Vírus-Chinês: Trump adverte Pequim sobre possíveis ‘consequências’ devido à pandemia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste sábado que poderia ter "consequências" para a China se sua responsabilidade voluntária na pandemia de coronavírus fosse demonstrada.

"Poderia ter sido detido na China antes de começar e não foi", afirmou o presidente na Casa Branca durante sua entrevista coletiva diária sobre a epidemia.

"E agora todo mundo está sofrendo com isso", acrescentou.

Trump foi questionado se Pequim sofreria consequências pela pandemia que começou na cidade chinesa de Wuhan em dezembro e deixou mais de 157 mil mortos em todo o mundo.

"Se foi um erro, um erro é um erro … mas se eles foram intencionalmente responsáveis, sim, deve haver consequências."

"Foi um erro que saiu do controle ou foi deliberado?", ele se perguntou. "Há uma grande diferença entre as duas coisas".

"Nos dois casos, eles deveriam ter nos deixado entrar", disse.

"Pedimos a eles que nos deixassem entrar logo no inicio. E eles não nos queriam lá. Acho que sabiam que era uma coisa ruim e estavam envergonhados".

"Eles dizem que estão fazendo uma investigação", acrescentou Trump.

"Então, vamos ver o que acontece com a investigação deles. Mas também estamos investigando".

O governo americano diz que não descarta que o novo coronavírus tenha saído de um laboratório de Wuhan, que estudava tipos de coronavírus em morcegos.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, rejeitou as reportagens da imprensa americana sobre essa hipótese, alegando que eles não têm "base científica".

Trump também expressou suas dúvidas sobre os números oficiais de mortes na China, onde o coronavírus causou 0,33 mortes por 100.000 pessoas.

"Esse número é impossível", disse o presidente republicano. "É um número impossível de alcançar."

Segundo os dados apresentados na conferência de imprensa, os Estados Unidos tiveram 11,24 mortes por 100.000 habitantes, enquanto na França foram 27,92 e na Espanha 42,81.

Estado americano processa líderes da China por resposta à COVID-19

O estado americano do Missouri abriu nesta terça-feira (21) um processo contra os líderes chineses por sua conduta na gestão da pandemia da COVID-19, buscando reparação por danos causados.

"O governo chinês mentiu para o mundo sobre o perigo e a natureza contagiosa da COVID-19, silenciou os denunciantes e fez pouco para impedir a propagação da doença", afirmou o procurador-geral do Missouri, Eric Schmitt.

"Eles (líderes) devem ser responsabilizados por suas ações", declarou.

A primeira ação judicial desse tipo ocorre em meio a pedidos no Congresso dos Estados Unidos para punir a China e a uma campanha do presidente Donald Trump para responsabilizar Pequim, enquanto o próprio presidente é criticado ele próprio pelo tratamento da crise.

O Missouri, um estado no centro do país governado pelo Partido Republicano de Trump, entrou com uma ação judicial em um tribunal federal, alegando uma quantidade não especificada de danos e uma ordem judicial sobre as ações prejudiciais da China, que supostamente incluem acúmulo de equipamento de proteção.

As chances de êxito do processo são pequenas, já que a lei americana, sob o princípio da imunidade soberana, geralmente proíbe ações legais contra governos estrangeiros.

O Missouri abordou a questão processando as autoridades do Partido Comunista, argumentando que não é formalmente um órgão do estado chinês.

Citando uma estimativa de que o Missouri pode perder dezenas de bilhões de dólares devido ao vírus e medidas para impedir sua disseminação, o processo acusa o Partido Comunista Chinês de agir em "desrespeito deliberado, intencional e imprudente contra direitos do Estado e de seu povo".

Trump e Joe Biden, seu rival democrata nas eleições presidenciais de novembro, acusam o dedo a China pela pandemia, refletindo a opinião pública, conforme uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, que indica que 66% dos americanos têm uma opinião ruim de Pequim.

Os Estados Unidos são agora o epicentro da pandemia de coronavírus, com mais de 42.000 mortos e 784.000 infectados.

 

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