‘Software nacional de controle de voo faz Brasil independente’, diz ministro

Glauco Araújo

O Ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que o Brasil se torna "independente tecnologicamente" com a implementação e desenvolvimento do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (Sagitario), que foi elaborado por uma empresa brasileira. A afirmação foi feita na tarde desta quinta-feira (15), após evento de apresentação do programa, em Curitiba.

“Todo o sistema de informação de controle aéreo foi desenvolvido no Brasil e isso nos orgulha. Economicamente isso nos torna independente de tecnologias importadas, pois não precisamos mais comprar software feito em outros países. Tecnologicamente poderemos desenvolver e aprimorar o mesmo software, com mais rapidez”, disse Amorim.
 

A Força Aérea Brasileira (FAB) investiu R$ 24 milhões para a implementação do Sagitario. R$ 9 milhões foram usados na primeira etapa, nos Cindactas II e III, respectivamente. O restante será usado no aprimoramento do software, que já está na segunda versão, e na implementação nos Cindactas I e IV.

O ministro disse que a “máquina é importante, mas a inteligência é que pesa mais. Esse programa foi desenvolvido em parceria do Ministério da Ciência e Tecnologia, do DCTA [Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial] e do ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica]."

“O Sagitario é vital para sabermos quem e como é garantida a nossa segurança nas inúmeras horas que voamos pelo país. Esse resultado é fruto de investimentos de médio e longo prazo. Uma das coisas mais importantes que o Ministério da Defesa tem a fazer é colaborar com o desenvolvimento de tecnologia. Isso faz parte do nosso projeto de nação. Sabemos que essa autonomia tecnológica depende muito dos hardwares, mas a criação de um software autônomo nos possibilita chegar a um patamar estratégico importante”, disse Amorim.

Nova tecnologia
Uma das principais mudanças do novo sistema está na transferência dos voos entre controladores. Isso acontece, por exemplo, quando uma aeronave passa de uma região monitorada por um ACC para outra. A transferência total de sistema deve demorar cerca de oito a dez meses, em cada Cindacta.

Com o X-4000 o controlador precisa comunicar essa transferência por telefone ao colega em outro centro. Com o Sagitario, esse procedimento passa a ser feito pela própria tela do computador. O telefone só vai continuar a ser necessário quando a transferência for para um local que não usa o novo sistema, como um aeroporto pequeno.

Por conta da carga de tarefas, os controladores trabalham em dupla – um deles cuida principalmente da comunicação com pilotos e da operação na tela do computador, enquanto o outro monitora o trabalho e fica responsável por outras atividades, como o uso do telefone.

Para o tenente-coronel Nilo Sérgio Machado de Azevedo, da Divisão de Operações do Cindacta I, em Brasília, o Sagitario permite que o controlador substitua comandos hoje feitos no teclado do computador por cliques de mouse, o que faz com que fique mais atendo à movimentação de aeronaves na tela do computador.

Segurança de voo
Outra característica evolutiva do Sagitario em comparação com o X-4000 é o alerta de conflito de rota, que no novo sistema é acionado com mais antecedência. O sistema novo aponta a existência de conflito de rota entre duas aeronaves quando elas ainda estão no chão, apenas com o plano de voo apresentado pelo piloto e que é colocado no software. No modo operacional anterior, isso só é possível com as aeronaves em voo.

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