Três perguntas para Håkan Buskhe, presidente da Saab

Para a Saab, qual é a importância de ter o Brasil como parceiro comercial?

O Brasil tem sido um mercado importante para a Suécia há cerca de 100 anos. Cerca de um dos maiores centros industriais suecos é em São Paulo. Temos uma tradição de trabalhar em parceria com brasileiros. A Suécia tem uma população de 9,6 milhões de pessoas e, para que nossas indústrias se desenvolvam ainda mais com mão de obra qualificada, precisamos recorrer à colaboração com outros países.

Não conseguimos manter nossas companhias internacionais apenas na Suécia, precisamos crescer. E as relações com o Brasil, que é um país já inserido no mercado global, beneficiam esse desenvolvimento para nós e para a indústria brasileira.

Como é possível usar a tecnologia militar no desenvolvimento de tecnologia civil, inclusive na área de aviação comercial?

Nós não fazemos apenas aeronaves militares, mas também sistemas relacionados, como aeroportos e administração de tráfego aéreo. Isso é uma base tecnológica que pode ser usada na aviação comercial, por exemplo. Nossos aviões são feitos de materiais leves, que consequentemente reduzem o consumo de combustível.

Isso é outro fator que, futuramente, a Embraer pode utilizar em suas aeronaves civis. Há outras características, no entanto, que realmente levantam esse questionamento da possibilidade de usar a tecnologia militar no setor civil. Um exemplo de que isso pode ser aplicado no dia a dia das pessoas é o airbag (dispositivo de proteção) presente nos carros. Ele começou a ser usado nos aviões após notarmos que quando o piloto precisava ejetar seu assento, caso a aeronave apresentasse problemas, ele acabava se ferindo com os cacos do vidro da parte da frente da cabine.

Qual é o interesse da Saab em desenvolver parcerias com as universidades brasileiras, ajudando no programa Ciência sem Fronteiras?

No Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), queremos juntar empresas e universidades para trabalharem juntas no desenvolvimento de tecnologia. Garantimos o financiamento de bolsas de estudo. Queremos encorajar o trabalho coletivo, para que as nações se integrem.

Na Suécia, temos cerca de 10 mil mestres e pós-doutorados na área científica. Por isso, acreditamos que promover a troca de conhecimento, ao oferecer 100 bolsas de estudos para universitários brasileiros com bons projetos no setor de indústria, de tecnologia e de energia, será positivo para os dois países. A ideia é que esses estudos sejam viabilizados pelas companhias, agregando o conhecimento dos estudantes com a estrutura das empresas.

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