Ucrânia envia reforço para a região do Donbass onde as tropas descrevem um verdadeiro “inferno”

Faltando poucos dias para a data que marcará dois anos da invasão russa à Ucrânia, as tropas foram “reposicionadas com urgência” para reforçar o Exército ucraniano perto do Donbass, atualmente o epicentro dos combates e dos bombardeios, que transformaram a cidade de Avdiivka, no leste do país, num verdadeiro “inferno”.

(RFI) Na Rússia, um atentado à bomba atribuído a Kiev a um centro comercial de Belgorod deixou pelo menos seis mortos e 20 feridos, uma aparente resposta após novos ataques de mísseis russos disparados contra a Ucrânia, durante a noite. 

Depois do fracasso da contraofensiva de 2023, a Ucrânia enfrenta agora múltiplos desafios: as forças russas estão na ofensiva, a ajuda militar americana é incerta e o Exército ucraniano carece de homens, armas e munição. 

“No momento, estamos perdendo batalhas. Os ataques estão aumentando, mas todos resistem. Aqueles que lutam há dois anos já estão mentalmente exaustos”, disse à AFP um soldado ucraniano do batalhão de Azov. 

A situação se deteriora particularmente em Avdiïvka, uma cidade do Donbass devastada pelos combates, onde a posição dos ucranianos é cada vez mais precária frente às forças russas que lançaram uma ofensiva em outubro para cercar a localidade. 

“A terceira brigada confirma ter sido reposicionada com urgência” como reforço nesta área, indicou esta unidade no Telegram, nesta quinta-feira (15), numa mensagem que tem como título “o inferno de Avdiïvka”. “Somos forçados a lutar em 360 graus contra novas brigadas”, disse o comandante da unidade, Andrii Biletsky. 

Conforme o canal Telegram DeepState, próximo do Exército ucraniano e seguido por mais de 600 mil pessoas, as forças russas avançaram na quarta-feira (14), com a situação “continuando a se deteriorar devido aos tiroteios incessantes”. 

Ukrainian servicemen stand at their positions near a front line, amid Russia’s attack on Ukraine, in Donetsk region, Ukraine February 1, 2023. REUTERS/Oleksandr Ratushniak

Outras frentes 

A Rússia também realizou um novo ataque durante a noite com 26 mísseis, 13 dos quais foram abatidos, e que deixou pelo menos um morto e nove feridos – três em Lviv, no oeste, e seis em Zaporijia, no sul do país -, segundo as autoridades. 

Em Kherson (sul), uma mulher de 67 anos foi morta esta tarde por um ataque russo, segundo as autoridades locais. 

Do lado russo, um ataque mortal atribuído às forças ucranianas teve como alvo Belgorod, capital da região homônima que faz fronteira com a Ucrânia. Seis pessoas morreram, incluindo uma criança, e 20 ficaram feridas, entre elas 4 crianças, informou o Ministério da Saúde russo no Telegram. Casas e um pequeno centro comercial foram danificados nesta cidade, que já tinha sido atingida no final de dezembro pelo mais mortífero ataque ucraniano em solo russo, com 25 mortos e mais de 100 feridos.

Ajuda para reconstrução   

Após dois anos de guerra, o custo econômico do conflito só aumenta. A Ucrânia calcula que necessitará U$ 486 bilhões para a recuperação e reconstrução do país, de acordo com uma nova estimativa conjunta do governo ucraniano e do Banco Mundial, divulgada nesta quinta-feira. 

Para obter mais ajuda, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, viajará para a Alemanha e para a França na sexta-feira (16) para se reunir, respectivamente, com o chanceler Olaf Scholz e o presidente Emmanuel Macron. 

Em Paris, Zelensky assinará um acordo de segurança entre a França e a Ucrânia. Ele retornará depois à Alemanha para fazer um discurso na Conferência de Segurança de Munique e se reunir com a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris. 

Nos Estados Unidos, principal doador para a Ucrânia, os republicanos liderados por Donald Trump, ex-presidente e pré-candidato nas próximas eleições, interferem no Parlamento contra o envio de mais ajuda à Kiev.  

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, sublinhou quinta-feira o “impacto” que este bloqueio teve no campo de batalha. 

 

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