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Escândalo financeiro tira sono de Londres

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES


Em pouco mais de um mês, três dos maiores bancos britânicos foram alvos de grandes escândalos internacionais, tirando o sono do mercado financeiro de Londres.

Mark Boleat, presidente do comitê de políticas e recursos da City of London, órgão do governo local, diz à Folha que "maior rigor é um resultado inevitável por conta de tais escândalos".

"O setor bancário precisa, além de limpar a casa, mostrar ao público que está fazendo isso", completa.

Boleat avalia que, hoje, a transparência é maior que à época em que os escândalos tiveram origem.

"Com praticamente todos os telefones e e-mails identificáveis, é fácil recuperar dados, demonstrar onde e quando os delitos aconteceram e punir os infratores", diz.

"Apenas um pequeno número de pessoas cometeu esses crimes, mas é uma frágil cultura institucional que permitiu que isso acontecesse."

Para o presidente do comitê de políticas e recursos da City, maior centro financeiro do mundo, "certamente há um problema em partes do setor bancário. Esse, porém, é um problema global, e muitas pessoas ao redor do mundo estão lidando com ele".

O primeiro escândalo a ser divulgado envolveu o Barclays, quarto maior banco do mundo em 2010 segundo a publicação "Global Finance".

A instituição admitiu participação na manipulação de taxas de juros interbancárias no Reino Unido. Mais bancos estão sendo investigados.

O banco pagou multa de quase R$ 1 bilhão a autoridades reguladoras do Reino Unido e dos Estados Unidos por conta das manipulações da Libor (London Interbank Offered Rate, a taxa de juros para operações entre os bancos), que ocorreram entre 2005 e 2009.

Em seguida, uma investigação do Senado norte-americano mostrou que o HSBC, terceiro maior banco no ranking da "Global Finance", descumpriu leis contra a lavagem de dinheiro, o que permitiu inúmeras transações ligadas ao narcotráfico mexicano nos anos 2000.

O governo do México anunciou que o banco pagaria a maior multa já imposta no país: US$ 28 milhões. O HSBC reservou US$ 2 bilhões para arcar com possíveis multas impostas pelos EUA.

Por fim, o Standard Chartered foi acusado por autoridades financeiras de Nova York de lavar mais de US$ 250 bilhões ligados ao Irã entre 2001 e 2010, mesmo com as sanções americanas contra Teerã em vigor.

Na semana passada, a instituição fez acordo de US$ 340 milhões com autoridades nova-iorquinas para encerrar as investigações do caso.

Quanto ao futuro, Boleat observa: "A City precisa se lembrar de que seu objetivo é servir a seus clientes, consumidores e acionistas, o que significa tomar ações para o longo prazo e implementar sistemas mais robustos de fiscalização".

Em 1999, antes da crise, o Reino Unido tinha quatro bancos entre os 20 maiores do mundo, conforme dados do "Financial Times". Em 2010, de acordo com a "Global Finance", o número permanecia o mesmo.

A grande diferença nos rankings é a redução de bancos dos EUA (de 11 para três) e a ascensão dos chineses. Fora da lista de 1999, a China agora tem quatro bancos entre os 20 maiores do mundo.

 

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