Embraer diz à CVM que não pode se manifestar sobre acordo com Boeing

João José Oliveira


A Embraer voltou a dizer nesta segunda-feira (15) que não possui elementos para se manifestar sobre a forma a ser adotada em uma eventual combinação de negócios e que não cabe à companhia comentar declarações públicas do governo, referindo-se às negociações de parceria em andamento com a concorrente americana Boeing.

O comunicado foi uma resposta da empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que solicitou explicações sobre notícias veiculadas na sexta-feira (12), segundo as quais o ministro da Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, afirmou que o governo federal decidiu que não venderá o controle da Embraer à Boeing, mas defendeu uma parceria entre as duas companhias. "Reiteramos que a companhia manterá seus acionistas e o mercado informados na medida em que o assunto em questão evolua", disse a Embraer.

No fim da tarde de sexta-feira, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, recebeu em seu gabinete, em Brasília, representantes da empresa Boeing para discutir parcerias com a Embraer. Pelo lado da Boeing. estiveram presentes a presidente para América Latina, Donna Hrinak, os executivos Greg Smith, vice-presidente financeiro, Travis Sullivan, vice-presidente de cooperação estratégica, e Ray Conner, diretor comercial.

Além de Raul Jungmann, também participaram da reunião o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, o secretário de produtos de defesa, Flávio Basílio, o secretário de economia e finanças da FAB, José Magno Araújo, e o diretor de economia e finanças da FAB, Heraldo Luiz Rodrigues.

No encontro, Jungmann se posicionou favoravelmente a uma parceria entre Boeing e Embraer, mas reiterou que o controle acionário da brasileira é uma questão de soberania nacional e não será transferido, nem irá à mesa de negociação entre as empresas.

Contrários à venda da Embraer, sindicatos realizam campanha Sindicatos dos Metalúrgicos de São José¹

Botucatu e Araraquara se reúnem hoje (15/01) para lançar a campanha unificada contrária à negociação com a Boeing; empresa nega que venda para a gigante norte-americana.

Os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos (CSP-Conlutas), Botucatu (Força Sindical) e Araraquara (CUT) se reúnem, nesta terça-feira (16), às 11h, em São José, para lançar a campanha unificada contra a venda (total ou parcial) da Embraer para a Boeing.

De acordo com os sindicatos, embora pertençam a centrais diferentes, as três entidades decidiram lutar juntas em defesa do emprego e pela reestatização da Embraer. As plantas somam cerca de 16 mil trabalhadores.

Outro Lado

A Embraer, por sua vez, nega que vá vender a empresa para a Boeing. Em mensagem aos funcionários no final de dezembro, o presidente e CEO da Embraer, Paulo Cesar Silva, defendeu a parceria com a Boeing e diz que união será “muito boa para todos”.

No texto, ele procura tranquilizar os funcionários quanto ao futuro da Embraer, dando a entender que a empresa não será vendida e não perderá sua autonomia. “Por isso, fiquem tranquilos com relação ao futuro da Embraer. Qualquer que seja o formato, combinação ou parceria, o objetivo será o sucesso e o crescimento da companhia e a preservação de empregos”, diz.

O ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sergio Etchegoyen, também disse na sexta-feira (12) que o governo não cederá o controle acionário da Embraer.

Airbus supera Boeing em 2017 em aviões encomendados, mas perde em entregas²

A fabricante aeronáutica europeia Airbus voltou a superar a Boeing em encomendas de aeronaves, em 2017, mas ficou atrás da concorrente americana no número de aparatos entregues. A empresa ainda enfrenta um problema sério com as vendas escassas de seu principal produto, o gigante A380.

A Airbus recebeu 1.109 pedidos de aviões em 2017, contra 912 da Boeing, de acordo com dados divulgados pela empresa europeia nesta segunda-feira. Em preço de catálogo, esses pedidos representam 137,7 bilhões de dólares. Para Boeing, foram 134,8 bilhões.

Mas a americana superou a Airbus em entregas de aviões, com um total de 763, contra 718 – um número recorde para a fabricante europeia, entretanto. “As entregas da Airbus Commercial Aircraft cresceram em 2017 pelo 15º ano consecutivo, marcando um novo recorde da companhia cifrado em 718 aviões para 85 clientes”, destacou a empresa em um comunicado.

“Este novo recorde de entregas somado à nossa quinta melhor cifra de entrada de pedidos põe o broche de ouro em um ano excepcional para nós”, afirmou o diretor-geral delegado da Airbus e presidente da Airbus Commercial Aircraft, Fabrice Brégier.

Superar a Boeing

Para 2018, a Airbus estabelece a meta de entregar 800 aviões, em particular mediante o aumento da cadeia produtiva do modelo A320neo, indicou Brégier.

“Essa extraordinária conquista é testemunho da dedicação de todas as nossas equipes e situa a companhia em uma posição mais forte, apta e preparada para todas as oportunidades que a esperam”, acrescentou o número dois da empresa, que deixará o grupo em fevereiro.

O diretor estabeleceu como objetivo superar a Boeing, dentro de dois anos, em termos de entregas.

“Aposto que em 2020 faremos mais entregas de aviões do que a Boeing”, afirmou Brégier.

O total de aviões entregues em 2017 inclui 558 do modelo de corredor único da família A320, entre eles 181 do tipo A320neo, 166% a mais do que em 2016, detalhou a nota.

No segmento de longo alcance, entregou 67 A330, 78 A350 XWB e 15 A380, completou o comunicado do grupo.

A quantidade de entregas superou “em 4% o recorde anterior, de 688 unidades, estabelecido em 2016”, indicou a empresa.

Esse balanço comercial foi publicado um mês depois do anúncio da saída de Brégier. O diretor-executivo da Airbus, Tom Enders, também não continuará no cargo depois de 2019.

As mudanças acontecem no contexto de investigações da França e da Grã-Bretanha por irregularidades nas transações, em operações denunciadas pela própria Airbus em 2016.

A380 em xeque

No plano comercial, a Airbus admitiu que um dos problemas é a falta de encomendas de seu marcante avião A380 de longo alcance.

“Honestamente, se não chegarmos a um acordo com a Emirates”, o principal cliente do gigante aéreo, “não teremos outro remédio a não ser parar o programa”, admitiu o diretor comercial, John Leahy.

“Ainda estamos negociando com a Emirates, mas, honestamente, eles são provavelmente os únicos hoje no mercado que podem comprar um mínimo de seis (aviões) por ano em um período de oito a dez anos”, disse.

Avião comercial com maior capacidade do mundo, o A380 recebeu 317 pedidos desde seu lançamento em 2007. Nos últimos anos, porém, não recebeu uma única encomenda.

A aeronave pode ter até 853 lugares e, em 2017, celebrou os dez anos de seu primeiro voo commercial.

¹com Gazeta de Taubatê (SP),  ²com AFP

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