GLO encerrada: Marinha coibiu crimes e fortaleceu atuação interagências

Para além dos flagrantes, atuação da Marinha asfixiou operações de organizações criminosas

Por Segundo-Tenente (RM2-T) Stilben

A Marinha do Brasil (MB) encerrou, nesta terça-feira (4), sua participação nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos do Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), além das Baías de Guanabara e Sepetiba (RJ), do canal de acesso ao Porto de Santos e Lago de Itaipu (PR). A ação, instituída pelo decreto 11.775/23 e prorrogada até esta terça-feira (4), teve início em novembro de 2023 e não só contribuiu para apreensões de material ilegal, mas também evitou que organizações criminosas prosseguissem com a prática de ilícitos em alguns dos seus principais entrepostos, em razão do poder dissuasório da presença dos militares da MB.

Desde o início da GLO, cerca de 1.000 militares da Força Naval foram empregados por dia no fortalecimento das ações de combate ao tráfico de drogas e de armas, em parceria com Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira, além de agências como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal.

“No campo operativo, ações como essas sempre geram resultados positivos, que se iniciam com o ganho de experiência e aprofundam-se no desenvolvimento de modus operandi que aumentam a efetividade da Força, ao mesmo tempo em que economizam recursos expressivos. Um exemplo disso é o know-how adquirido nas ações interagências. Certamente, para o futuro, estamos preparados para amplificar esforços, atuando de forma conjunta com os demais setores da segurança pública federal e estadual em todos os estados. Falamos a mesma língua, tomamos ações coordenadas e, claro, dividimos os méritos das apreensões e repressões que tanto beneficiam a sociedade brasileira”, afirma o Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Roberto Rossatto.

Ainda segundo o Almirante Rossatto, o trabalho da Marinha durante a GLO se baseou em ações prévias de inteligência, planejamento e monitoramento, não se limitando às buscas, apreensões e prisões. “A MB coibiu sobremaneira o crime organizado nas suas intenções criminosas, e isso é dificilmente quantificado, porque não se pode mensurar um ilícito que não foi cometido. E, justamente nestas ações de inteligência, pudemos ter a certeza que a presença ostensiva da Marinha, da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, das Polícias Civil e Militar dos estados, e da Receita Federal, fez com que conhecidas organizações criminosas deixassem de praticar ações como tráfico internacional de drogas e o descaminho”, avalia.

Custo x Benefício

Dados do Comando de Operações Marítimas e Proteção da Amazônia Azul (COMPAAz) apontam que toda a atuação nas ações da GLO custou R$ 58,4 milhões à MB. De acordo com o Comandante do Centro de Operações Marítimas do COMPAAz, Capitão de Mar e Guerra Carlos Alexandre Alves Borges Dias, os valores demonstram um alto benefício em relação aos custos, já que, somente as apreensões de drogas, cigarros contrabandeados, armas, munições e outros ativos somaram um prejuízo de mais de R$ 112 milhões ao crime organizado.

“Isso mostra que cada recurso empregado na nossa Força em prol da sociedade gera um benefício incalculável, ao mesmo tempo em que soma prejuízos imensos às organizações que realizam diversas modalidades criminosas, tais como a colocação de entorpecentes em cascos de navios ou o transporte de drogas por embarcações de menor porte”, avalia o Capitão de Mar e Guerra Alexandre Borges.

Desde o dia 6 de novembro de 2023, a Marinha do Brasil participou de ações individuais ou interagências que resultaram na apreensão de mais de 1,78 tonelada de drogas (2,7 kg de maconha; 1.525 kg de cocaína e 258 kg de pasta base de cocaína) e 16.250 maços de cigarro contrabandeados. Além disso, a Força participou de abordagens a 12.132 embarcações (sendo 332 navios) e 36.939 veículos, bem como vistoriou 5.148 contêineres e 24.496 pessoas – entre passageiros e funcionários – além de revistar 134.009 bagagens. Foram também expedidos, pelos militares, 17 autos de prisão em flagrante de suspeitos de cometimento de crimes.

De acordo com o Vice-Almirante Rossatto, foram numerosas as ações interagências – 1.538 no total – que reafirmaram o desenvolvimento de uma expertise em contribuir e receber contribuições para o futuro. Segundo ele, após o fim da GLO, a MB não deixará de atuar na promoção da segurança da navegação aquaviária; conduzir e formular políticas que digam respeito ao mar; implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e cooperar com os órgãos federais e estaduais na repressão aos delitos nas Águas Jurisdicionais Brasileiras.

“A MB tem o compromisso de, nas 24 horas do dia e nos sete dias da semana, incrementar a consciência situacional marítima e, consequentemente, a segurança marítima, nas vertentes de monitoramento, controle e proteção, por meio do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz). Assim, a MB continua, de forma veemente, a enveredar todos os seus esforços para a proteção da nossa Amazônia Azul”, finalizou o Vice-Almirante Rossatto.

Principais meios utilizados

Na “GLO do Mar”, os militares da MB estiveram organizados em grupos-tarefa (GT) compostos por diversas unidades. O “GT Portos”, por exemplo, contou com pessoal da Força de Fuzileiros da Esquadra; Comando da Divisão Anfíbia; Companhia de Polícia do Batalhão Naval; Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica; Hospital Naval Marcílio Dias; entre outros. Sem contar a utilização de Cães de Guerra, essenciais para as revistas a pessoas, embarcações, veículos e bagagens.

Entre os meios empregados no estado do Rio de Janeiro, destacaram-se o Navios-Patrulha Oceânicos “Amazonas” e “Apa”, os Navios-Patrulha “Macaé”, “Gurupá”, “Gurupi”; e os Avisos de Patrulha “Marlim”, “Albacora” e “Anequim”; bem como as Lanchas Blindadas “Cação” e “Mako”, além de 3 Lanchas de Apoio ao Ensino e Patrulha (LAEP) e 11 Embarcações de Casco Semirrígido (ECSR). Os portos fluminenses também contaram com o reforço de Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) e Viaturas Blindadas Sobre Rodas do Corpo de Fuzileiros Navais. Os meios aéreos empregados foram as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP, também conhecidas como drones), do modelo RQ-1 “Scan Eagle” e um Helicóptero Esquilo UH-12.

Em Santos (SP), atuaram os Navios-Patrulha “Maracanã”, “Guajará”, “Guaporé” e o Navio-Patrulha Oceânico “Apa”, além dos Avisos de Patrulha “Barracuda” e “Espadarte”, a Lancha-Patrulha Blindada “Mangangá”, 3 LAEP e 5 ECSR. 

Na área do Lago de Itaipu, a MB utilizou as Lanchas de Operação Ribeirinha “Cuiabá” e “São Félix do Araguaia”, a Lancha Blindada “Poraquê”, 4 LAEP, 4 ECSR, 6 Embarcações de Casco Rígido e um Helicóptero Esquilo UH-12.

O “pente fino” dos militares da MB incluiu, ainda, embarcações atracadas (nos portos) ou fundeadas (no mar). Foram inspecionados cascos, contêineres e cargas de dezenas de navios. Nesse ínterim, a atuação de mergulhadores da MB foi fundamental para evitar uma atual e crescente modalidade de tráfico de drogas e armas: o acoplamento desses ilícitos nos cascos dos navios que rumam para águas internacionais. A média de atuação destes militares foi de mais de uma ação de mergulho por dia.

Plano de modernização

Ao longo da Operação, a Marinha do Brasil elaborou um plano de modernização tecnológica, a fim de ampliar a eficiência da sua atuação em áreas portuárias e no combate a crimes transfronteiriços no mar e em águas interiores.

Encaminhado ao Ministério da Defesa em cumprimento ao Artigo 5º do Decreto que instituiu a GLO, o plano prevê o investimento de cerca de R$ 320 milhões em monitoramento, com câmeras de realidade aumentada; veículos não tripulados nos modais aéreo, de superfície e subaquático; aquisição de dados de inteligência, incluindo o uso de imagens de satélite; equipamentos e sistemas de comunicações, comando e controle; material de uso individual, como dispositivos de visão noturna, rastreadores e câmeras corporais; além da obtenção de viaturas operativas e de novas embarcações.

A concretização desses investimentos representaria um legado positivo para a sociedade, na medida em que amplia a capacidade da Força Naval de apoiar o Estado brasileiro no combate ao crime organizado e em outras ações, como a segurança de grandes eventos.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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