Gen Ex Pinto Silva – Os EUA e o Antagonismo Internacional

OS EUA E O ANTAGONISMO INTERNACIONAL

 

Pinto Silva Carlos Alberto[1]

 

A Guerra de Nova Geração, que o mundo vive hoje, é caracterizada pela presença de Estados e grupos não estatais, pelo aumento considerável do poder de entidades pequenas, mas marcadas pela lealdade cega à sua causa, que extrapolam qualquer fronteira internacional e desafiam o poder das grandes nações. É calcada primordialmente na explosão tecnológica da era da informação, nos meios de comunicação em massa para o recrutamento de pessoal e disseminação de ideologias e na biotecnologia. Guerra que muitos chamam de Quinta Geração.”

 

1. O AMBIENTE ESTRATÉGICO ATUAL DE FORMA ABREVIADA

Vivemos uma "Guerra Política" permanente, que foi conceituada por George Kennan como "o uso de todos os meios de disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra (aquém da guerra)”.

Um cenário ambíguo e difuso tem colocado em grande evidência os conceitos de “Guerra Híbrida”, “Conflito na Zona Cinza” e “Conflito de Espectro Ampliado”.[2]

A hegemonia norte-americana tornou-se contestada por Estados nacionais que demonstram capacidade crescente de se oporem ao poderio bélico norte-americano em termos regionais.

2. MUDANÇA NO AMBIENTE OPERACIONAL GLOBAL

O provável inimigo adaptou-se ao modo americano de combater, buscou formas de sobrepor a superioridade tecnológica, passou a agir em domínios inovadores, em brechas que os EUA não exercem a supremacia de poder e passaram a usar os efeitos da Assimetria Reversa e Assimetria Estratégica.

Rússia e China, são as duas grandes “Potências revisionistas” que querem alterar a hierarquia do poder mundial.

Coreia do Norte e Irãse portam como “Estados predadores” que ameaçam seus vizinhos e o equilíbrio geopolítico do nordeste da Ásia e do Oriente Médio.

Portanto a Guerra de Nova Geração, que vive o mundo hoje é caracterizada pela presença de Estados e grupos não estatais, pelo aumento considerável do poder de entidades pequenas, mas marcadas pela lealdade cega à sua causa[3], que extrapolam qualquer fronteira internacional e desafiam o poder das grandes nações.

3. UMA VISÃO ACERCA DE ALGUNS DOS PROBLEMAS GEOPOLÍTICOS A SEREM ENFRENTADOS PELO NOVO GOVERNO DOS EUA.

a. Na Europa

 1) RÚSSIA

O principal objetivo político da Rússia,na atual conjuntura, conforme descrito pelo Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, é ver o fim da ordem mundial dominada pelo Ocidente e consolidar um mundo tripolar onde ela controla a “Grande Eurásia”.

Depois da intervenção militar na Ucrânia e da anexação da Crimeia e das sanções ocidentais contra o país, forjou-se, para muitos russos, um cenário ideológico em que “o ocidente” é constituído de inimigos claramente voltados contra a “civilização russa”.  

O país, também, alterou o equilíbrio de segurança no Mar Negro, Mediterrâneo Oriental e Oriente Médio. A projeção de poder da Rússia nessas regiões foi alargada pela implantação do sistema de defesa aérea S-400 na Criméia em agosto de 2016 e na Síria em novembro de 2015.

A Rússia ratificou, ainda, um acordo com a Síria para transformar o porto de Tartus em uma base naval russa durante os próximos 49 anos.

2. Turquia

A Turquia, membro da OTAN, comprou avançado sistema de mísseis de defesa aérea de fabricação russa, levantando o espectro de um novo impasse com os Estados Unidos.

3) Necessidade de Proteção dos países da OTAN.[4]

b. No Oriente Médio

1) IRÃ

O Irã,a despeito das pressões da comunidade internacional, permanece determinado a levar adiante seu programa nuclear.

 

Seus estreitos vínculos com o Hezbollah no Líbano, com as milícias xiitas na Síria, no Líbano e no Iraque, com os houthis no Iêmen e, ainda, o suposto envolvimento com outras organizações extremistas denotam sua participação no terrorismo internacional.

 

A estratégia iraniana foi construída com base na ideia de defesa avançada, que era afastar as ameaças da fronteira iraniana.

2) Outras questões

– a Insurgência Iraquiana ou Guerrilha Xiita Iraquiana;

– a Guerra Arábia Saudita Iêmenque visa impedir que Irã, Rússia ou China consigam firmar algum pé estratégico no Iêmen, e venham a controlar o estreito de Bab Al-Mandeb, e,

– a Guerra na Síria.

c. Na Ásia

1) CHINA

 

A China tem sido muito clara em suas ambições de liderar o mundo nas importantes tecnologias do futuro, como robótica e Inteligência Artificial (IA). "Isso é muito importante para a competição agora", diz Bonnie Glaser, "porque se a China tivesse sucesso nessas áreas, provavelmente suplantaria os Estados Unidos como a principal potência do mundo".

O estabelecimento de robustas bases militares em recifes artificiais na área delimitada pelas “Linha dos Nove Traços” tem o potencial de assegurar-lhe o controle militar da região, impedindo o acesso de forças norte-americanas àquele eventual teatro de guerra.

Estratégias da China:

– NOVA ROTA DA SEDA, uma série de investimentos, particularmente nas áreas de transporte e infraestrutura, terrestres, conectando a Europa, o Oriente Médio, a Asia e a África e marítimos (Rota), passando pelo Pacífico, cruzando o Índico e alcançando o Mediterrâneo.(Um projeto econômico arriscado, árduo, longo e passivo de insucesso).

ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO DE XANGAI. Cooperação Militar, Econômica e Combate ao Terrorismo e Separatismo, envolvendo oito países membros, China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Índia e Paquistão; quatro estados observadores: Afeganistão, Bielorrússia, Irã e Mongólia; e, ainda,  seis “parceiros de diálogo”, a Armênia, o Azerbaijão, o Camboja, o Nepal, o Sri Lanka e a Turquia (membro da OTAN).

COLAR DE PÉROLAS  Uma série de bases aéreas e navais, portos comerciais e centros de inteligência estrategicamente posicionados pela China para formar um “cordão”, de modo a encurralar a Índia e quatro importantes penínsulas: a Indochina, a Indostânica, a Arábica e o Chifre da África, e a vigiar Ponto de Controle Estratégicos na Região Indo Pacífica.

A modernização acelerada das FA chinesas demonstrou que o Exército Americano precisa adaptar-se a uma maior possibilidade de um combate terrestre contra adversários consideravelmente mais capazes que a Al Qaeda, Xiitas Iraquianos e o Talibã.

2) Possibilidade de conflito Índia e China.

3) Compra pela Índia de aviões e armamento Russo.

4) Necessidade de proteção da Coréia do Sul e do Japão.[5]

4. CONCLUSÃO

A capacidade do poder militar dos Estados Unidos e de seus aliados de defender seus interesses está sendo confrontada com resultados positivos, embora persista a grande competição pelo poder voltado para o caráter vingativo como a ameaça do terrorismo islâmico.

 


[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

 

[3] A lealdade das pessoas e dos grupos não estatais é a causa e não ao Estado Nação.

 

[4] Sistema de Defesa Aérea.

 

[5] Sistema de Defesa Aérea.

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