Fracassam negociações por tratado sobre comércio internacional de armas

Os delegados encerraram as negociações, nessa sexta-feira (27/7), em meio a um clima de decepção. Este seria o primeiro tratado da ONU para a regulamentação das atividades da indústria bélica no mundo. Em vez de buscar objetivamente o consenso, diplomatas preferiram viabilizar mais conversações e uma possível votação sobre o tema na Assembléia Geral das Nações Unidas, em setembro.

"Nós podíamos ter chegado a um acordo. A necessidade de mais tempo é frustrante. Um tratado para a comercialização de armas está a caminho – não hoje, mas em breve. Nós avançamos bastante," disse o porta-voz da delegação britânica.

Durante as negociações, teria ficado claro que, enquanto a maior parte das delegações era a favor de um tratado mais duro, uma pequena minoria, que incluía Síria, Coreia do Norte, Irã, Egito e Argélia, era contrária ao controle global de armas.

Procurando culpados

Ativistas que defendem um maior controle no comércio de armamentos têm culpado Estados Unidos e Rússia pela falta de um acordo. Ambos os países declararam que não houve tempo suficiente para esclarecer e resolver questões que constavam no esboço da proposta.

"Foi uma demonstração de covardia da administração Obama, que, no último minuto, mudou radicalmente (a postura) e abortou avanços para um acordo global na reta final", disse a diretora-executiva da Anistia Internacional nos Estados Unidos, Suzanne Nossel.

Para ela, os maiores exportadores mundiais de armas convencionais abdicaram de sua liderança "no exato momento em que estariam perto de uma conquista histórica".

O esboço do acordo exigia que os países avaliassem se uma linha de exportação de armas poderia ser usada para cometer ou facilitar violações graves do direito internacional humanitário ou dos direitos humanos. O acordo entraria em vigor somente após a ratificação de 65 países.

Uma pessoa morre a cada minuto vítima da violência armada no mundo. Ativistas acreditam que o tratado é necessário para que armas ilegais não se espalhem em zonas de guerra.

Noventa países, incluindo todos os membros da União Europeia e Estados da América Latina, Caribe e África, assinaram uma declaração, na qual se dizem "decepcionados… mas não desanimados", e fazendo votos pela finalização de um acordo baseado no que foi esboçado na última semana.

Era exigido consenso entre todos os 193 países envolvidos nas negociações para se chegar a um acordo até a sexta-feira (27/7).

Olhando à frente

"Nós sempre pensamos que seria difícil e que este seria um resultado possível", disse o embaixador argentino Roberto Garcia Moritan, que presidiu a conferência. Ele defendeu, no entanto, que um novo acordo estaria próximo de ser adotado. "Nós certamente teremos um acordo em 2012."

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também expressou seu desapontamento pela falta de conclusão do encontro, mas os esforços feitos teriam servido como incentivo. "Já existe uma base comum considerável e os países podem construir em cima destes trabalhos intensos durante as negociações"

MP/dw/ap/rtr
Revisão: Francis França

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