“O partido da Defesa é a pátria”, diz Dilma em posse de Amorim

Fernando Exman

O governo aproveitou ontem a posse do novo ministro da Defesa, Celso Amorim, para tentar abater no nascedouro o estranhamento gerado nas Forças Armadas pela nomeação do ex-chanceler. Em um gesto para se aproximar dos militares, Amorim prometeu trabalhar dentro do governo para garantir as verbas necessárias ao reequipamento do Exército, Marinha e Aeronáutica. Já a presidente Dilma Rousseff tratou de afastar desconfianças surgidas nas tropas pelo fato de Amorim ser um diplomata de carreira filiado ao PT.Dilma argumentou que militares e diplomatas têm características comuns. São carreiras de Estado que contam com quadros de grande formação técnica, moderação em manifestações públicas, elegância nos relacionamentos e disciplina à hierarquia, destacou.

"A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à Constituição e a subordinação aos interesses nacionais. O partido do Ministério da Defesa é a pátria. Os senhores sabem disso, o novo ministro sabe disso", discursou Dilma na posse do auxiliar, lembrando que sob a responsabilidade do Ministério da Defesa estão diversos projetos estratégicos para o país e que a troca de comando é uma "rotina".

A Pasta participa, por exemplo, do plano do governo de proteção às fronteiras e coordena os debates sobre o reaparelhamento das Forças Armadas. "São projetos que não podem, em hipótese alguma, sofrer atrasos, rupturas ou adiamentos. Escolhi o ministro Celso Amorim porque eu tenho certeza absoluta que, com ele, esses projetos terão continuidade e ganharão maior velocidade e solidez", comentou Dilma.

Amorim prometeu esforçar-se para fortalecer a indústria nacional de material militar, ampliar a autonomia tecnológica e promover o debate sobre direitos humanos nas Forças Armadas, assim como lutar por melhores salários para os militares. "Não ignoro a centralidade da questão orçamentária. Conhecendo a atenção que a presidenta da República atribui aos assuntos de Defesa, cabe a mim empenhar-me em obter os recursos indispensáveis ao equipamento adequado das Forças Armadas", sublinhou Amorim a uma plateia repleta de ministros e representantes das três Forças.

Amorim, que afirmou não ter tratado ainda em seu novo cargo da compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira, destacou que o Brasil precisa ter meios para proteger sua infraestrutura e recursos naturais, como a Amazônia e o petróleo da camada pré-sal. "Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido como um país desarmado e indefeso."

Ressaltando que as forças de paz das Nações Unidas lideradas pelo Brasil precisam consolidar seu trabalho no Haiti, Amorim defendeu a discussão de uma estratégia de retirada das tropas daquele país. Ex-ministro das Relações Exteriores nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Itamar Franco, Amorim assume a função depois da demissão de Nelson Jobim.

O pemedebista pediu demissão depois de ter dado uma série de declarações polêmicas à imprensa.

DefesaNet

Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de posse do Ministro da Defesa, Celso Amorim Link

Íntegra do discurso do ministro Celso Amorim ao tomar posse como ministro da Defesa Link

Defesa – Amorim Reúne-se pela Primeira vez com os Comandantes Militares Link

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