Entrevista Dep Carlos Zarattini – Vamos discutir os reajustes salariais dos militares


por Vianney Junior
Especial para DefesaNet
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Com o trabalho de convencimento e cooptação de deputados e senadores, o presidente da FPMDN assegura que a pressão do Legislativo para a continuidade dos projetos estratégicos não permitirá a descontinuidade de nenhum programa de modernização das Forças Armadas e desenvolvimento da Indústria Nacional de Defesa, que vê como um dos vetores de retomada do crescimento.
 
Em entrevista exclusiva, o Deputado Carlos Zarattini (PT/SP) falou das expectativas em torno do setor de defesa, inclusive questões salariais, contingentes das Forças Armadas e integração com programas do Governo Federal voltados para a juventude.
 
Leia a seguir:
 
Vianney Junior – Deputado Zarattini, quais são as diretrizes e como estão os trabalhos da FPMDN?
 
Deputado Carlos Zarattini – Nós fizemos o lançamento da Frente dia 2 de junho com bastante sucesso, contando com a presença de muitos deputados e senadores, o Ministro da Defesa, Jaques Wagner, o presidente da ABINDE – Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, Sami Hassuani.

Apesar do pouco tempo, a adesão à Frente Parlamentar Mista da Defesa Nacional hoje já passa de 200 deputados com a participação também de alguns senadores. Nós queremos centrar em duas questões: Uma, é ampliar o debate sobre o Livro Branco da Defesa Nacional, que vai ser revisto, e a Estratégia Nacional de Defesa – END, que deve ocorrer este ano. Então a nossa primeira questão é colaborar no aprofundamento deste debate, desta discussão.

E a segunda questão é o acompanhamento dos projetos que já estão em andamento. Nós estamos aí em um ano difícil, por conta do contingenciamento, do ajuste econômico, e nós queremos que nenhum projeto fique parado. Evidentemente, não terão a velocidade que deveriam ter, mas que nenhum desses projetos seja interrompido. Que todos tenham continuidade no decorrer deste ano, e se Deus quiser, se tudo ajudar, a gente possa voltar a uma velocidade maior no ano que vem.
 
VJ – É razoável prever uma retração do consumo interno neste ano, e bem possivelmente no próximo também. Abre-se uma janela para exportações. A indústria de defesa se apresenta como uma alternativa plausível à contribuir com a recuperação da economia nacional, uma vez que projeta uma carteira interessante no exterior. No entanto, para seu posicionamento internacional, tem que correr com alguns programas para que possa se aproveitar do momentum e consequente vantagem competitiva de mercado, com o lançamento de produtos capazes de disputar o mercado ocupado por fabricantes tradicionais. É o caso do KC-390, ou ainda do Gripen NG, levando em conta a participação do Brasil no desenvolvimento do caça. Como o senhor analisa a conjugação da janela comercial com o fator tempo, considerando essa condição de desaceleração dos programas? O senhor não considera que qualquer atraso no calendário destes projetos devam despertar preocupações? Que pressão a FPMDN pode fazer para evitar qualquer prejuízo?
 
Deputado Carlos Zarattini – Eu não vejo [a consequência da redução de velocidade dos projetos] tão negativamente como você está vendo. Eu acho que nós temos um grande produto que é o KC [390], um produto nacional, e tenho certeza que tem poucos concorrentes no mundo. Evidentemente, pode surgir um ou outro, mas nós já estamos muito adiantados. O KC já teve seu primeiro voo, continua fazendo os ensaios e ajustando para poder entrar em linha de produção. Eu acho que tem uma coisa positiva aí, tem vários países que já se interessaram, que já assinaram intenções de comprar o avião, então eu estou vendo muito positivamente.

E no caso do caça, esse ano aqui, já era esperado. Esse ano nós não iríamos produzir nada ainda. É um ano de ajustamento contratual, do financiamento, do próprio contrato. Então, esse ano não há despesa efetiva com o caça, o F-X2. Eu acho que nós temos aí, nesses dois casos nós não vamos ter, não devemos ter uma preocupação. [Ainda quanto à janela para exportações] Temos coisas boas, também: A venda de produtos para o Iraque.

Agora o Iraque se interessou pelo blindado Guarani, todo o interesse que tem pelos Astros 2020, enfim, nós estamos numa fase, como você falou, estamos fazendo uma substituição de importações por exportações. O mercado interno está se paralisando um pouco, mas nós estamos com boas perspectivas do lado de fora, né? E aí nós vamos também nos preocupar com certas amarras que existem a estas exportações, e tentar vencê-las.
 
VJ – Como está a relação da Frente Parlamentar Mista com as Comissões Permanentes, tanto na Câmara (CREDN) como no Senado (CRE)?
 
Deputado Carlos Zarattini –
A relação é muito boa. Sou vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, sou Coordenador da Subcomissão de Assuntos Estratégicos, que alcança também estes mesmos temas, então há um total entrosamento.
 
VJ – Deputado, tem havido uma percepção positiva da sua atuação no setor de defesa. Que mensagem o senhor deixa ante as expectativas da indústria e dos militares?
 
Deputado Carlos Zarattini – Então, basicamente a indústria, ao meu ver, não deve ser tão pessimista. Deve entender esse momento que nós estamos vivendo, deve buscar essas saídas externas, que são muito positivas e vão dar escala aos seus produtos. Internamente, para as Forças Armadas, vamos viver um ano em que vai se começar a discutir os reajustes salariais dos militares para os próximos anos.

Esse ano ainda está garantido pelo último acordo, e agora vamos fazer para frente. Então, vai ser um ano também de negociação desse posicionamento salarial. Em relação ao contingente, tanto embora você possa entender que com toda essa tecnologia haja redução de contingente, nós já temos dito ao Ministro da Defesa, aos Comandantes das Forças, que a nossa ideia é de ampliação da juventude que presta seu Serviço Militar.

Porque? Porque nós podemos juntar o Serviço Militar com programas do Governo Federal, como por exemplo, o PRONATEC. Nós poderíamos usar verbas desse programa para garantir uma ampliação, até, dos contingentes do Serviço Militar. Porque isso é muito importante para a juventude. A juventude participar, conhecer, ter uma experiência junto à Marinha, Exército e Aeronáutica é fundamental para sua formação.

E ainda mais se isso poder ser enriquecido por um curso técnico, onde o jovem após prestar o serviço militar, não só esteja preparado para defender o Brasil, mas também ter as condições de se engajar numa vida profissional. Então nós achamos que isso é uma coisa positiva, tentar estabelecer a união entre esses dois programas.
 
 
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English Version

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