China – Adota Toneladas de Diplomacia

DefesaNet

ChinaMil e Agência Noticiosas

 

O porta-aviões Liaoning, o único navio de guerra dessa classe de propriedade da China, chegou na última sexta-feira (7JUL2017) em Hong Kong em visita oficial. Essa foi a primeira ocasião em que a embarcação foi revelada ao público, que também pode visitá-la.

E foi um sucesso: milhares de pessoas enfrentaram longas filas para subir no navio de guerra orgulho da marinha chinesa, mas que foi construído na década de 1980 na União Soviética.

Após o colapso do bloco oriental, o navio foi abandonado no Mar Negro, até que nos anos 1990 foi comprado por um empresário para ser transformado em um cassino flutuante em Macau. Mas o governo chinês decidiu entrar nessa jogada, comprou o navio e o fez passar por uma longa reforma que modernizou seus equipamentos e o deixou apto para combates marítimos.

 Escolha política

A escolha do governo chinês por Hong Kong como primeira etapa pública do Liaoning não foi casual. Faz parte dos esforços para aumentar o patriotismo dos cidadãos locais em ocasião da comemoração do 20º aniversário do retorno da ex-colônia britânica sob a soberania de Pequim, mesmo que sob administração especial.

Almirante Ding Yi e a Administradora da Hong Kong Special Administrative Region (HKSAR) Lam Cheng Yuet-ngor cortam o bolo da recepção.

Entrada triunfal

O Liaoning foi escoltado até o porto de Hong Kong por dois contratorpedeiros e uma fragata. No convés principal, os marinheiros da Marinha de Libertação Popular da China formaram as palavras chinesas "Olá Hong Kong" para cumprimentar os cidadãos em frente aos arranha-céu da ilha de Hong Kong.

Tripulação saúda a população formando a frase "Olá Hong Kong".

Claro recado político

A visita também é recado para os independentistas de Hong Kong: nenhuma forma de rebeldia ao governo central será tolerada. "Todos os esforços para colocar em risco a soberania nacional, para desafiar a autoridade do governo central e a lei fundamental de Hong Kong, para utilizar Hong Kong para atingir – ou sabotar – a China continental, cruzam uma linha vermelha e são absolutamente inadmissíveis", declarou Xi Jinping durante um discurso realizado na ocasião da posse da nova chefe do executivo de Hong Kong. Pouco depois, na baía da antiga cidade-estado apareceu a Liaoning.

 

Sucata soviética ou arma poderosa?

O navio, pertencente a classe Kuznetsov e denominado em época soviética de “Varyag”, foi construído em um estaleiro ucraniano no final dos anos 1980. Após o colapso da União Soviética, o porta-aviões permaneceu esquecido por anos no Mar Negro, até que em 1998 foi comprado por US$ 20 milhões em 1998 por um misterioso empresário de Macau, que queria transformá-lo em um cassino flutuante.

Ele foi trazido pelo Bósforo até a China, contornando o Cabo da Boa Esperança e circumnavegando a África inteira. Mas logo que chegou na China o governo de Pequim tomou conta do navio e o transformou de novo em uma embarcação bélica. A remodelação do navio ocorreu na cidade portuária de Dalian, no nordeste da China.

O Liaoning é o primeiro porta-aviões da Marinha da China em atividade. O navio tem 300 metros de comprimento e pesa mais de 60 mil toneladas, sendo equipado com 24 caças Shengyang J-15 (Versão do ucraniano / russo Sukhoi SU-33). O Liaoning é o primeiro porta-aviões da Marinha da China em atividade.

Aeronaves embarcadas no Liaoning

Caças 24 Shenyang J-15 (Baseado no Su-33 com aviônica e turbinas do SU-27

– 8  Helicópteros Changhe Z-18F (Anti-submarino / Baseado no Super Frelon Francês anterior ao Airbus Helicopter Puma)

– 4  Helicópteros Changhe Z-18J   (AEW- Alerta Antecipado Baseado no Super Frelon Francês anterior ao Airbus Helicopter Puma)               

– 4 Harbin Z-9C (baseado no Airbus Heicopter Dauphin / Pantera no Brasil)

No total são 40 aeronaves embarcadas.

 

Caças Shenyang J-15 e helicóptero Changhe Z-18F no convoo do Liaoning.

Primeiro porta-aviões nacional

Entretanto, em abril passado Pequim lançou o primeiro porta-aviões construído inteiramente na China, chamado ainda Tipo Provisório 0001a. O novo casco de 70 mil toneladas também foi produzido nos estaleiros do porto de Dalian, com os seguintes dados técnicos:

 – comprimento 315 metros;

 -70 a 75 mil toneladas de peso de deslocamento;

 – velocidade máxima de 31 nós (+55 km/h).

Deverá entrar em operações em 2020.

Pequena aldeia de duas mil pessoas

Mais de duas mil pessoas vivem no navio, sob o comando do Almirante Dion Yi. Além dos militares, dezenas de cozinheiros e pessoal de limpeza. Homens e mulheres têm alojamento separado. Para ir de um ambiente para outro cada marinheiro deve utilizar seu próprio crachá, enquanto para ser autorizado a entrar na área das mulheres é necessário utilizar scanners de impressões digitais.

Comida étnica a bordo

om cerca de 20 grupos étnicos diferentes a bordo, a comida é particularmente variada. O navio oferece 10 cantinas, incluindo uma dedicada exclusivamente aos muçulmanos. A bordo são consumidas entre duas e quatro toneladas de alimentos por dia.

O interior do navio está equipado com mais de 3,8 mil cabines para dormir, salas para comer, academias e lavanderias. Existe uma sala de jantar e uma pequena loja onde marinheiros podem comprar vários produtos. O maior local é o hangar onde estão os aviões, helicópteros e caças de guerra.

Os Resultados

Segundo informe da Agência de Notícias chinesa Xinhua mais de 4.000 pessoas visitaram o Lianoing e mais de 40.000 pessoas os demais navios do Grupo-Tarefa constituídos por dois destroyers (Jinan and Yinchuan) e uma fragata (Yantai).

No mesmo dia em que aportou em Hong Kong foi realizada uma recepção a bordo. Quem está acostumado poderia pensar a que era a bordo de um porta-aviões da US Navy.  Recepcionados pelo Vice-Comandante da Marinha do PLA e da Força Tarefa Almirante Ding Yi as principais autoridades de Hong Kong e e muitas também de Pequim.

Recepção no hangar, ao fundo o caça Shenyang J-15. Uma cena até então comum nos porta-aviões americanos agora no Liaoning e nos futuros porta-aviões chineses.

 

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