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‘Moraes e STF estão envolvidos em política até o pescoço’, afirma colunista do WSJ

Jornalista do The Wall Street Journal falou sobre a anulação da condenação de Lula e o bloqueio do Twitter/X no Brasil

No artigo que saiu na edição de domingo 8 do The Wall Street Journal, a colunista Mary Anastasia O’Grady, que é especialista em temas políticos do continente americano, declarou que o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF) estão profundamente envolvidos em política.

Ela expressou críticas severas contra as recentes ações agressivas de Moraes – e do STF – que atacam a liberdade de expressão, ordenando o bloqueio do Twitter/X no Brasil e a prisão de indivíduos por realizarem um “discurso de ódio” nas mídias sociais. Ela declarou que a recusa de Elon Musk em obedecer ordens ilegais que infringem a liberdade de expressão garantida pela Constituição Brasileira deixou “Moraes irritado”.

“Se a liberdade de expressão é uma medida de uma democracia liberal moderna, o Brasil está em apuros. A repressão à expressão e a negação do devido processo para aqueles que contradizem a versão da verdade do Estado remontam a 2020. Agora está piorando”, começa O’Grady.

Segundo a jornalista, Moraes entende que seu trabalho como juiz é amordaçar quem faça qualquer crítica contra o Judiciário. “O juiz De Moraes não tem nada contra X per se. Sua briga é com influenciadores de mídia social cujo uso de irreverência e escárnio como armas retóricas contra o establishment governante os torna populares no lado direito da política brasileira. (…) Mas o juiz De Moraes chama esses não conformistas de fornecedores de desinformação e uma ameaça à democracia. Ele considera que é seu trabalho amordaçá-los.”

Moraes e STF: A Política em Favor de Lula

Contudo, a colunista recorda que a questão é mais antiga e teve início com a decisão do STF de anular as condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso se estendeu à perseguição daqueles que criticaram a decisão do tribunal, à incerteza sobre o resultado da eleição e à impossibilidade de verificar o resultado.

Para Mary O’Grady tentar reverter o problema no Brasil passa primeiro por reconhecer o problema, que é a atuação política do STF. “Por mais de quatro anos, a Suprema Corte, liderada pelo juiz De Moraes e outros que compartilham sua sede de poder, tem se envolvido até o pescoço na política.”

Ao afirmar que Lula e seu partido estavam “no centro do maior escândalo de corrupção da história da América Latina — para o qual há uma tonelada de provas”, o STF, mesmo assim, “em 2021, o Supremo Tribunal Federal anulou a condenação de Lula por uma questão técnica, argumentando que ele foi julgado na jurisdição errada. Como o prazo de prescrição havia expirado, Lula saiu livre. Mas ele nunca foi exonerado”.

A consequência disso foi o descontentamento de uma grande parcela da população, manifestada por meio das redes sociais, mas severamente reprimida por Moraes e pelo STF, que se sentiram “ofendidos” pelas críticas, conforme relatado por O’Grady. Essa repressão continuou durante o processo eleitoral de 2022.

“Metade do país ficou furiosa, extravasando sua raiva nas redes sociais. Milhões de brasileiros passaram a se referir ao ex-presidente como um ladrão. O juiz De Moraes e seus colegas do Tribunal Superior, considerando-se acima da briga plebeia e irrepreensíveis, ficaram ofendidos com os discursos públicos contra eles. Durante a campanha presidencial de 2022, quando o juiz De Moraes também era presidente do Tribunal Eleitoral de sete membros, ele novamente se envolveu em censura para proteger Lula, que estava concorrendo a um terceiro mandato não consecutivo. Entre outras proibições ao ‘discurso de ódio’, era proibido dizer que Lula nunca foi inocentado no caso de suborno”, sustenta O’Grady.

A profissional de jornalismo sustenta que a auditoria do resultado do pleito era inviável, devido à recusa da lei que estipulava o “voto impresso”, anulada pelo tribunal.

“Quando o Tribunal Eleitoral anunciou que Lula havia vencido a eleição por uma margem estreita, alguns apoiadores de seu rival, o presidente Jair Bolsonaro, duvidaram dos resultados. Mas uma auditoria era impossível, porque o Tribunal Superior havia derrubado uma lei que forneceria um rastro de papel para verificar os resultados eletrônicos. Cidadãos frustrados e sem recurso apareceram em Brasília, onde o caos eclodiu em 8 de janeiro de 2022”, escreve a jornalista do WSJ.

O artigo é concluído pela colunista com a afirmação de que a ação de Moraes e do STF está enfraquecendo a confiança nas instituições brasileiras.“Mais repressão à fala, como banir o X, não ajudará. Em vez disso, pode-se esperar que leve a democracia brasileira ainda mais para o buraco”, conclui O’Grady.

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