ISRAEL ENTRE DUAS GUERRAS: no front e na opinião pública internacional

 

André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos, consultor de agências e órgãos
internacionais em matéria de conflitos de média e baixa intensidade,
especialista em Ciências Penais e Mestrando em Direito.

 

O que vemos atualmente em Gaza, é um filme que se repete pela terceira vez e pelo que tudo indica, será eterno pois as motivações que envolvem ambos os lados são irreconciliáveis. O Estado de Israel trava uma batalha em dois fronts distintos. O primeiro, reservado as operações militares contra o Hamas, na Faixa de Gaza, que já sabemos antecipadamente o resultado.  O segundo, talvez o principal e mais delicado, na mídia internacional, que o acusa de uma série de violações contra o povo palestino e do uso desproporcional da força, mobilizando a opinião pública contra os ataques.

Neste confronto, de fortes imagens, a vitória sempre foi dos palestinos uma vez que é impossível compreender e aceitar a morte de crianças e idosos nesta violência. E pela proporção, no número de mortes e feridos, não se trata de uma guerra assimétrica, mas de uma tragédia humanitária que vem exterminando gerações.

Podemos dizer que este é  um conflito de difícil compreensão para nós ocidentais e por este motivo, não entro no mérito de quem está certo ou errado e tampouco acredito em uma solução pacífica, enquanto o radicalismo permanecer. A única esperança ainda é a diplomacia do Conselho de Segurança das Nações Unidas, embora não tenha obtido êxito nos episódios anteriores.

Sob o ponto de vista sociológico, assemelha-se aos confrontos sistemáticos nas favelas brasileiras, onde uma minoria  delinquente faz refem a maioria trabalhadora e a polícia, trata a todos indistintamente.

Já não importa saber quem iniciou o conflito, ou os cem mísseis dia, lançados de Gaza contra o território israelense, tampouco o radicalismo dos combatentes do Hamas que usados como massa de manobra por outros países da região e financiados por estes, tem a ideia fixa de destruir Israel. E, nesta insanidade, usam assim como seus manipuladores, seus irmãos como escudos humanos não importando se irão perder a vida. Basta que cumpram sua tarefa de resistência e fé. 

A imagem que fica gravada em nossas mentes, não são as dos mísseis palestinos, mas do  canhão e da criança como relação de poder desproporcional, o que acaba tornando irrelevante qualquer argumento a favor dos israelenses. Mesmo que o Hamas tenha construído túneis com recursos doados para a assistência social e escolhido escolas e hospitais como depósito para mísseis.

Desta forma, torna-se complicado analisar a questão baseado na racionalidade, e de certa maneira até constrangedor. Provavelmente, este sempre tenha sido o principal objetivo do Hamas, uma guerra que produz imagens para impactar o psicológico da opinião pública internacional, o que tem obtido êxito considerável pois é da natureza humana, torcer para que o mais fraco derrote o mais forte, independente da motivação que os levaram  a contenda. 

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