OTAN alerta que guerra na Ucrânia pode durar anos; batalha no leste continua

A guerra na Ucrânia pode durar anos, afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, neste domingo, cobrando apoio constante dos aliados ucranianos no momento em que as forças russas lutam por território no leste do país.

Stoltenberg disse que fornecer armamentos de última geração às tropas ucranianas aumentaria as chances de liberar a região de Donbas, no leste, do controle russo, segundo o jornal alemão Bild am Sonntag.

Após não conseguir tomar a capital Kiev no começo da guerra, as forças russas concentraram seus esforços em tentar completar o controle de Donbas, que já tinha partes nas mãos de separatistas apoiados pela Rússia antes da invasão de 24 de fevereiro.

“Precisamos nos preparar para o fato de que pode levar anos. Não podemos desistir de apoiar a Ucrânia”, disse Stoltenberg, segundo o jornal. “Mesmo se os custos forem altos, não apenas em apoio militar, mas também na alta dos preços de energia e alimentos”.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que visitou Kiev na sexta-feira com uma proposta de treinamento às forças ucranianas, também disse no sábado que era importante que o Reino Unido desse apoio no longo prazo, alertando ao risco de haver “saturação da Ucrânia”, com a guerra se arrastando.

Em um artigo de opinião no jornal Sunday Times de Londres, Johnson disse que isso significava garantir que “a Ucrânia receba armas, equipamentos, munição e treinamento mais rapidamente do que o invasor”.

Um dos principais objetivos da ofensiva de Moscou para tomar o controle da região de Luhansk –uma das duas províncias que compõem Donbas– é a cidade industrial de Sievierodonetsk.

A Rússia afirmou neste domingo que o ataque na cidade estava avançando com sucesso.

O governador de Luhansk, Serhiy Gaidai, disse à televisão ucraniana que os combates tornavam a retirada de pessoas da cidade impossível, mas que “todas as alegações da Rússia de que controlam a cidade são mentira. Eles controlam a principal parte da cidade, mas não toda a cidade”.

A Rússia afirmou que lançou o que chama de “operação militar especial” para desarmar a sua vizinha e proteger pessoas que falam russo naquele país de nacionalistas perigosos. Kiev e seus aliados rejeitaram essa justificativa como um pretexto sem fundamento para uma guerra de agressão.

A Ucrânia recebeu encorajamento na sexta-feira quando a Comissão Europeia recomendou que tenha status de candidata, decisão que as nações da UE devem endossar em uma reunião na próxima semana.

Russos avançam e Zelenskiy prevê escalada antes de reunião da UE sobre Ucrânia

Forças russas capturaram território ao longo de um rio da linha de frente no leste da Ucrânia nesta segunda-feira, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, previu que Moscou intensificará os ataques antes de uma cúpula de líderes europeus que deve aprovar a tentativa de Kiev de ingressar na União Europeia.

Representantes separatistas de Moscou alegaram ter capturado Toshkivka, uma cidade na margem ocidental do rio Siverskyi Donets majoritariamente controlada pela Ucrânia, ao sul de Sievierodonetsk, uma cidade que se tornou o principal campo de batalha da guerra nas últimas semanas.

A Ucrânia reconheceu que Moscou teve sucesso em Toshkivka e disse que os russos estão tentando ganhar uma posição lá para fazer um avanço mais amplo na região de Donbas. Também confirmou uma alegação russa sobre a captura de Metyolkine na periferia leste de Sievierodonetsk.

"Obviamente, esta semana devemos esperar da Rússia uma intensificação de suas atividades hostis", disse Zelenskiy em um discurso de vídeo no domingo à noite. "Estamos nos preparando. Estamos prontos."

Moscou, por sua vez, criticou a decisão da Lituânia, membro da UE, de proibir o transporte de alguns bens básicos para Kaliningrado, um posto avançado russo no Mar Báltico cercado pelo território da UE.

O veto lituano, que entrou em vigor no sábado, bloqueia os embarques de carvão, metais, materiais de construção e tecnologia avançada para o posto avançado. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou a medida de ilegal e sem precedentes, e disse que Moscou anunciará uma resposta em breve.

Ainda nesta semana, espera-se que líderes da UE deem em uma cúpula sua bênção à Ucrânia para se tornar uma candidata oficial a aderir ao bloco, uma decisão que será marcada como um triunfo em Kiev.

Embora vá levar anos para a Ucrânia entrar na UE, o fato de o bloco chegar profundamente ao coração da antiga União Soviética traria uma das maiores transformações econômicas e sociais na Europa desde a Guerra Fria. A Ucrânia solicitou a adesão apenas quatro dias depois que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que suas tropas cruzassem a fronteira em fevereiro.

Putin diz que a "operação militar especial" visa desarmar um vizinho que a Rússia vê como uma ameaça e proteger os falantes de russo lá. Kiev acredita que o verdadeiro objetivo de Moscou é restaurar o controle sobre a Ucrânia e apagar sua identidade nacional.

No passo mais forte já proposto por Kiev para impor uma ruptura cultural com Moscou, o Parlamento ucraniano aprovou leis no domingo que proibiriam a publicação de livros ou a transmissão pública de música por cidadãos da Rússia pós-soviética.

 

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