FAB também é lugar de mulher

Pela primeira vez uma mulher comanda helicóptero de ataque da FAB

A Tenente Aviadora Vitória Bernal Cavalcanti entrou para a história da aviação brasileira ao se tornar a primeira mulher do País a alçar voo no comando de um helicóptero de ataque. Na última sexta-feira (06/03), ela realizou a sua primeira instrução no cockpit da aeronave AH-2 Sabre, com sede na Base Aérea de Porto Velho.

“É uma grande honra e responsabilidade ser a primeira mulher a pilotar um helicóptero de ataque da Força Aérea Brasileira. Espero que isso sirva de inspiração para todas as mulheres, mostrando que, por meio do esforço e da dedicação, nós podemos alcançar qualquer objetivo”, ressaltou.

Formada pela Academia da Força Aérea (AFA) em 2013, a Tenente Vitória, hoje aos 23 anos, é natural de São Paulo (SP). Ela é a primeira aviadora do Esquadrão Poti, equipado com os helicópteros de ataque AH-2. A aeronave, armada com um canhão de 23mm e capaz de lançar mísseis e foguetes, é blindada e pesa 12 toneladas.

"Ainda terei muitos estudos e treinamentos pela frente para cumprir todas as ações da FAB atribuídas ao Esquadrão Poti, que são defesa aérea, ataque, escolta, supressão de defesa aérea inimiga, varredura e apoio aéreo aproximado”, destacou.

Após voar aviões T-25 e T-27 na AFA, a Tenente Vitória passou um ano em Natal (RN), no comando de helicópteros H-50 Esquilo. Transferida em 2015 para Porto Velho, seu primeiro desafio foi o curso teórico da aeronave AH-2 Sabre. Agora, ela treina para atuar como POSA (Piloto Operador de Sistemas de Armas), responsável por acionar o armamento do AH-2.

Força Aérea também é lugar de mulher

No começo, elas eram exceções. Mas agora, a presença de mulheres na Força Aérea Brasileira já é uma realidade em praticamente todos os setores: das cabines de aeronaves de combate até o comando de uma organização militar. Desde 2003, houve um aumento de 277% da participação feminina. Hoje são 10.160 mulheres na FAB, o equivalente a 14,55% do efetivo de militares. Para se ter uma ideia, dos Terceiros-Sargentos formados na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) nos últimos sete anos 5.739 são homens e 3.057, mulheres.

E cada vez mais jovens se interessam pela carreira, como Williany Cássia Oliveira da Silva, de 17 anos. Ela mora em Guaratinguetá (SP), onde está localizada a EEAR, e, de tanto ver jovens de todo o Brasil iniciarem a carreira militar, decidiu seguir o mesmo caminho. “Acho interessante e me empolgo quando falam sobre a rotina dentro da escola. Sei que nós, mulheres, podemos mostrar toda a capacidade que temos para exercer as mesmas profissões e as mesmas funções que um sexo masculino dentro do militarismo", ressalta.

Neste ano, a presença feminina na FAB teve mais um marco: em janeiro, pela primeira vez, uma mulher passou a comandar uma organização militar da instituição. A Coronel Médica Carla Lyrio Martins assumiu a Casa Gerontológica Brigadeiro Eduardo Gomes, sediada no Rio de Janeiro.

HISTÓRIA

As pioneiras na FAB ingressaram em 1982, quando foram criados os quadros femininos de oficiais e de graduadas. A entrada de mulheres na Academia da Força Aérea (AFA) no Quadro de Oficiais Intendentes foi autorizada em 1995. Oito anos depois, em 2003, a AFA recebeu as primeiras mulheres para o Curso de Formação de Oficiais Aviadores. Já na Escola de Especialistas de Aeronáutica, a primeira vez que elas puderam ingressar foi em 2002.

E, aos poucos, elas foram conquistando espaço dentro da instituição. Em 2003, a então Cadete Gisele Cristina Coelho de Oliveira foi a primeira piloto militar a voar sozinha em uma aeronave da FAB. Já em 2009, pela primeira vez, uma dupla feminina comandou uma missão: as tenentes Joyce de Souza Conceição e Adriana Gonçalves, do Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo, decolaram de Manaus (AM) em um C-98 Caravan em direção a Parintins (AM).

No futuro, toda a Força Aérea Brasileira poderá ser comandada por uma mulher. Isso porque a FAB já tem mulheres no quadro de Oficiais-Aviadores desde 2006, quando foi formada a primeira turma. Hoje, elas são 40 Oficiais e Aspirantes-a-Oficial e podem voar em todos os tipos de aeronaves, como caças, helicópteros e aviões de transporte. Outras oito cadetes-aviadoras estão em treinamento na AFA. As pioneiras atingiram, em 2014, o posto de Capitão.

INGRESSO

As mulheres podem ingressar na Força Aérea por meio das escolas de formação de sargentos e oficiais. Todos os exames de seleção, independentemente da escolaridade exigida, obedecem as seguintes etapas: prova teórica, exame de aptidão psicológica, teste de avaliação do condicionamento físico, inspeção de saúde e, em alguns concursos, prova de títulos e prova prática.

Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) – Guaratinguetá (SP)

Para ingressar no Curso de Formação de Sargentos é preciso ter concluído o ensino médio e não ter completado 24 anos até a data da matrícula e início do curso. As mulheres podem cursar a EEAR nas especialidades de Eletricidade, Eletrônica, Equipamentos de Voo, Meteorologia, Suprimento, Administração, Informações Aeronáuticas, Cartografia, Desenho, Enfermagem e Eletricidade.

O curso tem duração de dois anos e forma militares de carreira. Ao receber o diploma, a aluna passa para a graduação de Terceiro-Sargento especialista podendo, por meio de seleções internas, se tornar oficial.

Academia da Força Aérea (AFA) – Pirassununga (SP)

A candidata ao Curso de Formação de Oficiais Aviadores e Intendentes precisa ter concluído o ensino médio e não possuir menos de 17 anos na data da matrícula nem completar 21 anos até 31 de dezembro. Os cursos têm duração de quatro anos e, ao formar-se, a cadete é diplomada Aspirante-a-Oficial da Força Aérea Brasileira e poderá chegar a oficial-general.

Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) – Belo Horizonte (MG)

Para ingressar, a candidata precisa ser formada em instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC, ter registro no respectivo conselho regional e possuir, no máximo, 32 a 35 anos, dependendo da especialidade. O curso tem duração máxima de 17 semanas e, ao concluí-lo, a estagiária é nomeada Primeiro-Tenente e segue carreira como oficial da FAB. Há oportunidades para médicas, engenheiras e advogadas, entre outras.


Sargento da FAB sonha com Olimpíadas no Rio

Quinta colocada na IX Meia Maratona Internacional de São Paulo disputada domingo (01/03), com o tempo de 1 hora 20 minutos e 28 segundos, a Sargento Roselaine Sousa Ramos Benites tem um sonho: disputar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016.

"Participar de uma olimpíada é o sonho de todo atleta. Pessoalmente, é questão de honra mesmo. Talvez, muitos ainda não tenham pensado o quanto é importante essa Olimpíada, pois será realizada no nosso País", afirmou a sargento.

Para atingir o objetivo, ela continua treinando forte e sua próxima competição será a Maratona Internacional de Santiago do Chile, no dia 12 de abril.

 A rotina da militar começa cedo. A sargento corre 15 km pela manhã e na parte da tarde percorre mais 10 ou 15 km. “O treinamento inclui montanha, circuito e musculação, além de corrida na pista de atletismo e treinamento intervalado”, afirmou o técnico da atleta, Jorge de Agostini Oliveira.

A sargento Roselaine continua a preparação, visando buscar os índices para os Jogos Pan Americanos/2015, que serão realizados em Toronto, no Canadá; para os VI Jogos Mundiais Militares, na Coreia do Sul; e também para os Jogos Olímpicos Rio/2016. 

“Estou bastante focada, com a cabeça voltada para os treinos. A caminhada é longa e os treinos serão difíceis", finalizou.

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