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IBEDI – Instituto para alavancar projetos de Defesa


Com o propósito de concluir entendimentos, visando a criação do Instituto de Estudos de Defesa e Inovação (IBEDI), a ex-deputada e secretária de Produtos de Defesa do Ministério de Defesa, Perpétua Almeida, fez uma visita técnica, na sexta-feira (17 Junho), à planta de montagem dos veículos blindados multiuso Guarani, em Sete Lagoas, da empresa IVECO, da holding CNH Industrial.

“Estamos articulando o Instituto (IBEDI) para atuar no campo dos estudos em Defesa e inovações tecnológicas com o objetivo de produzir e difundir conhecimento nesta área tão estratégica para o Brasil que é a indústria de Defesa, suporte de nossa soberania. Tenho a convicção que o IBEDI poderá ser um apoiador e estimulador das políticas de Defesa entre as instituições do setor”, explicou Perpétua Almeida.

Perpétua Almeida estava acompanhada da deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG), da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, e do vice-presidente da PROMINAS, Zito Vieira. Também fez parte da visita uma delegação de especialistas em Defesa e Inteligência de Mercado da Câmara da Indústria de Defesa e Compras Governamentais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (CONDEFESA/FIEMG) representada por Ricardo Coelli Xavier e Fernando Castelo Branco.

Na IVECO o grupo foi recebido pelo Gerente de Atendimento ao Cliente de Veículos de Defesa, engenheiro eletrônico, Kleber Ribas, e pela primeira-tenente do Quadro de Engenheiros militares da Equipe de Absorção de Conhecimentos e Transferência de Conhecimentos do Exército, Camila Leão.

A IVECO produz viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBPT) na sua única planta de desenvolvimento de veículos de Defesa fora da Itália, a partir de projeto do Exército Brasileiro e para a corporação.

Contingenciamento

As presenças de empresários e da deputada Jô Moraes também se fundamentam no propósito de buscar caminhos para a continuidade do fluxo orçamentário para a manutenção da planta, de alta tecnologia, de fabricação dos veículos blindados da linha Guarani, além da aquisição de outros, via nacionalização, para equipar o Exército, especialmente no âmbito da segurança das fronteiras secas.

“Não se trata só de Defesa, mas também de desenvolvimento tecnológico, de capacitação, explica Kleber Ribas, que confirma o contrato negociado com a União, com orçamento previsto no Plano Plurianual do governo federal (PPA), mas ainda não assinado.

As verbas previstas para 2016, no entanto, não são suficientes para tocar de maneira plena a produção dos blindados já contratados e cujos termos foram revistos para menor e já resultou em remanejamento e demissão de pessoal treinado e especializado e redução da capacidade operacional.

O contrato de produção seriada formalizada em março de 2009, previa a montagem de 2.044 viaturas em 18 anos, ou seja, 114 veículos/anuais, com a geração de 300 empregos diretos e 1400 indiretos. Em 2015 comemorou-se a produção e entrega dos 200 primeiros veículos contratados, mas a partir da crise econômica, seu efeito cascata no Orçamento da União, e os contingenciamentos dos recursos do Exército, a fabricação foi suspensa durante cinco meses.

A retomada aconteceu em fevereiro último, mas em novas bases: Com a revisão contratual e readequações:  a previsão de produção foi reduzida para 60 veículos/ano, que é o limite, segundo Kleber Ribas, e a geração de 210 empregos direitos e 1.110 indiretos.

Novos patamares

Para Jô Moraes, o avanço das formulações do setor de Defesa, enquanto política de Estado é condição fundamental para ser tratada em novos patamares:
 

“A garantia da previsão orçamentária transforma-se em condição sine qua non. E este deve ser o entendimento num mundo onde as conformações geopolíticas exigem cada vez mais dos países à frente da dinâmica global o preparo para a dissuasão e enfrentamento de crises e ameaças. Não cabe contingenciamento em recursos para a Defesa e Inteligência. Estamos inseridos, somos protagonistas entre as maiores economias globais”, observa.


Na mesma lógica, a FIEMG também participa dos entendimentos e das mobilizações, visando alterar conceitos de representantes do setor para a nova realidade: do potencial econômico representando pelo mercado da indústria de Defesa. É possível transformar as demandas do Ministério da Defesa em negócios para a indústria mineira, defende a CONDEFESA, em folders dirigidos a parceiros. Esta, na ótica do conceito dual: explorando o potencial do parque industrial instalado para produção de bens para o setor, a partir de alterações em processos, produtos ou serviços.

“É preciso vender o que temos de melhor em tecnologia, em produto acabado.  E se estamos produzindo veículos de Defesa em Minas Gerais temos de fazer chegar esta informação em todos os cantos, promover conhecimentos e vendas”, defende Zito Vieira, vice-presidente da PROMNAS.

Já o Analista de Projetos da Gerência de Inteligência da CONDEFESA, Ricardo Xavier destaca o propósito de se criar um curso para formação de mão de obra especializada para o setor e para o qual foram destinados recursos da ordem de R$ 100 mil via CODEMIG e que também foram contingenciados. “A despeito do corte ficou o compromisso de se formar analistas em Defesa”, observa.

Planta mineira

Em 2007, foi iniciada a parceria da IVECO com o Exército, visando a produção de 2 mil blindados durante 20 anos. Para atender a este contrato, a empresa investiu perto de R$ 75 milhões e contou com o apoio indireto da Poder Público Municipal. Com a crise econômica mundial e seus reflexos no País, exigindo contingenciamento de recursos do Orçamento da União, a situação recrudesceu e a fábrica chegou a suspender a produção dos blindados por cinco meses.

Uma nova injeção de ânimo se deu com a contratação de um lote de 203 veículos neste ano para estudos doutrinários do Exército, mas os pagamentos ainda não foram feitos.

Exportações, nacionalização do aço e catalogação

Embora inicialmente previstas para produzir apenas para o Exército Brasileiro, as perspectivas de novos investimentos foram abertas com a exportação de veículos VBPT, adquiridos pelo Líbano. As vendas foram intermediadas pela empresa na Itália, e sobre os quais o Exército recebe royalties. Mas o contingenciamento ainda representa uma ameaça real para o desenvolvimento e fabricação dos veículos, reitera o gerente de Atendimento ao Cliente de Veículos de Defesa.

O ajuste fino nas interlocuções havidas e em andamento também envolve questão relativa ao aço usado na fabricação dos veículos blindados para o Exército Brasileiro, hoje adquiridos da Alemanha. O propósito é comprar o produto fabricado no Brasil e cuja qualidade é similar ao alemão, precisando apenas de alguns ajustes finos e que também demandam investimentos, segundo levantamentos técnicos. O aço, hoje produzido pela USIMINAS ainda não foi homologado.

A catalogação das peças e componentes foi outro assunto tratado e que também está sendo feito no âmbito do Exército e Ministério da Defesa, mas ainda não concluído. Estima-se que esta catalogação está na ordem de 30%, das peças e componentes, segundo informações dadas pelos participantes do encontro.

Nota DefesaNet

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