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“É difícil combater a vontade do povo”, diz Putin em discurso

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira que a "Crimeia sempre foi e seguirá sendo parte de seu país", em um discurso feito diante de parlamentares russos reunidos no Kremlin para anunciar sua decisão sobre a integração da região autônoma da Ucrânia. O discurso do chefe de Estado acontece na manhã desta terça-feira na sala São Jorge do Grande Palácio do Kremlin. 

Durante seu discurso, Vladimir Putin fez fortes críticas aos Estados Unidos e à União Européia e disse que acredita que "o ocidente ultrapassou a linha vermelha", agindo "com cinismo inacreditável e de acordo com seus próprios interesses". Segundo o Kremlin, há uma tentativa de intervenção de países do ocidente na Crimeia, mas a Rússia não abandonaria os pedidos dos cidadãos do território "estratégico" em defender seus direitos.

"A Crimeia pediu ajuda à Rússia pelo direito de se defender e nós fizemos isso, seria traição da nossa parte abandonar os habitantes da Crimeia diante desta situação desastrosa", disse Putin.

O presidente russo confirmou que a Crimeia será anexada ao seu país e que continuará havendo três línguas no território: russo, ucraniano e tártaro, respeitando as tradições desses povos.

Sobre a sua 'desobediência' em relação aos pedidos internacionais, o Kremlin afirmou "os colegas da Europa estão dizendo que estamos violando o direito internacional. Ainda bem que estão lembrando deste direito – antes tarde do que nunca. Eles reconheceram a independência de Kosovo, mas não querem reconhecer a independência da Crimeia, por quê?". E acrescentou "o ocidente cria resoluções conforme seus interesses". 

Putin foi recebido com grandes aplausos pelos deputados e senadores na Sala São Jorge, onde também se encontram os líderes da república da Crimeia, que aprovou no domingo em um referendo sua incorporação à Rússia. O líder russo afirmou "nós não somos apenas vizinhos, somos um mesmo povo. (…) e é difícil combater a vontade do povo".

Sinal verde para incorporação da Crimeia à Rússia

O documento, com data de ontem, aprova "o projeto do Tratado entre a Federação Russa e a República da Crimeia sobre a incorporação da República da Crimeia à Federação Russa". "Considerar conveniente a assinatura do tratado contemplado na presente resolução ao mais alto nível", conclui a resolução do chefe do Kremlin.

Putin se dirigirá hoje ao parlamento russo em uma reunião extraordinária no Kremlin por ocasião do pedido da Crimeia sobre sua incorporação à Federação Russa.

O discurso do chefe do Estado vai acontecer na sala São Jorge do Grande Palácio do Kremlin às 15h locais (8h de Brasília), no mesmo formato em que apresenta seu relatório sobre o estado da nação uma vez por ano. Putin reconheceu ontem, por decreto, à região autônoma ucraniana da Crimeia como um Estado soberano e independente.

"Levando em conta a expressão da vontade do povo crimeano no referendo realizado em 16 de março de 2014, (decreto) reconhecer a República da Crimeia, na qual a cidade de Sebastopol tem um status especial, como um Estado independente e soberano. Este decreto entra em vigor hoje", diz o documento.

O parlamento da Crimeia aprovou ontem uma resolução pela qual a república autônoma foi declarada independente da Ucrânia e pediu oficialmente sua incorporação à Rússia depois que mais de 95% de sua população apoiou no domingo em referendo sua reunificação ao país ao qual pertenceu até 1954.

 

 

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