ARMAS – Atirador tenta ‘desmistificar’ uso no País

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O Editor
 

 

MARCO ANTONIO CARVALHO
 O Estado de S. Paulo
Publicado OESP 20 Novembro 2014

SÃO PAULO – A sala de menos de dez metros quadrados tem arrumação minuciosa. Quadros de filmes de faroeste se misturam a simulacros de granadas e bonecos de agentes da polícia americana – e pistolas de brinquedo estão em estantes de madeira. Abaixo, estão enfileiradas espingardas calibre 12, de verdade, presas umas às outras por um cabo de aço por segurança.

O cenário é o de uma loja de armas do centro de São Paulo. É nele que a proprietária Vera Ratti fala sobre a paixão herdada de família. “Culturalmente, nossos avós, nossos bisavós, meus pais, as pessoas mantinham armas de fogo dentro das casas e não era nada como se fosse objeto que pudesse atacar alguém, ou que pudesse brigar com alguém”, afirma.

Para Vera, o instrumento de caça ou de defesa só assume um lado negativo quando é usado por pessoas com intenções erradas. “Essa pessoa, quando quer praticar o mal, pratica o mal em cima de qualquer coisa. Até mesmo aquele vagabundo que já assaltou, já levou todo o objeto de subtração que ele queria, vira e acaba matando o cidadão – ele já se deu bem pelo simples prazer de matar”, diz.

A empresária quer desmistificar o uso de armas, justificando para isso que o mal tem de ser associado ao ser humano e não ao instrumento. “O ser humano hoje é o maior culpado por qualquer tipo de violência que ele faz, quer esteja portando arma de fogo, portando uma faca, um pau, um carro, uma moto.”

Testes. No mesmo estande, no centro, o empresário Bruno Romani, de 34 anos, prepara-se para iniciar seu treino e defender o porte de arma, assim como Vera. Ele põe óculos de lentes de plástico amarelas e protetor de ouvidos vermelho e começa a falar sobre técnicas, sequências e estratégias dos tiros disparados por uma pistola semiautomática que empunha e aponta para o alvo, um humanoide de papel.

Praticante de tiro esportivo, ele defende uma maior facilidade para a permissão do porte, desde que sejam mantidas as exigências de testes psicológicos e de técnica de manuseio. “Hoje temos os bandidos que vão assaltar as pessoas com a certeza de que elas não têm uma arma para se defender. Vão com mais coragem. Vão com tudo.”

O argumento de Romani se aproxima das ideias do presidente do Movimento Viva Brasil, Benê Barbosa. “É plenamente válido que o cidadão recorra a uma arma de fogo legalmente para a sua defesa”, diz. O movimento se classifica como uma organização que luta pelos direitos e garantias fundamentais.

Cidadão desarmado. Para Barbosa, ao dificultar o acesso dos cidadãos às armas, o Estado acabar por dar segurança ao criminoso. “Temos um Estado absolutamente incompetente para proteger o cidadão. Ainda por cima, o cidadão se encontra desarmado. Ao contrário da ideia inicial, isso acabou trazendo uma ideia de mais segurança ao bandido”, afirma.

 

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