EUA se preparam para mais ataques no Afeganistão após soldados serem mortos no aeroporto

As forças norte-americanas em Cabul estão se preparando para mais ataques do Estado Islâmico enquanto buscam terminar sua missão de retirada, afirmaram autoridades do Pentágono, depois que 13 soldados norte-americanos foram mortos em um ataque suicida nesta quinta-feira no aeroporto da capital afegã.

Uma autoridade dos EUA disse à Reuters que é provável que o número de norte-americanos mortos cresça, uma vez que mais de 15 ficaram feridos.

O ataque marcou as primeiras mortes do Exército dos EUA no Afeganistão desde fevereiro de 2020 e representou o incidente mais letal para tropas norte-americanas no país em uma década.

O general do Corpo de Fuzileiros Navais Frank McKenzie, chefe do Comando Central do Exército dos EUA, disse em uma entrevista coletiva que houve troca de tiros após as explosões. McKenzie afirmou que a ameaça do Estado Islâmico persiste, junto com “outras correntes de ameaças ativas”.

“Acreditamos que é o desejo deles continuar com esses ataques e esperamos que esses ataques continuem — e estamos fazendo tudo que podemos para estarmos preparados”, disse.

McKenzie acrescentou que futuros ataques podem incluir foguetes atirados ao aeroporto ou carros-bomba tentando entrar nele. McKenzie disse que não viu nada que o convença de que as forças do Taliban permitiram que o ataque fosse realizado.

EUA entram em alerta para mais ataques do Estado Islâmico no Afeganistão

Forças dos Estados Unidos que ajudam a retirar afegãos desesperados para fugir do domínio do Taliban estavam em alerta para mais ataques nesta sexta-feira depois que ao menos um homem-bomba do Estado Islâmico matou 85 pessoas, incluindo no mínimo 13 soldados norte-americanos, diante dos portões do aeroporto de Cabul.

Duas explosões e disparos sacudiram a área diante do aeroporto na noite de quinta-feira, disseram testemunhas. Vídeos filmados por jornalistas afegãos mostraram dezenas de corpos espalhados ao redor de um canal à beira do aeroporto.

Uma autoridade de saúde e um oficial do Taliban disseram que o número de afegãos mortos subiu para 72, incluindo 28 membros do Taliban, mas um porta-voz do grupo negou mais tarde que qualquer um de seus combatentes vigiando o perímetro do aeroporto tenha sido morto.

Os militares dos EUA disseram que 13 de seus efetivos foram mortos e que 18 ficaram feridos no que descreveram como um ataque complexo.

O Estado Islâmico, um inimigo do Taliban e também do Ocidente, disse que um de seus homens-bomba visou "tradutores e colaboradores do Exército americano".

Não ficou claro se homens-bomba foram responsáveis pelas duas detonações ou se uma bomba foi plantada. Tampouco se sabe se atiradores do Estado Islâmico se envolveram no ataque ou se os disparos que se seguiram às explosões foram de seguranças do Taliban atirando para o alto para controlar a multidão.

Autoridades dos EUA prometeram retaliar.

O general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, disse que comandantes de seu país estão atentos para mais ataques do Estado Islâmico, o que inclui a possibilidade de foguetes ou carros-bomba visando o aeroporto.

"Estamos fazendo tudo que podemos para estar preparados", disse ele, acrescentando que alguma inteligência está sendo compartilhada com o Taliban e que acredita que "alguns ataques foram impedidos por eles".

As forças norte-americanas estão correndo para finalizar sua retirada do Afeganistão até o prazo de 31 de agosto estabelecido pelo presidente Joe Biden. Ele diz que os EUA atingiram há tempos seu objetivo original ao invadir o país em 2001: extirpar militantes da Al Qaeda e evitar uma repetição dos ataques de 11 de Setembro daquele ano nos EUA.

Biden disse que ordenou ao Pentágono que planeje como atacar o Estado Islâmico Khorasan, filiada do Estado Islâmico que assumiu a responsabilidade pelos atentados de quinta-feira.

"Não perdoaremos. Não esqueceremos. Caçaremos vocês e os faremos pagar", disse Biden durante comentários televisionados da Casa Branca.

Líder republicano pede suspensão do recesso na Câmara dos EUA para abordar crise no Afeganistão¹

O líder da minoria republicana da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos pediu nesta quinta-feira (26) que a presidente democrata da casa suspenda o atual recesso e convoque novamente as sessões para tratar da situação crítica no Afeganistão.

"É hora de o Congresso agir rapidamente para salvar vidas", afirmou o parlamentar Kevin McCarthy em um comunicado após o ataque mais cedo na área do aeroporto de Cabul, no qual soldados americanos foram mortos e feridos.

"Nossos inimigos se aproveitaram da natureza caótica da retirada", observou McCarthy.

Nancy Pelosi, a presidente democrata da Câmara, "deve colocar o Congresso de volta às sessões em 31 de agosto para que o governo do democrata Joe Biden possa nos informar de uma forma completa e compreensível", disse McCarthy.

O representante do estado da Califórnia também afirmou que a Câmara deve aprovar uma legislação "que proíba a retirada de nossas tropas até que todos os americanos estejam fora do Afeganistão", um projeto de lei que tem poucas chances de ser aprovado na Câmara controlada pelos EUA.

McCarthy também pediu que Biden "tome medidas decisivas para proteger nossas tropas, nossos cidadãos e nossos aliados, sem levar em conta um prazo arbitrário".

Na terça-feira, dois dias antes do ataque ao aeroporto de Cabul, Biden anunciou que seguiria seu plano para concluir a retirada das tropas americanas do Afeganistão até 31 de agosto.

O aeroporto de Cabul é o centro de uma grande ponte aérea internacional para a evacuação de funcionários e cidadãos de países ocidentais, mas também está lotado de afegãos que tentam deixar o país depois que o Talibã tomou o poder ao conquistar a capital em meados de agosto.

A Câmara suspendeu suas sessões para o recesso de outono em 24 de agosto e deve retornar às atividades em 20 de setembro.

¹com AFP

 

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