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Aéreas acumulam perda de R$ 5,7 bi em cinco anos

Alberto Komatsu

A aviação comercial brasileira amargou, no ano passado, uma perda de R$ 640,8 milhões com a sua atividade principal, o transporte de passageiros no país e no exterior, conforme divulgou ontem o Anuário do Transporte Aéreo de 2010, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nos últimos cinco anos, as empresas brasileiras acumulam prejuízo de R$ 5,7 bilhões. Nesse mesmo período a demanda doméstica cresceu 96%.

O levantamento da Anac considera o chamado resultado de voo, que exclui operações financeiras e receitas auxiliares (venda de lanche a bordo, por exemplo). Os principais itens levados em conta nesse critério são venda de passagens, transporte de carga, fretamentos e mala postal.

Guerra tarifária, alta do preço do barril de petróleo e crises econômicas externas, na avaliação de especialistas, explicam porque é difícil o setor aéreo ganhar dinheiro. Companhias aéreas, por sua vez, contestam o critério da Anac e afirmam que pode haver erro nos cálculos.
De acordo com a Anac, o anuário foi enviado para todas as companhias no início de maio. A agência informou que deu prazo a elas até o dia 20 de maio para contestações. Segundo a Anac, nenhuma empresa se manifestou nesse período e qualquer informação enviada que esteja errada e que exija uma nova versão está sujeita a penalidades como multa.

"Esse tipo de resultado não é exclusivo do Brasil. Esse é um setor que destrói valor, com excesso de capacidade, margens de lucro pequenas e forte influência de qualquer fator externo", afirma o especialista em aviação da consultoria Bain & Company, André Castellini.

Pelos dados da Anac, no ano passado a TAM teve o pior resultado de voo, negativo em R$ 840,7 milhões. Em contrapartida, a rival Gol obteve o melhor desempenho nesse critério, de R$ 376,4 milhões. A Azul também teve desempenho positivo, com R$ 57,4 milhões. Também tiveram perdas a Avianca (R$ 65,2 milhões), a Webjet (R$ 38 milhões) e a Trip (R$ 25,3 milhões).

"Quando você tem uma estrutura de custo adequada é possível fazer dinheiro", afirma o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Gol, Leonardo Pereira. De acordo com ele, a indústria em geral, no entanto, coloca mais capacidade do que pode absorver, o que leva justifica prejuízos como o apurado pelo anuário da Anac.

"Deve haver algum defeito nas planilhas. Temos registrado crescimento e lucro ao mesmo tempo", afirma o diretor de marketing e vendas da Trip, Evaristo Mascarenhas. Ele destaca que, no ano passado, a Trip registrou receita de R$ 747 milhões, o que corresponde a um crescimento de 66,2% na comparação com igual período do ano anterior.

A TAM também contesta os dados da Anac. "O dado que reflete a realidade dos resultados da companhia no Anuário do Transporte Aéreo é o que pode ser encontrado na planilha 4.2 – Demonstração do Resultado de Exercício -, onde lê-se que o lucro líquido das operações aéreas da companhia, no ano de 2010, foi de R$ 590 milhões", informou a companhia.

Para Castellini, contribuiu para o resultado negativo do setor aéreo, no ano passado, a intensa competição por tarifas mais baixas travada principalmente pela TAM e pela Gol, que respondem por cerca de 80% da demanda de vos domésticos.

"A disputa acirrada entre a TAM e a Gol se manifesta com mais capacidade de assentos. Mas como há gargalo nos aeroportos das principais cidades, essa capacidade adicional é colocada em mercados menos rentáveis", diz Castellini.

O anuário da Anac também mostrou a capacidade das empresas aéreas de honrar seus compromisso de curto prazo. É o índice de liquidez corrente, que mostra quantos reais a empresa tem para cada R$ 1 de dívida de curto prazo.

Por essa avaliação, entre as empresas de transporte aéreo de passageiros, a Gol teve a melhor performance, com R$ 1,54. Em segundo está a Trip (R$ 0,97), seguida pela Webjet (R$ 0,94), Avianca (R$ 0,65), TAM (R$ 0,64) e Azul (R$ 0,50).

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