por, GENERAL DE BRIGADA ANDRÉ LUIZ DE SOUZA DIAS
e CORONEL JONAS MOLZ
A logística dita o ritmo das operações e a permanência da tropa em combate. Só ela assegura a consecução e a manutenção dos objetivos planejados. Sem ela, a finalidade das ações se esvazia e o estado final não é alcançado.
Os exércitos marcham sobre os seus estômagos, ensinou o lendário Napoleão, sentindo na pele o efeito devastador da falta de provisão, como na campanha da Rússia, em 1812.
A logística não perdoa os improvisos!
As brigadas blindadas, pela variedade e complexidade de seus meios, têm, no eficiente funcionamento de suas funções logísticas, o coração que bombeia o sangue e faz funcionar, com violência, rapidez e precisão, seus punhos de aço.
No âmbito da 6ª Brigada de Infantaria Blindada – Brigada Niederauer, cabe ao tradicional 4º Batalhão Logístico (4º B Log) a missão de apoiar suas doze organizações militares subordinadas. Nesse escopo, ressalta-se que este Batalhão também apoia, por área, outras dezoito unidades, perfazendo um total de 30 diferentes tropas atendidas.
Coroando o ciclo anual do preparo da Brigada Niederauer em 2025, foi realizada, no mês de outubro, a Operação Punhos de Aço. Em um cenário simulado de combate moderno e convencional, os comandantes em todos os níveis exercitaram a liderança militar no terreno e adquiriram novas experiências, fortalecendo o espírito de corpo, bem como o conhecimento e a confiança mútuas entre superiores, pares e subordinados, alicerces de um Exército forte.
Nessa atividade operacional, foram treinadas importantes tarefas para as forças blindadas:
– ocupação e desocupação de zonas de reunião;
– marcha para o combate;
– ultrapassagem de tropa em contato com o inimigo;
– ataques de oportunidade;
– segurança, reconhecimento e vigilância; e
– a realização de tiro real com diferentes sistemas de armas.
Na oportunidade, coube ao 4º B Log sustentar o poder de combate da Brigada, executando, na plenitude, as funções logísticas de transporte, suprimento, manutenção, salvamento e saúde.
Em atividades complexas como a Operação Punhos de Aço, as servidões logísticas são intensas e ocorrem antes, durante e depois do exercício propriamente dito. Previamente, há a concentração dos meios na área de operações, o estabelecimento de pontos de estocagem de suprimentos críticos, o reconhecimento de rotas de evacuação e estruturas logísticas locais etc.
Ao término da manobra, dá-se a reversão de todos os meios às suas sedes de origem. Nas fases inicial e final, a função logística de transporte ganha protagonismo, com muitas carretas transladando veículos de combate e diversas viaturas coletivas movimentando pessoal.
No Campo de Instrução Barão de São Borja – Saicã, local do exercício, o 4º B Log desdobrou uma Base Logística de Brigada (BLB), com as seguintes estruturas:
– Comando e Estado-Maior do Batalhão;
– uma Companhia de Suprimento e Transporte, formada por Pelotões de Suprimento de várias classes e Pelotões de Transporte;
– uma Companhia de Manutenção, constituída por um Pelotão de Manutenção e turmas de Manutenção e Salvamento;
– uma Companhia de Comando e Apoio, composta por um Pelotão de Apoio, um Pelotão de Comunicações e um – Pelotão de Segurança;
– e, por fim, um Pelotão de Atendimento Avançado de Saúde da Companhia de Saúde.
Para melhor cumprir suas missões, o 4º B Log organizou-se modularmente, combinando capacidades, de maneira inovadora e pautada na flexibilidade, na adaptabilidade e na mobilidade tática.
Desta feita, com vistas a prestar um apoio cerrado, contínuo e rápido ao avanço da tropa, constituiu um Destacamento Logístico com os seguintes meios: uma Viatura Blindada Especial de Socorro Sobre Lagartas “Bergpanzer”; uma Viatura Blindada de Transporte de Pessoal M113 BR (VBTP M113 BR), com reservatório de 1000 l de água; uma VBTP M113 BR de manutenção e salvamento; uma viatura baú oficina móvel; uma viatura cisterna de 15000 l de combustível; uma viatura de 5 ton com reservatório de 1000 l de água; uma viatura de 5 ton com reservatório de 1000 l de óleo diesel; e uma viatura de ¾ ton.
A função logística de suprimento caracterizou-se pelo emprego sincronizado de viaturas cisternas de água e de combustível. Foram estabelecidos pontos de distribuição de óleos e lubrificantes, assim como instalado um posto com estoque de peças de reposição de motomecanização de alta mortalidade.
De forma experimental e integrada, utilizou-se uma viatura 5 ton, uma VBTP M113 BR com reservatório de 1.000 l de água e uma viatura de 5 ton com reservatório de 1.000 l de óleo diesel, que asseguraram a continuidade do apoio em quaisquer condições.
O apoio de manutenção a uma brigada blindada quaternária¹, como a Brigada Niederauer, é extremamente demandante. Isto se deve à quantidade e complexidade dos meios de que dispõe, aliados às particularidades e características de emprego, vocacionados a decidir os combates.



Nesse contexto, a função logística de manutenção atuou mediante o emprego de militares altamente especializados em manutenir viaturas sobre rodas e lagartas, equipados com uma VBTP M113 BR de manutenção e salvamento, uma viatura baú oficina móvel e outra de ¾ ton.
No que concerne à função logística de saúde, foi desdobrado um Posto de Atendimento Avançado Leve próximo ao Posto de Comando Avançado da Brigada Niederauer, com o propósito de realizar a triagem, a classificação e o tratamento inicial dos feridos.
Concomitantemente, um módulo de saúde da Companhia Logística de Saúde foi posicionado na área da BLB, proporcionando um tratamento mais robusto e a capacidade de evacuação para a retaguarda (Hospital Geral de Santa Maria, por exemplo), com vistas à continuidade do atendimento e à eficaz fluidez do fluxo de pacientes considerados graves.
Por fim, coube à Companhia de Comando e Apoio do 4º B Log a missão crucial de garantir a Segurança da Área de Retaguarda, a Segurança da BLB e a montagem e a manutenção de toda a infraestruturas correspondente. Devido à sua grande importância, estas instalações representam alvos altamente compensadores.
Considerando isso, foi integrado à segurança aproximada das estruturas logísticas o planejamento de sua defesa antiaérea, utilizando Viaturas Blindadas de Combate Gepard 1A2, da 6ª Bateria de Artilharia Antiaérea Autopropulsada, além do uso de drones para o incremento da vigilância.
Em resumo, são números que expressam a intensidade do trabalho do 4º B Log na Operação Punhos de Aço: 15.500 l de água, 4.977 l de óleo diesel e 20 l de óleos e lubrificantes distribuídos; 8 serviços de manutenção em campanha, 15 salvamentos de viaturas e 13 atendimentos de saúde; além de 8.808 km percorridos em múltiplos transportes.
O emprego de veículos blindados sobre lagartas para a sustentação do combate, em combinação com as viaturas sobre rodas, mostrou-se sinérgico e bastante proficiente. Em particular, destaca-se a utilização da VBTP M113 BR para o cumprimento de todas as funções logísticas, ratificando sua efetividade em missões de apoio à manobra, como material extremamente útil e fundamental para as brigadas blindadas.
¹Peças de manobra da 6ª Brigada de Infantaria Blindada: o 7º e o 29º Batalhões de Infantaria Blindados e os 1º e 4º Regimentos de Carros de Combate (unidades); além do 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (subunidade).
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Sobre os autores:
GENERAL DE BRIGADA ANDRÉ LUIZ DE SOUZA DIAS – Formado em 1996, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), é oriundo da Arma Infantaria. Atualmente, comanda a 6° Brigada de Infantaria Blindada, com sede em Santa Maria-RS. Nessa mesma Brigada, foi o Comandante da Companhia de Comando, em 2010-11, e do 29º Batalhão de Infantaria Blindado, no biênio 2019-20. Além do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro, realizou o Curso de Estado-Maior das Forças Armadas da Espanha e o de Altos Estudos Nacionais da Bolívia. Possui os Mestrados Acadêmicos em Operações Militares e em Ciências Militares, ambos no Brasil, em Política de Defesa e Segurança Internacional, na Espanha, e em Segurança, Defesa e Desenvolvimento, na Bolívia. É membro da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB) e do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).
CORONEL JONAS MOLZ – O Coronel Molz concluiu, no ano de 2001, o Curso de Formação de Oficiais da Arma de Infantaria e o Bacharelato em Ciências Militares na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Realizou o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e o de Comando e Estado-Maior na Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME). Foi instrutor na AMAN. Possui os Estágios Tático de Comandante de Pelotão de Fuzileiros Blindado e de Comandante de Organizações Militares Blindadas e Mecanizadas, ambos no Centro de Instrução de Blindados. Atualmente, é o Comandante do 4º Batalhão Logístico – Batalhão Capitão
Cirilo Costabeber, sediado na cidade de Santa Maria-RS



















