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Falta de planejamento estatal atrasa vinda dos superjumbos ao Brasil

Se dependesse da vontade das companhias estrangeiras, o Brasil já poderia receber os maiores e mais modernos jatos de passageiros do mundo, o 747-8 da Boeing e o A380 da Airbus. Com mais de 70 metros de comprimento, esses aviões voam mais longe, poluem menos e são mais econômicos do que a velha geração de jatos intercontinentais.

A Infraero diz que não tem recursos para fazer as adequações necessárias para receber os superjumbos. Faz mais de dois anos que a Emirates negocia com a Infraero a possibilidade de voar para Guarulhos com o A380. A Luthansa chegou a anunciar, no final do ano passado, que este ano trocaria os 747-4, usados atualmente, pelo 747-8. Com 362 assentos, o novo jato polui 20% menos e é 13% mais econômico que o irmão mais velho.

Negociações para certificar Guarulhos e outros aeroportos brasileiros para receber os superjumbos começaram há mais de cinco anos. Apesar de participar de dezenas de reuniões sobre o assunto, a Infraero, que até fevereiro respondia por Guarulhos, nunca entrou com pedido de certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Para obter a certificação, é preciso adaptar alguns procedimentos operacionais, medidas que nunca foram tomadas pela Infraero. “Nossa intenção era começar a voar em outubro deste ano, mas perdemos a oportunidade e o avião foi alocado para a rota de Hong-Kong”, diz a diretora geral da Lufthansa no Brasil, Annette Taeuber.

A Lufthansa é a primeira companhia no mundo a operar o avião na versão de passageiro e já recebeu sete unidades. O avião entrou em operação em maio de 2012 e o Brasil seria o sexto destino a receber o equipamento. "Agora vai depender de quando vamos receber novos aviões e do novo planejamento da malha." A mudança aumentaria a oferta de assentos da companhia alemã na rota Frankfurt-São Paulo em 2.400 por mês.

Com a privatização de Guarulhos, o novo concessionário, GRU Airport, assumiu as negociações e entrou com o pedido de certificação do avião na semana passada. A Anac diz que está analisando o pedido, mas não deu prazo para a sua conclusão.

A intenção de GRU Airport é estar habilitado para operar com o 747-8 e o A380 na inauguração do novo terminal, prevista para maio de 2014, em tempo para a Copa do Mundo. Segundo a empresa, o novo terminal terá cinco pontes de embarque dedicadas aos dois modelos de avião. Já o concessionário de Viracopos entrou com pedido de certificação em março, apenas para a versão cargueira do 747-8, e foi autorizado sexta.

Segundo a presidente da Boeing no Brasil, Donna Hrinak, a fabricante americana iniciou conversas com a Infraero e com a Anac para certificar 14 aeroportos brasileiros para receber o 747-8 em 2008. A fabricante fez isso no mundo inteiro e, quando o avião começou a operar, mais de 300 aeroportos já estavam certificados, incluindo destinos na África. A versão cargueira do jato já voa regularmente para 102 aeroportos. "Tivemos muitas reuniões no Brasil ao longo desses anos, mas as coisas não avançaram."

Por suas dimensões, os superjumbos demandam algumas adaptações nos aeroportos. Entre elas, está a remoção de obstáculos próximos à pista devido ao tamanho das asas. A envergadura da asa do 747-8, por exemplo, equivale a dois 737-700 emendados. A do A380 é ainda maior: 80 metros.

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