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Gen Ex Santa Rosa – O Papel da Ciência


O PAPEL DA CIÊNCIA
 

Gen Ex R1 Maynard Marques de Santa Rosa


Enquanto muitos brasileiros bem informados dispersam tempo e energia em querelas irrelevantes, ficam as demandas relevantes relegadas ao arquivo morto da realidade. A agenda midiática imita a atitude dos primazes ortodoxos reunidos em concílio, no ano de 1453, durante o cerco de Constantinopla pelos turcos otomanos: o sexo dos anjos.

É assim que a preocupação com o consumo governamental de leite condensado transcende a magnitude do “gap” tecnológico do país, que cresce a cada dia em relação ao estado da arte.

O valor da importação de vacinas estrangeiras precede a verdadeira questão de mérito: por que não há uma vacina nacional contra o coronavírus?

Aqui, a pesquisa científica é um tabu confiado a poucos. À exceção dos institutos militares, a desarticulação das pesquisas, a inexistência de metas e a indefinição dos recursos comprometem a produtividade. A integração dos bancos de dados é, praticamente, inexistente; e a comunidade científica trabalha de modo desordenado, com dispersão de esforços e grande concentração de personalismo e interesse econômico. 

No Hemisfério Sul, o Brasil desponta como vanguarda da esperança na erradicação do flagelo das moléstias tropicais e na profilaxia das arboviroses. No entanto, o que exprime a nossa realidade é a ausência de uma política objetiva e o contingenciamento anual de R$ 2,198 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT. 

Além disso, o nosso atraso não se resume à área funcional da Saúde. Há três anos, a comunidade científica brasileira foi surpreendida pelo lançamento de um nano-satélite argentino, com foguete próprio, e a sua colocação em órbita, enquanto aqui, uma pendência local de quilombolas impede, até hoje, a implantação da base de Alcântara.  

No campo nuclear, são notórios os avanços da Índia e de outros Estados periféricos em relação ao Brasil, mesmo detendo a ponta da tecnologia de enriquecimento de urânio, duramente conquistada por cientistas brasileiros nas décadas de 1970/80. Até o momento, não conseguimos industrializar o processo que poderia nos dar a autossuficiência.

Enquanto isso, aprofundamos a dependência no campo digital e na robótica, e nos tornamos vulneráveis no domínio cibernético.

A reflexão a que estamos condenados pelo confinamento poderia ser útil ao Brasil, se aproveitada como oportunidade para meditar, debater e talvez curar a cegueira nacional.        

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