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Mortes de militares dos EUA no Afeganistão são pesadelo para Biden

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ansiosamente tentando concluir a retirada norte-americana do Afeganistão, assistiu a um cenário de pesadelo se desenvolver nesta quinta-feira, quando um ataque suicida do lado de fora do aeroporto de Cabul matou pelo menos 12 soldados norte-americanos e feriu outros 15.

“Estamos revoltados e também de coração partido”, disse Biden em declaração na Casa Branca o início da noite. Ele prometeu “caçar” os agressores e chamou os soldados mortos de “heróis”.

“Eles simplesmente são parte do que chamo de espinha dorsal dos Estados Unidos… o melhor que o país tem a oferecer”, afirmou.

Biden, que está sendo criticado pela saída dos EUA após a rápida tomada de poder do Taliban no Afeganistão enquanto as forças norte-americanas se retiravam após duas décadas, vinha tentando reforçar a mensagem nos dias anteriores ao ataque de que os Estados Unidos estavam saindo do Afeganistão para salvar a vida de seus soldados.

A contagem de mortes do Exército dos EUA para a Guerra do Afeganistão é de 2.500 pessoas desde 2001.

Permanecer por mais tempo, disse o presidente democrata a repórteres em 20 de agosto, poderia significar que ele precisaria enviar “seus filhos, suas filhas –como meu filho foi ao Iraque– para talvez morrer. E para quê? Para quê?”.

As mortes militares dos EUA desta quinta-feira foram as primeiras no Afeganistão desde fevereiro de 2020 e representaram o dia mais mortal para as tropas norte-americanas no país em uma década.
 

Biden promete que EUA vão caçar autores de ataque no aeroporto de Cabul

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com a voz embargada de emoção, prometeu nesta quinta-feira que os EUA vão caçar os responsáveis pelas duas explosões ocorridas mais cedo no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, e disse que pediu ao Pentágono que desenvolva planos de ataque aos militantes islâmicos responsáveis pela ação.

Biden falou horas depois que as duas explosões mataram 12 soldados norte-americanos e feriram mais 15, no pior dia de baixas para as forças norte-americanas em uma década.

"Não vamos perdoar, não vamos esquecer. Vamos caçá-los e fazê-los pagar", disse Biden em declarações na Casa Branca.

Biden disse que os voos de retirada dos EUA no Afeganistão continuarão. Ele não deu qualquer indicação de mudança na meta de encerrar as retiradas até a próxima terça-feira.

"Também ordenei aos meus comandantes que desenvolvam planos operacionais para atacar os meios, lideranças e instalações do ISIS-K (Estado Islâmico-Khorasan). Responderemos com força e precisão em nosso momento, no lugar que escolhermos e no momento de nossa escolha", disse Biden.

Ataque suicida no aeroporto de Cabul mata dezenas de civis e 12 soldados dos EUA

Um ataque suicida do Estado Islâmico atingiu os portões do aeroporto de Cabul com uma forte explosão nesta quinta-feira, matando dezenas de civis e 12 soldados dos Estados Unidos, e também provocando um caos no transporte aéreo de milhares de afegãos desesperados para fugir do país.

O saldo de mortes norte-americanas, anunciado pelo general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, torna este o ataque mais letal contra as forças norte-americanas no Afeganistão em uma década e um dos mais graves de toda a guerra de 20 anos.

Autoridades de saúde do Afeganistão disseram que 60 civis morreram, mas não ficou claro se essa era a contagem completa. Vídeos publicados por jornalistas afegãos mostraram dezenas de corpos e vítimas feridas ao redor de um canal perto do aeroporto. Houve pelo menos duas explosões na região, segundo testemunhas.

O Estado Islâmico, que emergiu no Afeganistão como inimigo tanto do Ocidente quando do Taliban, reivindicou a autoria do ataque em um comunicado no qual diz que um dos suicidas tentara atingir “tradutores e colaboradores do Exército norte-americano”. Autoridades dos EUA também culparam o grupo.

As mortes norte-americanas foram as primeiras em ação no Afeganistão em 18 meses, o que deve ser citado por críticos que acusam o presidente Joe Biden de abandonar de maneira imprudente um status quo estável e duramente conquistado ao decidir por uma retirada abrupta.

Uma vala perto das cercas do aeroporto estava cheia de cadáveres encharcados de sangue, alguns sendo amontados nas margens do canal, enquanto civis choravam e procuravam seus entes queridos.

“Por um momento, achei que meus tímpanos haviam explodido e perdi a audição. Eu vi corpos e partes de corpos voando pelo ar como um tornado soprando sacos de plástico. Eu vi corpos, partes de corpos de idosos e homens feridos, mulheres e crianças espalhados pelo local da explosão”, afirmou um afegão que tentava chegar ao aeroporto.
 

“Corpos e feridos estavam na rua e no canal de esgoto. Aquela água saindo do canal havia se transformado em sangue”.

O general dos EUA McKenize afirmou que os Estados Unidos seguiriam em frente com as retiradas de pessoas, citando que ainda havia cerca de 1.000 cidadãos norte-americanos no Afeganistão.

No entanto, vários países ocidentais disseram que os voos em massa com civis afegãos estava terminando, provavelmente deixando dezenas de milhares de afegãos que trabalharam para o Ocidente durante as duas décadas de guerra sem uma saída.

A violência do Estado Islâmico é um desafio para o Taliban, que prometeu aos afegãos que levaria paz ao país que conquistou rapidamente. Um porta-voz do Taliban descreveu o ataque como o trabalho de “círculos do mal” que seriam suprimidos uma vez que as tropas estrangeiras fossem embora.

Países ocidentais temem que o Taliban, que outrora deu abrigo a Al Qaeda de Osama Bin Laden, permitirá que o Afeganistão se transforme em um porto seguro a militantes. O Taliban diz que não deixará o país ser usado por terroristas.

ESTADO ISLÂMICO

Combatentes alegando fidelidade ao Estado Islâmico começaram a surgir na parte leste do Afeganistão no final de 2014. Eles estabeleceram uma reputação de extrema brutalidade enquanto lutavam contra o Taliban por razões ideológicas e para controlar o contrabando local e as rotas de narcóticos, de acordo com os serviços de inteligência ocidentais.

Desde o dia anterior à invasão do Taliban em Cabul, os Estados Unidos e seus aliados realizaram uma das maiores retiradas aéreas da história, transportando cerca de 95.700 pessoas, incluindo 13.400 na quarta-feira, informou a Casa Branca nesta quinta-feira.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que pelo menos 4.500 cidadãos norte-americanos e suas famílias foram retirados do Afeganistão desde meados de agosto.

O Taliban encorajou os afegãos a ficar, embora afirme que aqueles com permissão para sair ainda poderão fazê-lo assim que as tropas estrangeiras partirem e os voos comerciais forem retomados.

O regime do Taliban, de 1996 a 2001, foi marcado por execuções públicas e pela restrição de liberdades básicas. As mulheres eram proibidas de ir à escola ou ao trabalho. O grupo foi derrubado há duas décadas por forças lideradas pelos EUA por receber os militantes da Al-Qaeda, responsáveis pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

O Taliban disse que respeitará os direitos humanos de acordo com a lei islâmica e não permitirá que terroristas operem dentro do país.

 

 

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