Tráfico perde cerca de R$ 1,6 milhão em apreensão de fuzis pela polícia do RJ

Marco Antônio Martins

A apreensão de 32 fuzis pela Polícia Militar do Rio, nesta terça-feira (2), após o confronto entre facções pelo controle na venda de drogas da comunidade de Cidade Alta, na Zona Norte, representou um prejuízo aos traficantes da ordem de R$ 1,6 milhão.

O número é estimado por investigadores da Polícia Civil do Rio, levando em conta que no mercado clandestino, um fuzil custa, em média, R$ 50 mil. Os cálculos deixam de lado as pistolas, munições e granadas apreendidas na ação.

Até a noite desta terça, enquanto ainda era elaborado o boletim de ocorrência da operação na Cidade Alta, pelo menos, 15 fuzis pertenciam à facção que invadiu a comunidade. Outras nove armas seriam da facção local.

O secretário de Segurança, Roberto Sá, informou, na entrevista coletiva sobre a operação que a Desarme, nova delegacia criada para repressão ao tráfico de armas, já iniciou o levantamento para rastrear de onde vieram os fuzis.

A polícia também pretende levantar a localização de depósitos onde essas armas são guardadas nas comunidades.

A apreensão, em uma ação que teve 45 presos e duas pessoas mortas, foi classificada por Sá como uma ação histórica da PM, pelo grande número de fuzis apreendidos em um único dia.

Baque momentâneo, dizem especialistas

Especialistas ouvidos pelo G1, entretanto, alertam que o baque para a facção que tenta invadir a Cidade Alta pode ser apenas momentâneo. Eles afirmaram ainda que não há uma política para reprimir o financiamento da facção responsável pela invasão, garantido pela venda de drogas e aluguel de outras armas.

"Essa apreensão mostra algumas coisas: uma delas que as facções estão se armando para retomar territórios perdidos diante da fragilidade da segurança pública do Rio de Janeiro. Mas essa apreensão foi um baque momentâneo pois não se atinge as estruturas que alimentam essa criminalidade", alerta o antropólogo e consultor de segurança Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da PM do Rio.

De acordo com o professor da Faculdade de Direito da Mackenzie, no Rio, e especialista em Segurança Pública Newton Oliveira a apreensão representa um "raio em dia de céu azul".

"A pancada foi em uma facção. Foi válida, mas a gente percebe que é uma questão passageira porque vão tentar se organizar rápido", analisa o professor, para quem a apreensão pareceu uma ação de "sorte, acaso, talvez visualidade e falta de acordo".

Para o coronel Robson Rodrigues, o problema é que a facção pode iniciar uma série de ações para se recuperar rápido do prejuízo. "Uma operação criminosa que perde um número considerável de armas de uma vez pode representar uma cobrança interna ou repassar esse prejuízo para outras modalidades aumentando assim a insegurança", comenta Rodrigues.

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