CSTA – Treinamento e Simulação


SI VIS PACEM, PARA BELLUM
SE DESEJARES A PAZ, PREPARA-TE PARA A GUERRA.
(século IV dC por Flávio Vegécio)

 
 
O preparo e emprego das Forças Armadas são orientados pelo conjunto de conceitos, princípios, normas, métodos, processos e valores, estabelecidos na Doutrina Militar em seus diversos segmentos.
 
O Exército Brasileiro, em seu C 20-320 – Glossário de Termos Expressões para uso no Exército define: “Doutrina Militar – Conjunto de conceitos, princípios, normas, métodos, processos e valores, que tem por finalidade estabelecer as bases para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”.
 
Conceitos, princípios e valores evoluem em consequência da conjuntura social e política
na qual se inserem as Forças Armadas. Já normas, métodos e processos, em geral, evoluem pela descoberta e implantação de novas tecnologias.
 
Na era da Tecnologia da Informação – TI, as mudanças ocorrem, principalmente na área do treinamento, em ritmo da internet, abrindo possibilidades por vezes antes nem imaginadas, com a mudança de uma nova tecnologia para outra.
 
Na Estratégia Nacional de Defesa (END), DEC N° 6703 de 18 DEZ 2008, se estabeleceu
como um dos eixos estruturantes dessa estratégia a reestruturação da indústria de defesa. Ainda, mantido o que já estava acordado no passado, está dito que caberá às forças de defesa realizar a missão de treinar e preparar seu efetivo para operação e resolução de problemas básicos (troubleshooting) dos equipamentos utilizados.
 
Ocorre que os contratos executados possuem, em geral, limitadores para o treinamento continuado, estabelecendo, quase sempre, apenas um treinamento inicial restrito à formação de treinadores multiplicadores, para os processos de treinamento utilizados para aquele contrato.
 
Já na sua aplicação inicial, o processo utilizado poderá estar superado tecnologicamente ou deixar de agregar novas técnicas que surgem a cada dia, por não ser suficientemente flexível e tecnologicamente avançado.
 
O resultado desses acontecimentos, em geral, é a depreciação gradativa na qualidade do padrão de informação a ser transmitida e, por consequência, a incidência cada vez maior de erros por mau uso dos recursos, o que gera mais riscos para seu operador e necessidade adicional de manutenção técnica, além de perda dos equipamentos por dano, forçando a novas compras para reposição ou o sucateamento dos indisponíveis.
 
Não se trata de uma regra, mas de uma tendência na grande maioria dos casos.
 
Os atuais programas de transferência de conhecimentos e de treinamento são realizados, em sua grande maioria, em ambientes reais, buscando familiarizar o operador ao ambiente e às circunstâncias que deverá enfrentar, evitando surpresas ou reações adversas. Porém, os custos envolvidos no aparato logístico necessário para a criação do
“ambiente real” e os custos para a realização do treinamento, função de deslocamentos, manutenção das instalações etc., são um fator impeditivo para sua realização na freqüência e, principalmente, abrangência necessárias, para a manutenção da capacitação da Defesa em Forças Armadas desdobradas pelo País.
 
Existe uma máxima nas forças armadas de países mais desenvolvidos de que:

Onde não há guerra, há simulação.
Onde não há simulação, há guerra.

Onde não há simulação nem guerra, não existe defesa.

 
Se considerarmos o atual estágio tecnológico e a quantidade de recursos já disponíveis, que acompanham os dispositivos funcionais dos equipamentos, os modelos de  capacitação e treinamento utilizados nas Forças Armadas estão, via de regra, inadequados e obsoletos, principalmente quanto a abrangência do treinamento, em face
às demandas existentes.
 
No que se refere a emprego de tecnologia para treinamento operacional, os programas de Offset, em muitos casos são subaproveitados ou utilizados de forma que a transferência de tecnologia, ou Know-how não sejam explorados na sua plenitude, com pouca relevância no quadro de reciprocidades do fornecedor internacional. Assim se deixa de explorar as modernas ferramentas de capacitação para a operação, ainda que sejam usadas por um pequeno contingente, gerando dependência estratégica permanente em treinamento ou obsolescência programada dos recursos de capacitação
disponibilizados, quando estes são considerados.
 
Exemplares dessa situação são:

– Alguns dos simuladores de aeronaves, cujos softwares e hardwares, de há muito têm a sua capacidade de treinamento reduzida, devido à indisponibilidade, à obsolescência e até mesmo à inexistência de peças e componentes de reposição no mercado sejam por indisponibilidade seja por obsolescência dos componentes, sem ao menos peça de reposição no mercado.

– Treinamentos reproduzidos em slides (Powerpoint) que ficam desatualizados e incompatíveis com as versões mais modernas dos equipamentos, além de dependerem de instrutor para seu pleno entendimento.
 
Com base na END (Estratégia Nacional de Defesa Decreto Nº 6.703 -18 Dez 08) onde
aponta os três eixos estruturantes, a saber:

  Reorganização das Forças Armadas;
–  Reestruturação da Indústria da Defesa e;
–  Composição dos efetivos das Forças Armadas.

 
No que diz respeito a Indústria da Defesa alguns passos já estão sendo dados e em especial pela ABIMDE, que em dezembro de 2012, com o apoio da APEX, viabilizou a participação de 13 empresas nacionais ligadas a tecnologia de simulação e treinamento no evento internacional anual I/ITSec em 2012, que envolve as mais importantes e expressivas empresas ligadas ao mercado de simulação e treinamento que movimenta Us$ 15 bilhões (fonte NTSA – National Training and Simulation Association).

Fruto desta inciativa, foi criado o comitê de simulação e treinamento da ABIMDE (CSTA) que tem como propósito, dar maior visibilidade às empresas do setor junto ao mercado de Defesa e possibilitar uma maior sinergia entre as empresas participes através de cooperação e complementariedades de competências.
 
Outra leitura, é possibilitar que empresas estrangeiras possam identificar oportunidades de parcerias, seja em programas de Offset ou de Joinventures, fomentando a transferência de tecnologias para empresas nacionais através da capacitação de mão obra local.
 
Isto possibilitará uma maior oportunidade para desenvolvimentos de projetos locais como a capacitação para manutenção e continuidade de programas que como sabemos, muitas vezes tornam-se obsoletos por falta de meios locais para sua continuidade e assistência técnica.
 
Hoje existem cerca de 50 nichos de especialidades de mercado voltados para este segmento e treinamento e simulação contemplando: construção simuladores de aeronaves, veículos terrestres e aquáticos, como de armas de todos os tipos, passando por jogos de infantaria (serius game), indo para simulação construtiva, que integra diversos tipos de simulação de missão tática e estratégica, considerando todos os recursos e insumos necessários para sua viabilização como hardware, software, projetores, construção de ambientes de imersão, óculos especiais, sistemas de sonorização, sistemas de vibração, atuadores de movimento entre outros dispositivos eletroeletrônicos.
 
O assunto é amplo, complexo, fascinante e necessário para o seguimento de Defesa e Segurança Pública, que certamente propiciará o fomento deste mercado no Brasil e cada
vez mais será demandando em face das necessidades de otimização do emprego de recursos como nas ações de planejamento e treinamento de suas missões.

 

Mais informações sobre os trabalhos do CSTA  podem ser acessados em :

http://cstabimde.wix.com/csta

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