VANTs na inspeção de linhas de transmissão de energia

Jornal do Comércio – ES

Pequenas aeronaves não tripuladas, no futuro, vão fazer a inspeção de linhas de transmissão de energia, um trabalho que vai baratear os gastos com o serviço e quem sabe gerar até um repasse da economia para a conta de luz do consumidor. Esse é o objetivo de um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) para viabilizar as aeronaves, pequenos helicópteros e aviões estudados em uma parceria entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Centro de Estudos Avançados do Recife (Cesar).

Orçado em R$ 5 milhões, o projeto vai bancar a construção, a compra da tecnologia e o desenvolvimento da pesquisa. "Num primeiro momento, utilizamos algumas soluções disponíveis no mercado internacional para fazer o protótipo. Agora será desenvolvida uma tecnologia nacional", explica o engenheiro da Chesf José Felipe Wavrick.

As aeronaves vão filmar o estado das linhas de transmissão e mandar as informações para a central de informações da estatal, explica o engenheiro de sistemas do Cesar, Henrique Foresti, que acompanha o projeto. Hoje a inspeção das linhas é feita com equipes em terra e quatro helicópteros. Cada vôo do helicóptero, com dois pilotos, custa em média R$ 3 mil. Com a aeronave não tripulada, o vôo custará algo em torno de R$ 300.

A Chesf gasta, em média, R$ 50 milhões por ano em P&D. "Esses recursos fazem a empresa desenvolver novas tecnologias pensando no futuro", diz o presidente da estatal, João Bosco de Almeida. A empresa também vai usar os recursos do fundo para instalar duas plantas experimentais para gerar energia a partir de lixo doméstico e o calor do sol.

Alguns projetos de P&D da Chesf foram incorporados à rotina da companhia. Um deles foi um software usado em todos os centros de controle, o smart alarm, desenvolvido em parceria com a equipe do professor de Ciência da Computação Jacques Philippe Sauvé, da Universidade Federal de Campina Grande. O desenvolvimento do software custou R$ 1 milhão. "Quando ocorre uma queda de energia, o software recebe as informações, resume e informa só as principais causas do problema", diz Jacques. O sistema ajudar o operador a tomar uma decisão mais rápida em caso de pane.

Na Celpe, serão investidos R$ 22 milhões este ano, em P&D. Os projetos incluem um curso de MBA em smart grid (redes inteligentes) e R$ 1,8 milhão para bancar a implantação de dois laboratórios de teste e certificação de equipamentos. As iniciativas são em conjunto com a Universidade de Pernambuco (UPE). "Isso vai contribuir para a formação de pessoal em tecnologias que vieram para ficar", comenta o gerente de P&D da Celpe, Wider Basílio.

Os projetos da Celpe e da Chesf foram bancados com o fundo setorial de energia, montado por mecanismos criados entre o final da década de 1990 e começo dos anos 2000. "O principal formulador dos fundos setoriais foi o então secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Pacheco, que era da Unicamp. Ele propôs isso ao fórum dos secretários estaduais de Ciência e Tecnologia", lembra Cláudio Marinho, ex-secretário estadual da área, no governo Jarbas Vasconcelos. A ideia, lembra Cláudio, na época foi aprovada por unanimidade.

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