Gen Pinto Silva – A Guerra de Nova Geração Chegando a América do Sul

Os Presidentes da Guiana, Irfaan Ali, e da Venezuela, Nicolás Maduro, em São Vicente e Granadinas, país do Caribe, para tentar resolver o impasse sobre Essequibo. Ação Diplomática ou uma etapa da Guerra de Nova Geração.

Pinto Silva Carlos Alberto[1]

1. ALEXANDER DUGIN, CONFIRMA CONFRONTO GLOBAL.

O filósofo e geopolítico russo Alexander Dugin, define cinco pontos de conflito atuais na visão do Kremlin. 1. Ucrânia, 2. Israel X Hamas, 3. O bloco de anticolonialista de países da África Ocidental (Mali, Burkina Faso, Níger, República Centro-Africana, Gabão). Envolve a França, 4. China, 5. Essequibo.

DefesaNet – 10/12/2023 de 2023.
LINK: Urgente – Rússia, via Alexander Dugin, confirma confronto Global – DefesaN
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2. SÍNTESE SUMÁRIA DO MOMENTO GLOBAL.

– Não existem zonas diretas de conflito entre os globalistas.

– Existem hostilidades e guerras não declaradas entre Estados que os representem.

– Guerra não declarada na Ucrânia, Israel versus Hamas, e em Zona Cinza da Venezuela com a Guiana..

– Interferência direta dos Estados Unidos da América, da Rússia, China, Iran.

– Há uma luta contra o Poder Unipolar do Ocidente exercido pelo Estados Unidos da América.

3. A PAZ RELATIVA.

A situação vivida na atual conjuntura MUNDIAL é a de paz relativa, uma Guerra Política[2] Permanente, não há inimigo e sim Estados desencadeando ações hostis em defesa dos seus interesses. Estão acontecendo “Conflitos na Zona Cinza”, (zona cinzenta entre as noções tradicionais de guerra e de paz) caracterizado por uma intensa competição política, econômica, informacional, mais acirrada que a diplomacia tradicional, porém inferior à guerra convencional, realizada por Estados que têm seus interesses desafiados.

O termo “Permanente”, por sua vez, não possui relação direta com a duração das guerras. Diz respeito, na verdade, à condição assumida pelo Estado de que qualquer ação de política externa, em defesa de interesses nacionais, é um “conflito na zona cinza”.

A Guerra Moderna, conduzida sobre o tabuleiro de xadrez mundial, em que o essencial da luta não se joga no terreno dos combates, mas fora dele.

Em estratégia, mais do que em outros domínios, é preciso saber distinguir o essencial do acessório.

4. “GUERRA DE NOVA GERAÇÃO” (RÚSSIA) OU “GUERRA HÍBRIDA” (EUA E OTAN).

É composta de uma guerra política (“O uso de todos os meios disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra”), informacional e de atividades híbridas, e deve ser secreta pelo maior tempo possível.

Um conflito no qual os atores, estado ou não-estado, exploram vários modos de guerra simultaneamente (guerra financeira, guerra cultural, guerra midiática, guerra tecnológica, guerra psicológica, guerra cibernética, o amplo espectro do conflito, empregando armas convencionais avançadas, táticas irregulares, tecnologias agressivas, terrorismo e criminalidade visando desestabilizar a ordem vigente).

“Na visão norte-americana, o termo “híbrido” descreve a complexidade crescente dos conflitos, que requer das forças adaptabilidade e resiliência; descreve também a natureza do inimigo a ser enfrentado, não se configurando uma nova forma de guerra. a expressão guerra híbrida não foi incorporada à doutrina do Exército norte-americano; o conceito adotado foi Full Spectrum Operations (2008) (Operação de Amplo Espectro).

A guerra híbrida pode fazer parte da Guerra de Nova Geração, mas não deve defini-la.

5. DISSUASÃO UMA VISÃO A SER CONSIDERADA.

A dissuasão estratégica “é o conjunto de instrumentos, que utilizam o poder de influência (Soft Power) e poder coercitivo (Hard Power), mediante o emprego de ferramentas de (des)informação, cibernéticas, econômicas, militares e políticas, tanto ofensiva quanto defensivamente, de modo contínuo independentemente de ser tempo de paz ou guerra, em busca de prevenir conflitos violentos, reverter a escalada de conflitos militares (ou cessá-los no início) ou estabilizar situações político-militares em (potenciais) (coalizões de) Estados de interesse adversários, em condições favoráveis para o nosso país.[3]

A dissuasão não cessa após a eclosão de um conflito. Ela continuará a empregar seus instrumentos ao longo de todas as fases de uma crise político-militar, na tentativa de controlar sua escalada e garantir condições favoráveis. 

6. GUERRA DE INFORMAÇÃO UMA IDEIA A SER PENSADA.

O Ocidente considera as medidas não militares como formas de evitar a guerra, enquanto a Rússia as considera armas de guerra.

A ‘Guerra de Informação’ são ações ofensivas e defensivas na dimensão informacional, destinadas a obrigar adversários a se submeter à vontade de um ator por meio do emprego de operações cibernéticas, operações psicológicas, guerra eletrônica, segurança de operações e dissimulação militar.

Um documento sobre estratégia russo de 2011, “Convention no International Information Security” (“Convenção sobre Segurança de Informação Internacional”), define Guerra de Informação como um “conflito entre dois ou mais Estados no espaço informacional com o objetivo de causar danos a sistemas, processos e recursos de informação, bem como a estruturas de vital importância e de outra natureza; minar sistemas políticos, econômicos e sociais; realizar campanhas psicológicas em massa contra a população de um Estado para desestabilizar a sociedade e o governo; e forçar um Estado a tomar decisões no interesse de seus oponentes”.

7. CONCLUSÃO.

– A crise na América do Sul é parte da “Guerra De Nova Geração” (Rússia) ou “Guerra Híbrida” (EUA e Otan), que poderá afetar toda a fronteira norte do nosso país.

– Envolve uma Guerra Política, Informacional (Narrativas), de ações em Zona Cinza, e a Expressão Militar contribuirá de forma complementar se for necessário.

– A crise pode envolver diretamente o Brasil, a Venezuela, Guiana, Suriname, e a Guina Francesa.

– A dissuasão não cessa após a eclosão de um conflito. Ela continuará a empregar seus instrumentos ao longo de todas as fases da crise político-militar, na tentativa de controlar sua escalada e garantir condições favoráveis. – O conflito sofrerá interferência de diversas Potências interessadas


[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES

[2] “O uso de todos os meios de disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra”. É uma Guerra Política permanente na Guerra de Nova Geração.

[3] Baseado em visão Russa de Dissuasão. www.uptake.ut.ee/wpcontent/uploads/2019/03/Okke_Lucassen_WP2.pdf.


Nota DefesaNet

Matérias publicadas pelo Gen Pinto Silva relacionada à Crise Guiana-Venezuela:

Gen Pinto Silva – Reação à Crise do ESSEQUIBO

Gen Pinto Silva – Estratégia Indireta na Crise com a Venezuela

Gen Pinto Silva – A Guerra de Nova Geração Chegando a América do Sul

As matérias relacionadas à Crise n a Venezuela podem ser acessadas na coluna Escolha do Editor

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