2025 – Alerta para as Forças Armadas

Indefinições foram a marca para as Forças Armadas Brasileiras no ano que se encerra. Serão resolvidas no Futuro?

Fiel Observador

Durante o ano de 2025, DefesaNet publicou uma série de análises estratégicas que anteciparam muitas das decisões e ações que são vistas mundo a fora, inclusive a nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, a traição à Ucrânia e à Europa, o fim da OTAN e principalmente sobre a falta de visão estratégica e falência dos projetos de modernização das Forças Armadas Brasileiras.

Mais que análises, foram alertas, muitos deles recebidos com silêncio e preocupação pelo Alto Comando das Forças Armadass, ao mesmo tempo que houve alguma indignação pela exposição de fatos e estratégias equivocadas e desvinculadas da realidade geopolítica que o Brasil está inserido.

O ano de 2025 parece que não querer terminar e inaugurou um período de grande instabilidade geopolítica, abrindo as portas para um conflito de proporções globais. E sim, dessa vez não seremos meros atores coadjuvantes, mas personagens importantes de algo maior que se avizinha.

Uma grande guerra bate a nossa porta. Se nossa estratégia principal é dissuadir um conflito armado, estamos cada vez mais longe de mostrar o poder necessário para ter a mínima dissuasão possível. E, quando falamos em modernização das nossas capacidades, nada do que estava previsto para o ano de 2025 aconteceu, o que eleva ainda mais nossa preocupação com a Segurança Nacional do Brasil. Se é que essa expressão e preocupação realmente existe.

A Força Aérea não adquiriu caças Gripen C/D ou F-16, como havia sido planejado. E sabemos que isso não vai acontecer. Não há mais aviões para missões de defesa aérea e em breve também não haverá mais pilotos. A desmotivação por serem pilotos de escrivaninha, ou organizando festas como oficiais de comunicação social, num momento da carreira que deveriam estar entre o voo real de treinamento para o combate ou em terra no simulador. Em breve as principais linhas aéreas vão capturar a maioria dos jovens pilotos, que querem apenas voar, e também querem ter mais perspectivas na carreira e melhor situação salarial.

O ethos guerreiro do militar está desaparecendo e sendo substituído pelo funcionalismo público militar, como o próprio Ministro da Defesa insiste em chamar os militares de funcionários públicos fardados, assemelhando-os a outras categorias e carreiras da burocracia e da máquina pública.

A FAB, sem aviões para cumprir sua missões de natureza militar, ao contrário, continua investindo nas atividades subsidiárias, comprando helicópteros de segunda mão dos EUA, sendo que nenhuma aquisição relacionada ao planejamento baseado em capacidades foi feita. Emblemática foi a foto da cerimônia de recebimento de um C-97M Brasília, aeronave civil de transporte fabricada há 40 anos pela Embraer e que foi modernizada nos EUA, como se nenhuma empresa brasileira tivesse capacidade de realizar o serviço.

A cerimônia de apresentação do C-97M reuniu Oficiais-Generais do Alto-Comando da Aeronáutica e militares na Base Aérea de Brasília, em um evento marcado por honras militares e momentos simbólicos. Foto CECOMSAER

Estamos perdendo pilotos, e aumentando cada vez mais a distância entre ser um Comando da Aeronáutica e uma Forca Aérea Brasileira. Com dez caças Gripen, e uma dúzia de F-5EM/FM voando, considerando o tamanho do nosso território e os desafios que temos em vista para sua proteção, possuímos a mais fraca força aérea do mundo. Não há motivos para comemorar.

O Exército Brasileiro não conseguiu adquirir nenhum dos seus meios de combate previstos para o ano, e necessários para modernização e preparação da Força Terrestre para realizar operações defensivas e ofensivas no moderno teatro de operações. Continuamos insistindo e investindo enormes somas de recursos em projetos como o SISFRON, nossa custosa Linha Maginot Tecnológica, ou na modernização do Cascavel, e até na montagem de obuseiros de 105mm, que ficam dentro do alcance de drones kamikazes de centenas de dólares.

Os projetos tradicionais que se esperavam iniciar em 2025 continuam parados, não por falta de recursos, mas por falta de decisão e processos extremamente engessados e burocráticos. Ninguém quer mais assinar contratos para não colocar seu CPF. Não temos munição de quase nenhum tipo, e por exemplo, não compramos munições de artilharia da BID porque não são homologadas pelo CAEx, enquanto forças armadas do mundo todo adquirem na industria brasileira as mesmas munições recusadas por nós mesmos.

A Marinha do Brasil finalizou o projeto dos submarinos Classe Scorpène, está se encaminhando para a fase final de produção das quatro fragatas Classe Tamandaré, e precisaria de pelo menos mais quatro escoltas, se possível de maior deslocamento e com mais sensores e armamento pesado, com capacidade de projeção de poder ampliada. Até o momento as fragatas Tamandaré não possuem munição para seus canhões de 76mm. E não é por falta de recursos. Como disse uma almirante de esquadra da ativa, enquanto se continuar investindo no desenvolvimento do submarino nuclear, não haverá recurso para o reequipamento dos meios da Esquadra, nem para executar a atividade de Autoridade Marítima com a deficiência de meios enfrentada na atualidade. A Marinha precisa atravessar seu próprio Rubicão e tomar uma decisão que vai definir seu futuro, e sem olhar para trás. Enquanto continuar investindo no submarino nuclear, ela vai colocar sua sobrevivência como força naval em risco, literalmente de afundar. Ela não tem condição de sustentar esse projeto e continuar existindo como uma Marinha de Guerra.

Precisamos de meios navais e aeronavais capazes de proteger nossos interesses na Margem Equatorial, defender o Arquipélago de Fernando de Noronha, e proteger nossas riquezas dentro da Zona Econômica Exclusiva.

Esperávamos começar em 2025 os projetos de aquisição de uma série de novas capacidades militares, mas nada se efetivou. E parece não haver preocupação com isso. Afinal, “vivemos em berço esplêndido, somos grandes por natureza, amigos de todo mundo e não há nada que nos preocupe no nosso radar”. São esses pensamentos, desvinculados da realidade que poderão nos arrastar a uma guerra da qual nós nos recusamos a nos preparar, justamente porque estamos perdendo nossa vocação militar e nos alinhando a burocracia da máquina pública, ou seja, deixando de ser guerreiros vocacionados para nos tornarmos funcionários do Estado.

Temos excesso de solenidades, de memórias de gloriosas batalhas lutadas no passado distante, da época da espada e do mosquete, da carga da cavalaria ou de como rendemos uma divisão inimiga inteira nas montanhas nevadas italianas, de quando inventamos o avião ou de quando sustentamos o fogo porque a vitória era nossa. Os feitos do passado são apenas história e motivos de orgulho.

Seu conhecimento deve existir para trazer lições aprendidas e inspirar o futuro. Mas não podemos viver das glórias do passado. Precisamos enfrentar a realidade e os desafios do presente para melhor nos preparar para o futuro breve, quando seremos obrigados e fazer uso da Força Militar para defender nossa liberdade e os interesses nacionais e a economia do Brasil. Hoje, será o governo corrupto e criminoso da Venezuela, amanhã será o Brasil, talvez pelas mesmas motivações. Não há ideologia envolvida, a guerra virá para resguardar o controle do comércio de terras raras e de todas as riquezas produzidas no Brasil. Não somos importantes pela nossa cultura e soft power, mas pela nossa posição geográfica, e porque as nações do primeiros mundo quererem aquilo que está no nosso subsolo e leito marítimo.

Ou construímos nossas defesas, ou o Brasil está fadado a ser dividido em vários países, fáceis de dominar e escravizar, ou seremos destruídos por uma grande potência. Não é alarmismo, é o mais puro Realismo.

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