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Freixo, sobre a Rocinha: “Tomar o lugar militarmente é a parte mais fácil”

Annaclara Velasco

Há duas semanas, o deputado estadual Marcelo Freixo anunciou que sairia do Brasil a convite da Anistia Internacional, após ter recebido sete ameaças de morte somente no mês de outubro. Desde 2008, quando foi relator da CPI das Milícias, que indiciou 225 paramilitares, Freixo já recebeu 27 ameaças. De volta ao Brasil nesta quarta-feira, o parlamentar participou da PEC 5/11, que prevê o Ficha Limpa estadual  e, em entrevista ao JB, garantiu que sua segurança e de sua família já está reforçada.

JB: Como foi a viagem?

Marcelo Freixo: Foi uma viagem de emergência, em função das sete ameaças de morte recebidas no mês de outubro.  Eu não tinha nenhuma atividade marcada, foi uma saída emergencial em função dessas ameaças feitas pela máfia, máfia essa que acabou de matar uma juíza.

A morte da juíza o deixou com mais receio?

Claro. Se eles são capazes de matar uma juíza, e ainda com armas do Estado, porque eles não seriam capazes de tentar alguma coisa contra a minha vida? Se alguém duvidava do que eles poderiam ou não fazer, depois da morte da Patrícia, ninguém duvida mais. O debate é geral, não apenas sobre a minha segurança.

Sua segurança foi reforçada?

Sim, tive todo um reforço da minha segurança e houve um equilíbrio maior na minha família, que precisava ser preservada. Afinal, duas ameaças por semana não é brincadeira. O mais absurdo é que essas ameaças não foram investigadas. Espero que agora elas sejam.
 

O que achou do apoio da população, que fez uma passeata em sua defesa?

O apoio foi espontâneo. Eu não sabia e não esperava. Eram ex-alunos e pessoas não veiculadas a nenhum partido político indo à minha defesa. Recebi muito apoio pela internet, pelo Twitter. É impressionante a quantidade de gente apoiando, lutando ao meu favor. Bom saber que não é uma luta só minha.

Acha que o apoio popular pela investigação das ameaças pode fazer alguma diferença?

Eu recebo ameaças pela minha função pública, e não pelo que faço na minha vida particular. Então, o Estado tem obrigação de investigar. O que não pode é uma pessoa de vida pública ser ameaçada pelo exercício da sua função pública. É um absurdo eu ter recebido sete ameaças em um mês e não ter recebido nenhuma resposta sobre as investigações. Eu precisava denunciar o que estava acontecendo, e denunciei. Cabe agora ao Estado fazer a parte dele.

Pensa na possibilidade de outra viagem, caso as ameaças continuem?

Outra viagem não está nos meus planos, assim como não estava antes. Mas, não posso prever o que vai acontecer.

O que achou da recuperação do território da Rocinha, que aconteceu enquanto o sr. estava fora?

O desafio maior ainda vai começar. Não é entrar na favela, pois o Estado entra a hora que quiser, como entrou no Alemão, como entrou em todas as outras. É só avisar que vai entrar e entrar.  Até porque, o tráfico na Rocinha e em qualquer outro lugar só se mantém através de propina. Então, o Estado tomar o lugar militarmente é a parte mais fácil. O desafio começa agora, porque pacificação não se faz só com tanque. É um avanço o Estado retomar o território e não ter mais tráfico lá, mas precisa de investimento em educação, em saúde, em saneamento. Agora tem que ter um investimento maciço.

Já vai começar a campanha para a prefeitura do Rio em 2012?

Não, só vou pensar nisso no ano que vem.

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