“Rússia é militar e politicamente frágil”, afirma Macron na cúpula da Otan

No segundo e último dia da reunião de cúpula da Otan, em Vilnius, na Lituânia, o presidente francês, Emmanuel Macron, avaliou que a Rússia é militarmente “frágil” e que o país vai se deparar com uma frente ocidental determinada a fornecer apoio “sustentável” à Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse, nesta quarta-feira (12), estar confiante em entrar para a Aliança Atlântica quando a guerra acabar.

(RFI) “A Rússia é militar e politicamente frágil, mais do que alguns diziam, e nosso apoio à Ucrânia é mais duradouro do que alguns pensavam”, declarou Macron em uma entrevista coletiva após a cúpula da Otan. De acordo com o chefe de Estado francês, a Rússia “deu os primeiros sinais de divisão”, referindo-se à tentativa de golpe dos mercenários do grupo Wagner, o que Macron interpretou como “fraqueza do poder russo”.

Ele ainda admitiu que os ucranianos podem ter ficado desapontados por não terem obtido um compromisso mais concreto da Otan em favor da adesão do seu país à Aliança. “É legítimo que o presidente da Ucrânia [Volodymyr Zelensky] seja exigente conosco porque está lutando em campo, seu Exército está engajado e ele está defendendo a integridade de seu território, a soberania de seu povo”, afirmou Macron.

Mas “esse caminho para a Otan está aí”, “o caminho mais direto foi aberto para a Ucrânia”, ele assegurou. “A meu ver, fizemos o que tínhamos de fazer”, acrescentou o presidente francês. “Neste momento de grande incerteza, uma mensagem clara deve ser enviada à Rússia de que ela não dividirá ou esgotará os parceiros e aliados europeus (..) e que a aspiração da Ucrânia de ingressar na Aliança será respeitada”, concluiu.

Nesta quarta-feira, as potências do G7 prometeram fornecer apoio militar de longo prazo à Ucrânia, uma medida saudada pelo presidente Volodymyr Zelensky. Ele enfatizou, no entanto, que isso não deve substituir a futura adesão de seu país à aliança militar.

“Futuro ataque armado”

Quase 18 meses após o início da invasão russa, os membros do G7 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá, Alemanha, Itália e Japão) apresentaram um plano para a segurança da Ucrânia. O objetivo é ajudar o país a lidar com a atual ofensiva russa e dissuadir Moscou de qualquer “futuro ataque armado” contra o país vizinho.

Este anúncio, que irritou o Kremlin, foi descrito por Zelensky como “uma vitória importante para a segurança da Ucrânia”. Porém, em sua opinião, “a melhor garantia para a Ucrânia é estar na Otan”. Na véspera, ele havia repreendido duramente os dirigentes da Aliança por não terem definido um calendário para a integração de seu país a esta organização, após o fim da guerra.

“O futuro da Ucrânia está na Otan”, assegurou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Entretanto, “vamos ajudar [os ucranianos] a construir fortes capacidades defensivas em terra, no mar e no ar”, acrescentou, antes de elogiar a coragem deste país, um exemplo “para todo o mundo”.

“Devemos garantir que, quando a guerra terminar, existam mecanismos credíveis para a segurança da Ucrânia, para que a história não se repita”, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.”Hoje, nos enfrentamos como iguais e estou ansioso pelo dia em que nos encontraremos como aliados”, continuou o norueguês, que acaba de ser reconduzido por um ano à frente desta organização.

Condições para adesão da Ucrânia

No primeiro dia da cúpula, os dirigentes se comprometeram em abreviar o processo que Kiev teria de seguir para aderir à Otan. “Poderemos estender um convite à Ucrânia para aderir à Aliança quando os membros decidirem e as condições forem cumpridas”, prevê a declaração final.

Para Volodymyr Zelensky, essas condições estão “ligadas à segurança”: “entendemos que a Ucrânia não pode se tornar membro enquanto a guerra continuar”. Ele disse estar “confiante” em ingressar “depois da guerra”.

Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, lembrou que essas condições “previstas nas regras da Otan e conhecidas de todos” dizem respeito, em particular, a questões de “democracia e Estado de direito”.

O comunicado final da cúpula de Vilnius não vai muito além do compromisso formulado em 2008 sobre a futura integração da Ucrânia. Os Estados Unidos, que são a primeira potência militar, temem ser arrastados para um possível conflito nuclear com a Rússia.

Zelensky manteve conversações bilaterais com diversos líderes, incluindo Biden, que defende um modelo semelhante ao alcançado com Israel, sob o qual Washington prometeu fornecer ajuda militar substancial ao longo do tempo.

Esta noite, o presidente americano fará um discurso na Universidade de Vilnius, em que delineará o compromisso de Washington em defender cada centímetro quadrado do território da Otan.

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