Sob pressão, Berlim anuncia que vai entregar tanques Leopard para Ucrânia

Berlim aprovou na quarta-feira (24) a entrega de modernos tanques Leopard, de fabricação alemã, para ajudar a Ucrânia a repelir a invasão da Rússia, após semanas de pressão de Kiev e vários aliados.

A Alemanha fornecerá uma frota de 14 tanques Leopard 2 A6 dos contingentes da Bundeswehr, as Forças Armadas da Alemanha, disse o porta-voz do governo Steffen Hebestreit em um comunicado.

Ele também anunciou a aprovação para outros países europeus enviarem tanques de seus próprios contingentes para a Ucrânia, com o objetivo de montar rapidamente “dois batalhões com tanques Leopard 2 para a Ucrânia”, disse ele.

De acordo com as regras de controle de armas de guerra de Berlim, os países que usam armamentos fabricados na Alemanha devem obter a permissão do governo se desejarem transferi-los para terceiros.

Kiev vinha pedindo com insistência pelos sofisticados tanques Leopard, vistos como a chave para furar as linhas inimigas.

O pacote oferecido pelo chanceler Olaf Scholz também disponibiliza treinamento das forças ucranianas no uso dos tanques na Alemanha, bem como logística, munição e manutenção dos tanques de batalha. Scholz enfrentou duras acusações ao vacilar sobre o envio dos tanques.

Vários outros países europeus, incluindo Finlândia e Polônia, disseram que estão prontos para fornecer seus estoques.

Enquanto isso, o Wall Street Journal informou que Washington estava inclinada a enviar um número significativo de tanques Abrams M1 para a Ucrânia.

O Kremlin alertou na quarta-feira que, se os países ocidentais fornecerem tanques pesados ​​à Ucrânia, eles serão destruídos no campo de batalha.

Retirada de Soledar  

“Esses tanques queimam como todos os outros. Eles são muito caros”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.

O alerta do Kremlin veio quando uma autoridade apoiada por Moscou disse que as forças russas avançaram em Bakhmut, uma cidade no leste da Ucrânia que a Rússia tenta capturar há meses.

Os militares ucranianos também admitiram à AFP que suas tropas haviam se retirado de Soledar, marcada pelos confrontos, a nordeste de Bakhmut.

As forças russas reivindicaram o controle de Soledar no início deste mês.

Denis Pushilin, principal autoridade de Moscou responsável pela região de Donetsk, disse que a captura “possibilitou bloquear as rotas de abastecimento do inimigo e, em parte, assumir áreas de controle operacional”, de onde os ucranianos atacavam as posições russas.

Em meio à luta feroz no leste da Ucrânia, Kiev e vários de seus aliados vinham pedindo à Alemanha há semanas que permitisse a entrega dos tanques Leopard. Uma reunião convocada na Alemanha na semana passada pelos Estados Unidos com aliados de Kiev não resultou em nenhuma decisão.

‘Provocação flagrante’

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, acusou os alemães na terça-feira de serem hesitantes e agirem de maneira incompreensível.

No entanto, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, disse que “encorajou expressamente os países parceiros que possuem tanques Leopard prontos para serem implantados a treinar forças ucranianas nesses tanques”.

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, respondeu a relatos sobre o potencial envio de tanques de guerra por Washington dizendo que tal movimento mostraria “o verdadeiro agressor no conflito atual”.

“Se os Estados Unidos decidirem fornecer tanques, será impossível justificar tal medida usando argumentos sobre ‘armas defensivas'”, disse ele, de acordo com um post na página oficial da Embaixada da Rússia no Facebook. “Esta seria outra provocação flagrante contra a Federação Russa.”

Escândalo de corrupção  

Em mais uma demonstração de apoio internacional à Ucrânia, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse que está pensando em visitar a Ucrânia, a convite do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

“Vou considerar isso à luz de várias circunstâncias e condições”, disse Kishida, cujo país sedia a reunião do Grupo dos Sete deste ano.

No entanto, em casa, Zelensky está lutando contra um escândalo de corrupção crescente – com seu ministério da Defesa abalado por alegações de fraude na aquisição de alimentos.

Reportagens da mídia local na semana passada acusaram o ministério de ter assinado um acordo com preços “duas a três vezes mais altos” do que os preços atuais para alimentos básicos.

Vários funcionários renunciaram devido às acusações, incluindo um vice-ministro da Defesa, dois vice-ministros de desenvolvimento de comunidades e territórios e um vice-ministro de política social.

A Ucrânia tem uma história de corrupção endêmica, inclusive entre a elite política, mas os esforços para acabar com a corrupção foram ofuscados pela guerra.

(com informações da AFP)

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