O Complexo Caminho da Logística na Amazônia

 

General-de-Divisão Guilherme Theophilo
Comandante da 12ª Região Militar.

 
No atual cenário mundial, caracterizado porintensas transformações impulsionadas pelos avanços tecnológicos, as integrações comerciais e financeiras e a acirrada concorrência mundial, o tema logística vem se tornando uma das áreas centrais para as organizações.

Este reconhecimento decorre do potencial da logística para agregar valores aos clientes e criar vantagens competitivas às empresas, na medida em que os custos logísticos, principalmente os relativos aos meios de transportes, representam uma parcela expressiva no custo total das mercadorias.

Para a logística militar, esses aspectos não são diferentes. A logística e a estratégia sempre foram atividades valorizadas no meio militar, uma vez que o uso adequado de ambas tem sido fator decisivo para a obtenção de vantajoso poder de combate. Além do mais, existe uma interdependência entre estratégia, tática e logística militares, imprescindível para o sucesso das operações em campo de batalha, seja em exercício ou em situação real.

No caso específico do Comando Militar da Amazônia, em decorrência do valor estratégico da Região Amazônica para o Brasil e o mundo, a execução de uma logística eficaz e efetiva é fator determinante para a presença e a atuação das Forças Armadas, vitais para resguardar a soberania nacional.

A Amazônia Ocidental, região fronteiriça com cinco países e formada pelos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, caracteriza-se pelos grandes vazios demográficos, pelo afastamento dos grandes centros produtores nacionais, por possuir a maior bacia fluvial e a maior floresta tropical do mundo, pelo clima equatorial, quente e úmido, pela constância de chuvas abundantes ao longo do ano, pelas grandes distâncias entre centros urbanos, pela inexistência do modal ferroviário e escassa malha rodoviária, e pelo número reduzido de fornecedores, dentre outros aspectos.

Isso posto, percebe-se que as inúmeras peculiaridades da Amazônia Ocidental se convertem em sérios óbices à logística, motivando o desenvolvimento de diversos estudos, investimentos e inovações sustentáveis para aprimorar a gestão do fluxo físico do suprimento dos fornecedores aos clientes finais.

Nesse contexto, surge o importante papel da 12ª Região Militar, “Região Mendonça Furtado”, Comando Territorial subordinado ao Comando Militar da Amazônia e com sede em Manaus, responsável pelo apoio logístico do Exército Brasileiro na Amazônia Ocidental.

Dentre outras atribuições, a 12ª RM planeja, coordena, executa, integra e controla as funções logísticas de transporte, suprimento, manutenção, salvamento, engenharia, saúde e recursos humanos, beneficiam diretamente os quase 19 mil militares do Exército Brasileiro existentes nos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, os quais são alvos de substanciais benefícios indiretos.

Para exemplificar, em 2013, foram alistados exatos 70.412 jovens, dos quais 4.540 foram incorporados, sendo 107 indígenas. Anualmente, a 12ª RM investe em torno de R$ 32 milhões exclusivamente em alimentação, transporta em torno de 1.500.000 t de carga só no modal fluvial, investe valores superiores a R$ 800 mil em empresas aéreas regionais e quantias de dezenas de milhões em obras da construção civil e serviços de saúde.

Destaca-se, ainda, no contexto da integração regional, sobretudo em sua vertente social, a regularização das áreas das comunidades ribeirinhas tradicionais existentes na Área de Instrução do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) com a Concessão do Direito Real de Uso Resolúvel (CDRUR), atendendo 141 famílias, solucionando, assim, uma demanda de 49 anos.

Dessa forma, percebe-se que o caminho adotado pela 12ª RM, otimizando a gestão e a aplicação de recursos diretamente na logística militar, contribui efetivamente para o desenvolvimento econômico e social da região, o que a faz ser o verdadeiro elo entre a Estratégia Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Desenvolvimento.

Nota – Artigo publicado na Revista Floresta Brasil Amazônia, ano 2, nº 07, Dez/2013 a Fev/2014.

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