MOUT – Desde 1987, mais de 4.800 ônibus urbanos foram destruídos no País

Daniela SARAGIOTTO
Estado São Paulo
01 Novembro 2023

No último dia 23, a capital carioca foi palco do maior ataque ao transporte público que o Brasil tem registro, com impacto na rotina de milhões de pessoas com a dificuldade de mobilidade urbana.

Como suposta retaliação à morte do sobrinho de um miliciano conhecido como Zinho, criminosos incendiaram 35 ônibus, além de carros particulares e até mesmo um trem da SuperVia, comprometendo ainda mais os deslocamentos da população da cidade.

O ataque foi considerado o maior que se tem registro no País devido à quantidade de veículos destruídos. Infelizmente, ações como essa têm sido cada vez mais comuns, trazendo enormes impactos negativos em diversas esferas.

De acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos

Apenas no ataque recente que ocorreu no Rio de Janeiro, considerado terrorista pelas autoridades do Estado, de acordo com a Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro (Semob), o prejuízo soma R$ 38 milhões.

(NTU), desde 1987, 4.810 ônibus urbanos foram incendiados em todo o País, com um prejuízo financeiro aproximado de R$ 2 bilhões para a reposição dos veículos. O impacto vai além de perdas financeiras e da falta de mobilidade urbana: desse total, houve, ainda, o registro de 22 vítimas fatais e 80 feridos graves nesses incidentes.

Do total de 35 ônibus incendiados, 25 operavam no sistema de transporte público; os demais eram veículos de turismo e de fretamento. Um motorista, que teve queimaduras de terceiro grau no corpo, segue internado e sem previsão de alta.

TODOS PAGAM A CONTA. Do ponto de vista social, atos de vandalismo geram prejuízos incontáveis à rotina das cidades e à mobilidade urbana, de forma geral, impedindo que as pessoas exerçam seu direito de ir e vir. “Com isso, o transporte clandestino avança, mais pessoas usam motos e carros, e as vias ficam ainda mais sobrecarregadas.

Podemos dizer que a cidade se transforma em um caos, e isso impacta todos, até mesmo quem não utiliza o transporte público”, diz Francisco Christovam, diretor executivo da NTU.

Outro aspecto importante é que as operadoras de transporte não possuem seguro contratado para esse tipo de sinistro. “Com isso, a conta recai sobre  o contrato como poder concedente – geralmente prefeituras, que acabam onerando depois a tarifa paga pelo passageiro”, explica Christovam. Ou seja: aumento nas tarifas, já consideradas elevadas pela sociedade.


Saldo da depredação

35 ônibus incendiados, em outubro, no Rio de Janeiro

25 deles operavam no transporte público

R$ 38 milhões é o prejuízo total das operadoras de transporte público

4.810 veículos foram incendiados, em todo o País, desde 1987

R$ 2 bilhões é o custo total para reposição desses ônibus urbanos

6meses é o tempo médio para a entrega de um veículo novo

 Fontes: SEMOB e NTU


Além do impacto pontual na mobilidade, o executivo explica que ele se estende por meses após os incidentes. “Em média, para que cada veículo seja substituído, espera-se em torno de seis meses, pois as fábricas trabalham sob encomenda”, diz.

Resultado: com menos ônibus operando nas linhas, aqueles que estão circulando demoram a chegar aos pontos e se tornam cada vez mais lotados, trazendo mais prejuízos aos usuários.

PATRIMÔNIO PÚBLICO. Historicamente, o setor vem demandando do poder público o endurecimento e a aplicação da legislação pelos órgãos de segurança para coibir e punir esse tipo de crime.

“Ataques aos sistemas de Desde 1987, mais de 4.800 ônibus urbanos foram destruídos no País Custo de reposição é de R$ 2 bilhões; operadoras de transporte não possuem seguro para cobrir prejuízo transporte são inaceitáveis, e o poder público, incluindo o Legislativo e o Judiciário, precisam atuar com mais rigidez contra esses criminosos”, completa.

O diretor executivo da NTU lembra, ainda, que há uma questão cultural que precisa ser trabalhada na esfera da educação: como patrimônio público, os ônibus acabam virando alvo de ataques devido à insatisfação popular ou foco de represálias de criminosos contra a ação da polícia.

“Isso necessita mudar; o foco deve ser o cidadão, em especial o passageiro, e as comunidades também precisam se mobilizar para defender o que é de direito: o transporte público. Empresas operadoras e até montadoras de ônibus têm feito campanhas educativas, nos últimos anos, sobre esse tema, que precisam ser reforçadas nas escolas”, finaliza.


Nota DefesaNet

A este número de 4.800 ônibus incendiados devemos acrescentar o de depredados parcial ou totalmente. assim teríamos um número alarmante de destruição de patrimônio público.

O editor

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter