EUA rejeita teste com sistema de mísseis turco e adverte para ‘sérias consequências’

O Pentágono rejeitou energicamente nesta sexta-feira (23) o teste com um sistema de defesa de mísseis S-400, de fabricação russa, por parte da Turquia, aliada da OTAN, e advertiu para "sérias consequências".

"O Departamento de Defesa dos Estados Unidos condena nos termos mais enérgicos possíveis o teste de 16 de outubro do sistema de defesa aérea S-400 da Turquia, um teste confirmado hoje pelo presidente" turco Recep Tayip Erdogan, declarou em um comunicado o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.

"Nos opomos aos testes deste sistema por parte da Turquia, o que poderia ter sérias consequências para nossa relação de segurança", destacou.

"Temos sido claros e inquebrantáveis na nossa posição: um sistema S-400 operacional não é coerente com os compromissos da Turquia como aliado dos Estados Unidos e da OTAN", reforçou Hoffman.

De acordo com a imprensa turca, Ancara realizou o primeiro teste dos S-400 em 16 de outubro. O teste foi confirmado oficialmente nesta sexta-feira, pela primeira vez, por Erdogan.

"Esses testes, é verdade, já foram realizados e continuarão sendo feitos", disse o presidente turco a repórteres em Istambul.

A aquisição em 2017 dos mísseis S-400 pela Turquia, num contexto de reaproximação entre Ancara e Moscou, causou atritos com vários países ocidentais, evidenciando a incompatibilidade destes sistemas russos com os da OTAN.

Em resposta à entrega da primeira bateria de mísseis no verão passado, os Estados Unidos suspenderam a participação da Turquia no programa de fabricação do jato de combate F-35 de próxima geração, acreditando que os S-400 poderiam desvendar seus segredos tecnológicos.

A Turquia espera comprar 100 caças F-35 e já recebeu uma primeira entrega de dois desses aviões, repletos de tecnologia sensível.

Possíveis sanções

As duas aeronaves, que ainda estavam em solo norte-americano quando o primeiro S-400 russo chegou à Turquia, foram recompradas pelos militares norte-americanos para uso próprio.

O Congresso aprovou uma lei proibindo a venda de F-35 para a Turquia. Ancara, que produziu várias peças para esta aeronave, perdeu todos os contratos de fabricação.

Embora os aliados da OTAN acusem Ancara de alimentar conflitos na Líbia e em Nagorno Karabakh, além de provocar tensões com a Grécia e Chipre no Mediterrâneo oriental, o governo do presidente Donald Trump tentou evitar um rompimento com a Turquia.

Washington esperava que Ancara se abstivesse de ativar suas quatro baterias antimísseis S-400 ou mesmo que as vendesse a um terceiro país. Os testes realizados em 16 de outubro, porém, mudaram o cenário.

"A Turquia já tinha sido suspensa do programa F-35 e o S-400 continua sendo uma barreira significativa para o progresso em outras partes da relação bilateral", disse o porta-voz do Pentágono, sem mencionar possíveis sanções.

Uma lei aprovada em 2017 pelo Congresso americano, quase por unanimidade, prevê a possibilidade de medidas punitivas para "enfrentar os adversários dos Estados Unidos".

O texto menciona a adoção de sanções automáticas quando um país conclui uma "transação significativa" com o setor armamentista russo.

Ancara argumenta suas necessidades de segurança para a compra do sistema russo.

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