Preito aos cúmplices virtuais

 

Walter Felix Cardoso Junior

wfelixcjr@gmail.com

Engenharia de Produção, pela Universidade Federal de Santa Catarina; graduado na Academia Militar das Agulhas Negras, exComandante do 63 BI; Egresso do Centro Hemisférico de Estudos de Defesa, em Washington/USA; diplomado em Gestão de Recursos de Defesa pela Escola Superior de Guerra; exDiretor do Departamento de Defesa

e Segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; e exSecretário de Planejamento Estratégico da

Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Publicou três obras de Inteligência Competitiva,

uma delas na Argentina


Ficou complicado distinguir ficção de realidade, e o espaço que a mentira vem conquistando nas redes sociais já é maior do que o da própria verdade no coração de muitas pessoas. Não é justo, mas é o que há. Hoje, por exemplo, quando se expõe de peito aberto uma crença que possa ser tida como controvertida, correse o risco de sofrer a malhação virtual. Mesmo simples áudios mais descontraídos podem ser mal interpretados, e serão. Dependendo do tema e da plateia, é arriscado empenhar a palavra em discussões livres. Tem os que acreditam no que teclamos e tem os que decididamente não. Esses, dependendo do seu caráter, podem nos cancelar.


Eu prefiro teclar a falar, pois os meus dedos são mais rápidos do que a língua. Eu gosto das interações assíncronas porque podemos ler e reler as mensagens dando um tempo antes de respondêlas. Se replicamos imediatamente, podemos ser traídos por sentimentos inadequados para o momento. A habilidade humana relacionamento se potencializa no computador. Provamos isso todos os dias com um grupo de amigos virtuais, pessoas especiais com quem teclamos sobre atualidades, personalidades, descobertas, absurdos, aspirações, pressentimentos...

Somos vovozinhos com uma permissividade consolidada, duas dúzias de ovelhas sem pastor, algumas morando na Europa, outras nas Américas, e a maioria vivendo aqui mesmo nos grotões brasileiros. Nos esforçamos para que o nosso raciocínio nunca fique à frente dos sentimentos.


Consultamos o Google sem a menor cerimônia e com rapidez. Tudo tem que estar às claras.


Segredos geram desconfianças. As únicas coisas que nós realmente não gostamos de externar são aquelas que podem levar os outros a duvidarem da nossa sanidade mental.


Às vezes, ficamos em dúvida se compensa ou não investigar assuntos curiosos quando o valor das descobertas pode ser menor do que o custo da ignorância. Verdadeiramente, isso pouco nos importa, e escrevemos sem formalidades, evitando preâmbulos, nunca abrindo mão da correção e da coerência. Alguns conseguem até fazêlo com arte, como se estivessem pintando uma obra impressionista. Juntamos saberes, descartamos crenças que não nos servem mais e sempre ouvimos os apelos da própria consciência. Afinal, ninguém precisa concordar invariavelmente com a opinião dos melhores amigos. O esclarecimento é uma conquista íntima, o tesouro de cada um.


Não lutamos contra os fatos e somos sempre o que teclamos, tornando tangível aquilo que transborda dos nossos corações. O senso comum nos permite ressignifica

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