Crise na Ucrânia ameaça relacionamento com a China em tecnologia militar

A invasão da Ucrânia pela Rússia provavelmente ameaçará uma das relações estratégicas mais discretas e importantes da China nos últimos anos: o uso da Ucrânia como fonte de tecnologia para as forças armadas chinesas em expansão.

Analistas militares e diplomatas dizem que, embora a ligação Ucrânia-China esteja sob crescente pressão dos Estados Unidos, o conflito atual pode prejudicar em grande parte um comércio que tem ajudado as forças armadas da China a se modernizarem nas últimas duas décadas.

A frustração ucraniana com os crescentes laços de Pequim com Moscou e a incerteza sobre sua economia e governo pós-guerra podem ameaçar o relacionamento, dizem eles. "Sempre foi um bom terreno de caça para os técnicos militares chineses. Há muito lá, e em alguns casos tem sido mais fácil de obter do que da Rússia", disse o analista militar chinês Vasily Kashin, da HSE University, de Moscou.

"O relacionamento como era será completamente destruído", afirmou ele, observando a irritação do governo ucraniano pelo apoio diplomático da China à Rússia em meio a outras incertezas do pós-guerra.

Além das aquisições de alto nível de um dos últimos porta-aviões da União Soviética e da estrutura de um caça Su-33, a China comprou motores para suas aeronaves de treinamento, destróieres e tanques, assim como aeronaves de transporte, de acordo com as transferências de armas rastreadas pelo independente Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri).

Adidos militares baseados na Ásia dizem, de forma menos visível, que a Ucrânia há muito é suspeita de ser uma fonte de alguns sistemas de comando e controle e outras tecnologias usadas em mísseis.

Técnicos ucranianos trabalharam em regime privado dentro da China. Espera-se que este trabalho continue mesmo que o relacionamento oficial azede ou se torne difícil, segundo os especialistas.

O navio, pertencente a classe Kuznetsov e denominado em época soviética de “Varyag”, foi construído em um estaleiro ucraniano no final dos anos 1980. Após o colapso da União Soviética, o porta-aviões permaneceu esquecido por anos no Mar Negro, até que em 1998 foi comprado por US$ 20 milhões em 1998 por um misterioso empresário de Macau, que queria transformá-lo em um cassino flutuante. Mas logo que chegou na China o governo de Pequim tomou conta do navio e o transformou de novo em uma embarcação bélica. A remodelação do navio ocorreu na cidade portuária de Dalian, no nordeste da China. O Liaoning é o primeiro porta-aviões da Marinha da China em atividade.

"Uma vantagem tradicional para a China na Ucrânia é que geralmente a situação de segurança é mais fluida do que a da Rússia, então é possível fazer as coisas não oficialmente", disse um enviado. O Ministério da Defesa da China não respondeu a um pedido de comentário.

Os dados do Sipri não avaliam todos os negócios listados, mas, com base nos números fornecidos na última década, a China gastou anualmente pelo menos entre 70 milhões e 80 milhões de dólares.

Os programas de longa duração incluem um acordo de 317 milhões a 319 milhões de dólares para fornecer veículos anfíbio e 380 milhões de dólares para motores turbofan para treinadores de aeronaves de combate JL-10 chineses, mostram os dados do Sipri.

A Rússia continua sendo a fonte mais importante de tecnologia militar da China, mas a Ucrânia forneceu alguns itens que Moscou pode ser relutante ou lento em dar, refletindo seu papel da era soviética como um centro militar de construção naval e aeroespacial.

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