei Magnitski aprovada nos EUA e a reação da Rússia a essa medida. Houve vários jornalistas a formularem perguntas ao presidente relacionadas com esse tema. No entanto, os correspondentes também se interessaram por outros problemas no diálogo de Moscou com os seus parceiros estrangeiros.

A primeira pergunta colocada a Vladimir Putin na coletiva estava relacionada com a chamada lei de Dima Yakovlev. Esse nome foi atribuído ao documento que foi aprovado na véspera em segunda leitura pela Duma de Estado. Esse ato legislativo, que introduz limitações à adoção de crianças russas por cidadãos norte- americanos, foi uma reação à Lei Magnitski. De acordo com Putin, essa resposta, apesar de emocional, foi bastante adequada. Entretanto, o presidente sublinhou que a lei de Dima Yakovlev “não é uma reação aos pais adotivos dos EUA, mas sim ao trabalho das autoridades estadunidenses”.

Mikhail Remizov, presidente do Instituto de Estratégia Nacional, concorda com essa análise:

“Quanto à Lei Magnitski, se trata indiscutivelmente de uma lei discriminatória relativamente à Rússia. É uma lei sem precedentes, visto que se trata da tomada de decisões bastante sérias: o arresto de ativos sem qualquer sanção judicial, apenas com base em decisões políticas. Decisões com um caráter estritamente político e que também o são formalmente, pois foram iniciativa de um congressista e aprovadas por um secretário de Estado, e não por um representante do poder judicial.”

O correspondente georgiano perguntou a Putin por que razão a água mineral Borjomi e os vinhos georgianos ainda não regressaram ao mercado russo. Na pergunta, o jornalista referiu que a Rússia deveria levantar a proibição da importação de produtos georgianos no âmbito do cumprimento das regras da OMC. Putin prometeu estudar essa questão. Além disso, ele afirmou que está disposto a se encontrar com o novo premiê da Geórgia, Bidzina Ivanishvili, apesar de ainda não entender o que poderá motivar esse encontro.

As questões econômicas são realmente mais importantes agora na normalização do diálogo entre Moscou e Tbilissi do que as questões políticas, diz o perito em política externa Evgueni Boyko do Centro de Conjuntura Política:

“Agora é provavelmente mais acertado falar da normalização nas relações econômicas, culturais e humanitárias e não das relações políticas, pois no plano político se trata do restabelecimento de relações diplomáticas, o que é impossível neste momento, tanto para Moscou como para Tbilissi, porque exige sérias cedências de parte a parte. Do ponto de vista russo, é o reconhecimento da independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, enquanto que, do lado da Geórgia, é precisamente o oposto.”

Outro país com o qual as relações da Rússia são ensombradas por disputas territoriais é o Japão, que recentemente teve eleições legislativas. O líder do partido vencedor prometeu restabelecer o diálogo com Moscou para obter como resultado a assinatura de um tratado de paz. Vladimir Putin comentou essa declaração, considerando-a como um “sinal importante”, que a Rússia apreciou devidamente.

A conferência de imprensa de Vladimir Putin durou 4 horas e 33 minutos. Durante esse tempo, 62 jornalistas conseguiram colocar ao presidente 81 perguntas. Estas focaram não só a política externa, mas também a política interna da Rússia, assim como os problemas sociais de maior importância para o país.

Texto atualizado às 16:12, hora de Moscou

Putin: “A Síria precisa de mudanças”

No que se refere à Síria, a Rússia está preocupada não com o destino do regime do presidente Assad mas com o futuro deste país, disse Vladimir Putin durante a coletiva de imprensa que deu hoje em Moscou.

“Nós não estamos preocupados com o destino do regime de Assad, nós compreendemos o que se passa lá, que a família está no poder há 40 anos. Naturalmente, são necessárias mudanças”, disse o presidente. “A nossa preocupação é outra: o que acontecerá depois?” Putin sublinhou que não se deve permitir um processo de revoluções sangrentas sem fim no país.

O chefe de Estado russo disse ainda que “a Rússia não tem interesses na Síria”.

Texto atualizado às 16:07, hora de Moscou

Vladimir Putin: Rússia e EUA não são inimigos

A Rússia e os EUA não são inimigos, disse Vladimir Putin durante a coletiva de imprensa realizada hoje em Moscou, informa o correspondente da Voz da Rússia.

Ao reconhecer a existência de divergências entre Moscou e Washington sobre vários assuntos, nomeadamente, a instalação do sistema de defesa antimíssil, o presidente russo sublinhou: “Mas isto apenas comprova que as partes devem ter paciência e continuar procurando um compromisso, sem deixar de zelar por sua segurança nacional”.

Texto atualizado às 15:54, hora de Moscou

Putin: "Sistema político na Rússia não é autoritário"

Durante a coletiva de imprensa realizada hoje em Moscou, Vladimir Putin declarou que não considera o sistema político vigente na Rússia autoritário.

Justificando tal declaração, o presidente lembrou sua decisão de recusar, em 2008, uma proposta de revisão constitucional que permitiria ao chefe de Estado concorrer a um terceiro mandato consecutivo, e de ter preferido a passagem para “posições de segundo plano”, ao assumir o cargo de primeiro-ministro.

Ao abordar o futuro, Putin referiu: “Como é óbvio, mais cedo ou mais tarde, abandonarei este cargo, tal como o abandonei há quatro anos e meio. É perfeitamente natural que eu não seja indiferente à questão de saber quem dirigirá o país. Direi sem qualquer ironia: quero que os futuros dirigentes do país, nomeadamente, o presidente tenham ainda mais sucesso. Considero que, comparado com outros períodos da história russa, este período não foi dos piores, quando não o melhor. Mas quero que os futuros dirigentes do país tenham ainda mais sucesso, ainda mais sorte, porquanto gosto da Rússia”.

Texto atualizado às 14:05, hora de Moscou

Putin confessa saber a data do fim dos tempos

O presidente russo, Vladimir Putin, disse, em conferência de imprensa em Moscou, não ter medo do apocalipse.

Não adianta sentir-se apavorado perante aquilo que é inevitável, frisou o líder russo respondendo a uma pergunta, formulada minutos antes, por um jornalista que no inicio contou uma piada sobre o presidente que "tudo saiba sobre o fim do mundo".

Já falando a sério, Putin revelou saber a data exata deste acontecimento. Segundo precisou, o fim dos tempos terá lugar daqui a 4,5 mil milhões de anos quando o sol se apagar fazendo a vida no planeta desaparecer.

Putin pronto a oferecer passaporte russo a Depardieu

Durante uma coletiva de imprensa realizada hoje em Moscou, Vladimir Putin declarou que se o ator francês Gerard Depardieu quiser obter um passaporte russo, ele o terá.

"Se Gerard Depardieu quiser efetivamente obter um visto de residência ou um passaporte russo, digamos que é um assunto arrumado", frisou o presidente russo, adiantando “saber seguramente” que o ator "se assume como francês" e é patriota de seu país, mas está atravessando tempos difíceis.

Putin destacou sucessos da Rússia não obstante a crise mundial

Entre janeiro e outubro deste ano, o PIB da Rússia cresceu 3,7%, destacou hoje Vladimir Putin, durante a coletiva de imprensa. Segundo o presidente russo, é um bom resultado no contexto da recessão atravessada pela zona euro e da desaceleração do crescimento nos EUA e na China.

Hoje, em Moscou, está se realizado a 8ª edição da grande coletiva de imprensa. Pela primeira vez, em uma transmissão em direto, é utilizado o analisador de fala que indica as palavras mais frequentemente empregues, a intensidade emocional do discurso, a relação entre temas abordados e nomes geográficos mencionados.

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Putin está falando com a imprensa neste formato pela primeira vez. No CCI se reuniram um número sem precedentes de jornalistas: 1040 russos e 186 estrangeiros.

Durante os anos de sua presidência de 2000 a 2008, Vladimir Putin realizou grandes coletivas de imprensa sete vezes. Em cada ano o número de jornalistas credenciados, de suas perguntas e da duração da conferência de imprensa aumentavam. A última delas teve lugar em 14 de fevereiro de 2008 e entrou na história como "a maior", ela durou 4 horas e 40 minutos.

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