EDITORIAL – Crise na AVIBRAS. Qual crise?


Editorial DefesaNet
Crise na AVIBRAS. Qual crise?

 
Crise é uma palavra que convive com os 54 anos de história da AVIBRAS Indústria Aeroespacial SA. E nesta última crise ela está há longo tempo em uma persistente e corrosiva.

O Exército Brasileiro recebeu seus primeiros ASTROS II , em 1990, que eram unidades produzidas para o Iraque e pela inadiplência de Sadam Husseim foram repassadas pela AVIBRAS ao Governo Brasileiro em quitação de impostos.

Logo em seguida a invasçao do Kuwait pelas forças do Iraque foi outra oportunidade com a Arábia Saudita comprando o estoque de foguetes, curiosamente produzidos para o Iraque e estocados.

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Os anos 90 foram duros cruzados com a fabricação de antenas parabólicas e qualquer coisa que fizesse negócio. A nova venda do Sistema ASTROS  foi para a Malásia, em 2001, na oportunidade o Presidente Fernando Henrique deu garantias do Governo Brasileiro para a realização do negócio.   

Fundada pelo Engenheiro ITA João Verdi Carvalho Leite, em  1961, produtora da primeira aeronave brasileira o treinador Falcão, inovadora em muitos campos e mais conhecida pelo Sistema de Foguetes ASTROS (Artillery Saturation Rocket System).

A única arma estratégica desenvolvida pelo Brasil e que foi reconhecida por quem teve que enfrentá-la o US Army na Operações Desert Shield e Desert Storm (1991).

O que vemos, a impressionante imagem dos foguetes sendo disparados, não é o segredo da AVIBRAS. A real capacitação da AVIBRAS muito poucos tiveram a oportunidade de conhecer as instalações de produção de propelente sólido e da arte que é montá-los nos foguetes e mísseis (como a a atual recuperação do EXOCET).

A velocidade de queima do propelente sólido tem de ser exata, pois se for mais rápida o foguete cai antes do alvo, se mais lenta o foguete atinge além do alvo. Também gerar pouca fumaça e calor.

É dessa expertise hoje dominada por: Estados Unidos, Rússia e quem sabe China, que desejamos manter.

Na gestão do ministro da Defesa Nelson Jobim, foi incubido o General-de-Exército De Nardi, antes e depois de assumir como Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), para procurar uma solução para a AVIBRAS. Muito foi conseguido como a liberação de cadastros e créditos para a empresa.

Também foi procurada uma solução de maior fôlego como a associação a um grupo nacional ou talvez internacional. Todas as tentativas foram obstaculizadas pelo sucessor do Engenheiro Joao Verdi, seu filho João Brasil Carvalho Leite. Que ocupa uma posição no Conselho da empresa, mas obstaculiza as ações por ser o maior acionista.

Seu objetivo é ter um valor de venda que fonte qualificadas do setor de defesa consideram irreal, pois a empresa vergada pelos passivos: tributário, fiscal, com fornecedores e trabalhistas está com patrimônio negativo.

Nesta realidade resta ao presidente Sami Hassuani perambular pelos corredores da burocracia de Brasília, como um Diógenes, da era moderna, com sua lamparina a procura da solução financeira  perfeita.

Antes de sua morte, em acidente aéreo, o Eng João Verdi afirmou ao editor de DefesaNet. “O ASTROS ainda tem uma vida de mais de 50 anos”.  Os projetos SS-40GA e AV-TM300, em desenvolvimento dentro do Programa Estratégico do Exército ASTROS 2020 sinalizam isso.

Porém, no momento por incúria, sonhos dissociados da realidade ou mera birra conduzem de forma acelerada para que isto não aconteça.

Não só os postos de trabalho, não só os contratos próximos com a Arábia Saudita, Emirados Árabes, Catar, e outros. Não só o projeto ASTROS 2020, mas isto sim a única e real indústria estratégica de armamentos brasileira.

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