Ciência e Tecnologia: o maior poder de uma nação

Esse foi um dos pontos defendidos pelo físico americano Oppenheimer, durante visita histórica ao Instituto de Pesquisas da Marinha, no Rio de Janeiro, em 1961

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Luciana Almeida – Brasília, DF

No mês em que estreou no Brasil o filme “Oppenheimer”, a Marinha do Brasil (MB) compartilha os registros históricos da visita do cientista norte-americano J. Robert Oppenheimer ao Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), em 20 de setembro de 1961. Ele foi um importante físico que atuou no desenvolvimento de uma das primeiras armas nucleares do mundo, na década de 40.

Durante a visita, o professor Oppenheimer conheceu o prédio do Instituto, em obras na época, para a instalação de laboratórios e construção do segundo bloco, oportunidade em que destacou que a ciência e a tecnologia são “do ponto de vista militar, a maior arma de uma nação, o seu maior poder. Daí cabe à Marinha empregar parte de seus recursos nesse setor. Do ponto de vista civil, os subprodutos das atividades científicas e tecnológicas da Marinha – pessoal especializado, tecnologias, conhecimentos científicos, processos, materiais, educação, etc – são outros tantos fatores fecundos do progresso nacional pelos benefícios que trazem à indústria, ao comércio, às universidades, à comunidade em geral”.

Ele também afirmou que o Brasil do futuro iria se basear no preparo técnico e científico de seu pessoal e na “qualidade tecnológica da indústria nacional, na estabilidade da economia interna, no adiantamento de seus laboratórios, institutos e universidades, na seriedade de sua pesquisa pura e aplicada”. Além disso, elogiou o investimento da Marinha no IPqM. “Parece-me que o passo que os senhores deram aqui, para imergir no coração da situação tecnológica, foi muito acertado. Os porá em contato com as indústrias deste País, com as indústrias estrangeiras; os porá em contato com os cientistas e as universidades; e os porá em contato com os problemas militares e com seus problemas civis complementares”, ressaltou.

IPqM

Proeminente físico Oppenheimer responde perguntas de Oficiais da MB após palestra no IPqM – Foto: Agência Marinha de Notícias


Em 26 de abril de 1984, foi criado o Instituto Nacional de Estudos do Mar (INEM), atual Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), que assumiu a responsabilidade de conduzir os trabalhos relativos à biologia marinha (Projeto Cabo Frio), até então desenvolvidos no IPqM. A partir dessa época, o IPqM passou a priorizar esforços em projetos atinentes a material de emprego militar, com possibilidade de emprego dual.

Atualmente, subordinado à Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM) e ao Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro (CTMRJ), o IPqM trabalha, em parceria com universidades, empresas e centros de pesquisas civis e militares, nas atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico nas áreas de: Armamento, Guerra Eletrônica, Acústica Submarina, Controle e Monitoração, Materiais e Navegação Inercial.

Tendo como lema “Nossa meta é desenvolver tecnologias necessárias à Marinha”, o IPqM continua desenvolvendo material de defesa e contribuindo, também, para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do Brasil.

Certamente, as palavras de Oppenheimer serviram de incentivo à Alta Administração Naval quanto aos investimentos em Ciência e Tecnologia, que hoje se mostram profícuos. Atualmente, a Marinha do Brasil encabeça vários projetos que envolvem o desenvolvimento e uso intensivo de conhecimento científico, sobretudo em seus Programas Estratégicos, como o Programa Nuclear da Marinha, que inclui tecnologias sensíveis para a fabricação do primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear.

Programa Nuclear da Marinha

LABGENE abriga, em terra, protótipo da planta nucelar que equipará o primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear – Foto: Agência Marinha de Notícias


O Programa Nuclear da Marinha (PNM), que vem sendo executado desde 1979, tem o propósito de dominar o ciclo do combustível nuclear e desenvolver e construir uma planta nuclear de geração de energia elétrica. Atualmente, possui dois projetos, que são o Ciclo do Combustível Nuclear e o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica.

O Ciclo do Combustível Nuclear tem o objetivo de dominar a tecnologia de produção de combustível nuclear; e o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE) visa ao desenvolvimento de capacitação tecnológica no projeto, construção, comissionamento, operação e manutenção de reatores nucleares do tipo PWR (Pressurized Water Reactor). Nele é desenvolvido o Protótipo de reator para o primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear.

Programa de Submarinos da MB

Submarino “Riachuelo” sendo incorporado à Esquadra brasileira, no Complexo Naval de Itaguaí, em 2022. Ele foi a primeira embarcação concebida no âmbito do PROSUB – Foto: SG Cássio


O Programa de Submarinos (PROSUB), da Marinha, também representa um significativo avanço tecnológico para o País, pautado em capital intelectual, engenharia sensível e tecnologia de ponta. Além de incentivar a política de defesa, impulsiona a capacitação de pessoal e a soberania nacional. Foi criado em 2008, por meio da parceria estabelecida entre o Brasil e a França, com o objetivo de produzir quatro submarinos convencionais e de fabricar o primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear.

Além dos submarinos, o PROSUB contempla a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos, que engloba os Estaleiros, a Base Naval e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), em Itaguaí (RJ).

Para o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, o PROSUB tornou-se um dos maiores programas de capacitação industrial e tecnológica já observada pelo setor da indústria de defesa brasileira. “A nacionalização prevista para os submarinos engloba centenas de projetos objetivando a transferência de tecnologia e know-how para capacitação de empresas nacionais. O desenvolvimento autóctone dessa tecnologia ascende o Brasil à posição de destaque nos mais importantes fóruns internacionais de Defesa”, explicou o Almirante Olsen.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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