ITA no Ceará é fruto de mobilização de mais de 10 anos

O cearense Marechal Casemiro Montenegro apresenta o projeto do Instituto Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA. Em 1943, assumiu a Diretoria Técnica da Aeronáutica, quando começou a pensar que somente teríamos uma indústria aeronáutica no Brasil quando se pudesse dispor de uma escola que pudesse proporcionar a formação e a preparação dos técnicos de alto nível que seriam necessários. Germinava, em sua cabeça privilegiada, a ideia da criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA.

Jornal  O Estado Ceará
05 Setembro 2023

A notícia de que o Ceará ganhará uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), confirmada pelo presidente Lula na última sexta-feira (1º), tem gerado boas expectativas no Estado. O que muitos não sabem é que esse anúncio é fruto de uma longa mobilização, grande parte dela encabeçada pelo comandante e piloto de aeronaves Vianney Gonçalves Júnior.

Ele ressalta que a instalação do equipamento é um sonho antigo e resultado do desejo coletivo. “Sou apenas uma das pessoas que empenhou esforços, que de alguma forma materializou isso, pesquisou, botou no papel e saiu batendo de porta em porta”, destacou.

O fato de a maioria dos alunos do ITA ser do Ceará já é uma forte razão para o Instituto estar no Estado, defendeu Vianney. Em média, quatro a cada dez vagas são ocupadas por cearenses. “Acho que isso (unidade do ITA no Ceará) é um pleito de reconhecimento à juventude cearense, que é estudiosa e capaz, mas infelizmente nunca ficava aqui, que ia e não voltava mais.”

O comandante também lembrou do cearense que idealizou o ITA, o marechal Casimiro Montenegro Filho. “Ele permaneceu no seu sonho e transformou em realidade o que deu origem a toda a transformação científica e tecnológica do Brasil capitaneada pelo setor aeroespacial.”

A Base Aérea de Fortaleza (BAFZ), local escolhido para receber o ITA, funciona hoje basicamente como estrutura de apoio ao Comando da Aeronáutica, com funções administrativas e de suporte. Segundo Vianney, a BAFZ passou por processo de perda de importância estratégica, com o deslocamento dos esquadrões para outras unidades e, na prática, a perda da função operacional por volta do ano 2010. Foi então que Vianney concebeu a ideia de a Base abrigar o campus do ITA, o primeiro fora da sede, em São José dos Campos (SP).

Então, o piloto buscou, pela atuação junto às instituições militares, o deputado estadual Manuel Duca (DEM), o Duquinha, que está de volta à Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) como suplente, e deu início ao projeto, levantando dados e demonstrando a viabilidade e a importância de haver uma unidade do ITA no Ceará. Por meio da articulação do parlamentar, a ideia ganhou o apoio do Legislativo cearense, em diferentes legislaturas, percorrendo o esforço temporal de mais de uma década.


O Plenário da Alece aprovou em duas ocasiões ofício com moção de apelo para a instalação de campus do ITA na Base Aérea de Fortaleza. O documento chegou a ser enviado ao comandante da Aeronáutica, ao ministro da Defesa e ao reitor do ITA da época. Porém, naquele momento não houve resposta favorável ao projeto.

A ideia também foi apresentada ao então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), que questionou o motivo da BAFZ ser o local escolhido. “Nós justificamos porque na Base Aérea tinha havido essa ausência dos pilotos de caça e então surgiu essa vacância”, contou Duquinha.

Desenvolvimento

Vianney citou o impacto que o ITA causou em São José dos Campos, que passou de uma pequena cidade rural, de economia agrícola, a um centro de ciência e tecnologia para o país. Para ele, esse processo tende a se reproduzir também em Fortaleza.
No projeto, o piloto citou resultados esperados com a criação da unidade do ITA no Estado, como “salto de desenvolvimento” similar ao ocorrido na cidade paulista, atração e incubação de empresas de tecnologia, implantação de Parque Industrial Tecnológico e geração de empregos qualificados.v

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