Exercício inédito testa capacidade de reação a incidentes por óleo no mar

Jogo interagências reforça importância de ações sinérgicas para melhor preparação do País

A Marinha do Brasil (MB) realizou, pela primeira vez, um exercício interagências para simular um incidente de derramamento de óleo no mar de impacto nacional. O Jogo Incidente de Derramamento de Óleo em Águas Jurisdicionais Brasileiras – JIDO 2023 teve os objetivos de testar a estrutura de resposta do País em situações de poluição por óleo e de exercitar as capacidades de coordenação e de atuação das diversas entidades envolvidas em nível nacional, a fim de garantir uma ação efetiva para minimizar danos ambientais e proteger a saúde pública. As atividades acontecem na Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, de 07 a 09 de agosto.

A dinâmica, em formato de jogo, reproduziu um acidente na altura da Bacia de Campos (RJ), provocado por um navio petroleiro em trânsito pela área, exigindo a ativação do Plano Nacional de Contingência (PNC) para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional (conforme previsto no Decreto 10.950/2022). Pela tipologia do incidente, em mar aberto, na costa brasileira, a MB atuou como Coordenador Operacional, empregando toda a capacidade de resposta em situações reais.

O jogo conta com a participação de diversas instituições civis: Agência Nacional de Petróleo (ANP), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), The International Tanker Owners Pollution Federation Limited (ITOPF Limited), especialistas do setor de Óleo & Gás, e atores dos setores marítimo e portuário brasileiros. Todos os representantes  foram instruídos com orientações gerais sobre o caso simulado e divididos em grupos menores, para atuarem nas áreas de suas especialidades, porém de forma integrada, por meio de reuniões regulares com o alto poder decisório.

Hoje (08), enquanto deliberações eram tomadas no centro de controle do jogo, membros da Marinha, Ibama e ITOPF se reuniram, na Praia Vermelha, na Urca (RJ), para a oficina “Técnica de Limpeza e Avaliação da Costa”. A atividade proporcionou aos participantes a oportunidade de aprimorar habilidades e técnicas de limpeza de áreas afetadas por derramamentos de óleo.

Jogo Incidente de Derramamento de Óleo em Águas Jurisdicionais Brasileiras – JIDO 2023

O JIDO 2023 é uma iniciativa da Marinha, atual Órgão Coordenador do Grupo de Avaliação e Acompanhamento do PNC. Além da Diretoria de Portos e Costas, diversas Organizações Militares da Marinha por todo o País também estão envolvidas em atividades estratégicas ou operacionais para a gestão da crise. O jogo acontece em formato tabletop – exercício que ajuda a determinar a capacidade de organização de tomada de decisões importantes.

“Há uma verdadeira comunhão de esforços aqui com um só propósito: estarmos preparados para uma atuação, sinergicamente coordenada, entre os órgãos públicos e privados na capacidade e eficiência de resposta a incidentes de poluição por óleo. O que se espera, neste exercício, é uma integração entre as diversas entidades envolvidas e, ao final, que consigamos contribuir decisivamente para uma melhor preparação do País ao lidar com uma possível situação real em águas brasileiras”, disse o Diretor de Portos e Costas, Vice-Almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho, na abertura oficial do JIDO 2023.

O superintendente substituto do Ibama no Rio de Janeiro, Adilson Gil, destacou a necessidade dos treinamentos, em virtude do crescimento de atividades relacionadas ao mar. “A exploração de petróleo e o transporte de carga só crescem no País. Há uma tendência de quanto maior a quantidade de cargas, infelizmente, maior a possibilidade de um sinistro. É fundamental estarmos preparados para esse tipo de situação não desejada, mas possível”.

Já o superintendente de segurança operacional da ANP, Luiz Henrique de Oliveira Bispo, ressaltou a dimensão das atividades. “Esse porte que a Marinha está oferecendo aqui é extremamente relevante para simular os diversos cenários possíveis de acontecerem. Vários setores da ANP estão no exercício e vamos testar práticas internas para melhorias”.

Caso emblemático

Em 2019, manchas de óleo apareceram a 700 quilômetros da costa brasileira (em águas internacionais) e atingiram mais de 250 praias do Nordeste. Foram mais de 2 mil km de litoral com registro de contaminação por óleo. Mais de 4,5 mil toneladas do material foram retiradas das praias nordestinas. Este acidente foi considerado o maior da história no litoral brasileiro em termos de extensão.

Na ocasião, a MB intensificou as inspeções ao longo da costa, com apoio de embarcações, navios e aeronaves, a fim de patrulhar a região em busca das causas do vazamento. O esforço envolveu quase 1.600 militares. Também foram colhidas amostras de resíduos para ajudar na investigação do caso.

A Marinha, ainda, fez uso do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) para analisar a movimentação de navios mercantes, que haviam navegado no mês do desastre em águas jurisdicionais brasileiras. O SisGAAz contribuiu para identificar os possíveis suspeitos.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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