Nova geração de líderes chineses deixa para trás a tecnocracia

Engenheiros, mas também historiadores ou economistas, a nova geração de líderes que sairá do 18º Congresso do Partido Comunista (PCCh) possui um perfil menos técnico que o de seus antecessores e mais parecido com o dos políticos ocidentais.

Se há dez anos o engenheiro Hu Jintao esperava ser nomeado como presidente da China à frente de uma equipe de políticos com sua mesma formação, hoje para Xi Jinping, que segundo todas as previsões será o novo líder chinês, o panorama é bem diferente.

O novo presidente da China estará cercado, no principal órgão dirigente da legenda e do próprio país – o Comitê Permanente do partido -, de economistas, bacharéis em Direito, e pode ser que até por uma graduada em químicas que tem a chance de ser a primeira mulher a entrar neste seleto grupo.

Eles são os candidatos a ocupar um dos assentos da cúpula de governo chinês que, segundo predizem os analistas, serão reduzidos dos atuais nove para sete. O anúncio dos escolhidos para liderar o país será feito no encerramento do congresso do partido, que foi aberto na última quinta-feira em Pequim.

"O fato de que a nova geração de líderes chineses tenha um currículo muito mais diversificado que sua predecessora é um sinal encorajador de que os dirigentes mais graduados sabem que a velha forra de pensar não serve para a economia moderna da China", declarou à Agência Efe um analista político chinês que falou sob a condição de anonimato.

Os nomes que, por enquanto, entraram nas apostas, são de políticos com perfis muito variados e com uma grande diferença em sua formação em relação às anteriores gerações de líderes – composta, em sua maioria, por tecnocratas.

A técnica, neste caso, cede passagem a líderes como o ex-prefeito de Pequim e atual vice-primeiro-ministro, Wang Qishan, graduado em História e sobre o qual recairá a árdua tarefa de reconduzir a economia do país em direção ao consumo interno, segundo analistas.

Neste objetivo o ajudará, possivelmente, Zhang Dejiang, atual secretário-geral da megalópole de Chongqing e um especialista em Coreia do Norte que se graduou em Ciências Econômicas; ou Zhang Gaoli, com estudos em Estatística e que ocupou importantes cargos nas principais economias do litoral do país.

O governo da China também pode depender de uma graduada em química e, além disso, doutorada em Direito. Liu Yandong, atual conselheira de Estado, possui o perfil mais incomum de todos – é mulher – e ostenta uma das formações mais destacadas por suas diferenças com a antiga geração de líderes.

Também é cogitado um líder com estudos em Literatura e em Economia Mundial na Universidade de Pequim, Hu Chunhua, conhecido como "o pequeno Hu" por ser um aliado do atual presidente Hu Jintao, e que será o membro mais jovem da história do comitê se conseguir um posto nesse órgão.

Entre os mais reformistas que especulados para a nova cúpula comunista – embora aparentemente com menos chances – está Wang Yang, chefe do partido em Cantão, graduado em Ciências Políticas e com um mestrado em Engenharia.

Entre outros engenheiros possíveis candidatos ao Comitê Permanente estão Yu Zhengsheng, atual chefe do Partido na metrópole de Xangai, ou Meng Jiangzhu, ministro da Segurança Pública.

No entanto, a nova geração de líderes chineses também se diferencia por aspectos como sua procedência geográfica variada ou seu contato com o exterior.

É o caso de Liu Yuanchao, com estudos na Universidade de Harvard, graduado em Matemática e pós-graduado em Direito, que pediu reformas políticas na extremamente fechada legenda.

Com esta lista de candidatos, alguns analistas como o professor de Política Chinesa da Universidade de Sydney, Kerry Brown, já se atreve a sentenciar que, na China, "a era dos tecnocratas acabou". EFE

tg/id

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter